Fantasia americana – Histórias com Motor
Excentricidade? Talvez, sim; talvez, não… É pura diversão!
Slingshot é uma obra de engenharia maestra. É para todas as idades porque é pura diversão, porque podemos desfrutar de sensações distintas e conviver com o que nos rodeia, sobretudo se o utilizamos em estrada, em particular se percorrermos um ziguezagueado de montanha, onde pode conformar uma condução suave como radical pela surpreendente ligeireza com que se pode curvar. Não é um motociclo; não é um automóvel; talvez uma mescla; mas é distintivo de um estilo de vida, porventura configurada aos maiores de idade, embora a sua condição de veículo original meio extremista. Prende-nos a atenção e deixa-nos vontade de experimentá-lo. Os menos atentos à causa da automação nem sequer imaginam as características que se escondem no Polaris Slingshot.
Entre norte-americanos diz-se que a Harley-Davidson não vende motociclos, mas sim um estilo de vida. Um prescrito que também há muito ultrapassou as fronteiras estadunidenses.
Mas na América há outras marcas de veículos que construíram mitos: a Idian Motorcycle, o fabricante mais antigo de motociclos dos EE.UU. que foi fundado em 1901 (adquirido pela Polaris em abril de 2011) e é o maior concorrente da Harley-Davidson); a Ford com o seu Mustang; a Dodge com o Challenger; a Chevrolet, com o Corvette são alguns históricos que se continuam a fabricar com maior ou menor exclusividade. Mas nesta recreação de estilo de vida entra também a marca Polaris, criada em 1954, por Scott Viño, Bennett Morgan, que se notabiliza pelos quadriciclos, snowmobiles (uma moto-neve) e o Slingshot, uma espécie de triciclo invertido com dois lugares dispostos lateralmente e que se conduz como um automóvel.
É precisamente este último modelo que nos remete para um estilo de vida: talvez uma excentricidade que só pode concorrer com os pequenos spider ou roadster, quase inexistentes entre as marcas de automóveis globais. É perfeitamente capaz de nos oferecer as sensações do célebre ‘Miata’, isso mesmo, o MX-5, uma das joias da Mazda: usufruir do ar livre, de sensações singulares e de adrenalina com velocidades altas, na casa dos 200 Km/h.
Os Slingshot têm todos o mesmo motor – o Prostar de 4 cilindros com 2,0 litros de cilindrada – e são capazes de atingir os 100 Km/h entre os 4,9 e os 5,2 segundos e isto porque a Polaris decidiu estabelecer potências de 180 e de 206 cavalos, nas versões a partir de janeiro de 2022, já que anteriormente dispunham de 178 e 203 cavalos de potência.
É simplesmente fantástico: é uma obra de engenharia fabricada por quem sabe o que faz e minimamente apaixonado pela causa. É para todas as idades. É pura diversão. Podemos desfrutar de sensações distintas e conviver com o que nos rodeia, sobretudo se o utilizamos em estrada e, em particular se percorrermos um ziguezagueado de montanha, onde pode conformar uma condução suave como radical pela surpreendente ligeireza com que se pode curvar, acelerar e desacelerar. Com as versões SLR e R pode-se frear com uma eficácia notável, graças a um belíssimo sistema de travagem Brembo. E nas versões com Roll Cage nem sequer precisamos de colocar capacete.
Não é necessariamente um “carro de corrida”, embora as suas especificações nos confundam: 3,8 metros de comprido X 1,98 metros de largo; sem portas, mas com habitáculo em formato ‘nicho’;
sem tejadilho (um opcional em fibra); mas com Santantônio, ou seja, o Roll Cage, ou Gaiola de proteção anti capotagem; com um para-brisas baixo; transmissão manual de 5 velocidades; controlo de tracção; ESC que é sistema de controlo electrónico de estabilidade; diferencial por correia de fibra de carbono reforçada; suspensões de dupla forquilha independente com braços de controle de alumínio;
amortecedores com molas helicoidais pneumáticas de tubos gémeos; jante traseira Kenda de 20 polegadas com pneu de 255 mm (35R20) ou 305 mm (30R20) e na dianteira duas de 18 polegadas com pneumático de 225 / 45R18.
