TRUMP vs KAMALA 2024
Aguardado com muita expectativa, o debate entre os candidatos à Presidência norte-americana, protagonizado por um ex-Presidente, nem mais nem menos que Donald Trump, e a actual Vice-Presidente dos Estados Unidos da América, Kamala Harris, prometia ser animado, depois do desaire da primeira ronda de debates, protagonizado, então, por Donald Trump e Joe Biden, sendo este o contribuinte liquido, para o desastre daquele debate, deixando em desespero os democratas.
Apesar do apoio de Kamala Harris, a um Joe Biden flagrantemente diminuído nas suas faculdades, a “entourage” democrática, liderada pela família Obama e família Clinton, lá conseguiu convencer os “doadores” financeiros, que perante a ameaça de retirar esse apoio forçou Biden, a abandonar a corrida, contra a sua vontade, e contra a vontade de Kamala, porque o apoiava publicamente.
A importância deste debate, era até, por muitos, considerada decisiva para aumentar o fosso do empate técnico, tão divulgado pelos media, entre ambos os candidatos.
Certo era, até este debate, que Kamala vencia, nas sondagens, embora por uma margem técnica, a crer nas publicações da comunicação social americana, ou parte dela.
Certo era, também, que em matéria de angariação de fundos Kamala, vencia por larga margem, com uns históricos 500 milhões de dólares, contra os 200 milhões de Trump.
Também era certo, a apreciável unanimidade dos comentadores políticos, tanto lá, como cá, atribuindo mais predicados a Kamala, vaticinando-lhe os mais maravilhosos sucessos, em detrimento de Trump, considerado a imagem do demo na terra.
O formato do debate, não ficou nada a dever a uma espécie de interrogatório, terreno onde Kamala, ex-procuradora se sentia à vontade, com especial enfoque na invasão do capitólio, omitindo, os pivots do debate, a circunstância de Trump, ao convidar os seus apoiantes a dirigirem-se ao capitólio, naquele fatídico dia, a fazê-lo de forma ordeira e pacífica, o que não veio a acontecer. O “fact cheking” aqui não funcionou, como de resto não funcionou sempre que Kamala atribuía declarações ou acções a Trump, e ele as desmentia.
O “fact cheking” só funcionou uma vez, para desmentir Trump, quando este afirmou que a migração ilegal andava a comer os animais de estimação dos americanos, mas ainda assim parcialmente, dando prevalência a uma parte da “história”. Os pivots confrontaram Trump, com um teewt do governador da Califórnia, sobre esta situação em concreto e ele não confirmou as afirmações de Trump. Mas, os Pivots, ignoraram olimpicamente que a afirmação de Trump, apesar de exagerada, se baseou, na realidade, numa noticia avançada por uma estação de televisão nacional, levando, assim os Pivots, o público a pensar que tudo não passava de mera invenção de Trump. E não era.
Todas as vezes que Kamala atribuiu a Trump o “Plano25”, um conjunto de ideias, aparentemente de republicanos próximos de Trump, mas que ele negou veementemente conhecer, afirmando nem sequer o ter lido, nem fazer questão de o fazer, os Pivots, nem reagiram permitido sempre que o labéu de Kamala subsistisse como verdadeiro, sem o ser.
Perante a unanimidade de opinadores e órgãos de comunicação social, quer dos states, quer portugueses, sentenciando que TRUMP teria ido às cordas, parecendo até que todos combinaram utilizar essa expressão, e desconfiado da sua