Motor de 1.997 cm3 e potências de 180 ou 206 cavalos. E com “luxo americano”: habitáculo em pele impermeável
A Polaris constrói o extravagante Slingshot em 4 versões todas com um motor Prostar de 4 cilindros de 1.997 cm3, com sistema de alimentação por injecção multiponto. O ‘S’ e ‘SL’ debitam 180 CV, enquanto as versões ‘SLR’ e ‘R’ veem a potência crescer até aos 206 CV. Nas duas primeiras opções encontram-se limitadas a a 125 MPH, ou seja, a 201,169 Km/h (atendendo a que uma milha terrestre equivale a 1609,35 metros), enquanto as mais potentes ultrapassam ligeiramente a fasquia dos 210 Km/h.
Seja como for, estamos perante um veículo com especificações excepcionais: em média 4,30 Kg por cavalo – peso em vazio de aproximadamente 800 Kg -, e o facto de a potência ser integralmente transferida a uma única roda traseira com jante de 20 polegadas e pneumático com 225 ou 305 milímetros.
Depois, somos surpreendidos pelo “luxo americano”, quase sempre circunspecto: Todas as versões têm um habitáculo em pele impermeável, controle de velocidade de cruzeiro (cruise control), sistema de info-entretenimento que pode ter écran de 7’ e GPS, câmara de visão traseira, sistemas de luzes em LED e também volante com comandos em opcional, apenas de série no ‘SLR’ e ‘R’.
Em Espanha, é possível encomendar qualquer uma das 4 versões do Slingshot, tendo como base o preço sugerido nos EE.UU. a que teremos de acrescentar os custos da importação e transferência, ou seja, impostos que a maioria dos Estados europeus consideram dever obter do sector automóvel. No mercado estadunidense começam nos 21.549 dólares até aos 34.500 dólares. São preços justos no mercado Norte-americano e acessíveis à classe média daquele país onde há milhões de entusiastas dos veículos que distinguem um estilo de vida.
KTM X-Bow e o Ariel Atom-4 não são adversários. Mas vocacionados para correrem em pista ou em estradas livres
E este Polaris não encontra rivais, embora os europeus tentem colar o KTM X-Bow e o Ariel Atom-4, ambos de 4 rodas e forçosamente carros de corrida, embora a KTM apresente duas versões do ‘X-Bow’ dedicados à condução em cidade ou em estrada. Vejamos:
O modelo da austríaca KTM é uma espécie de superdesportivo que monta motor do Grupo Volkswagen, a gasolina, de cinco cilindros em linha, de 2.480 c.c., com injeção combinada directa/tubo de aspiração;
sobrealimentação por turbocompressor de escape com arrefecimento do ar de admissão que debita 500 CV. Contudo, a versão mais semelhante ao Polaris Slingshot é ainda mais radical: também está equipada com um motor do Grupo VW, nesta circunstância o 1.984 C.C. TFSI – semelhante ao que equipa do Golf GTI – sem que a marca indique a potência que poderá ser menor que 500 cavalos, mas que, em virtude das características arquitectónicas e dinâmicas, será mais veloz e exigente em termos de condução e está construído principalmente para rodar em pista.
Já o Atom – do pequeno construtor britânico Ariel Motor Company – vai na quarta geração e continua a manter a configuração radical de uma espécie de fórmula, mas com dois lugares, com as rodas fora do conjunto ‘chassis-micro carroçaria’: Integra um motor de 2,0 litros (1.996 C.C.) Honda K20C1, de 4 cilindros em linha i-VTEC, injecção directa e turbo alimentado, com 320 CV e um binário de 420 Nm. A caixa de velocidades sequencial é de 6 marchas.
Mas se estes dois veículos podem ter alguma semelhança com o Slingshot, por força do conceito, são indubitavelmente menos práticos e quase absolutamente vocacionados para correrem em pista ou em estradas livres… Assim, independentemente de poder chocar os adeptos mais sensíveis da coisa automóvel, são os irmãos japoneses, Mazda MX-5 e Fiat 124 Spyder (este último já descontinuado), que são os verdadeiros adversários do modelo americano. Em Espanha, o modelo japonês pode ser adquirido a partir dos 32.550 euros, enquanto nas Canárias o preço começa nos 28.490,00 euro.
– Texto por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)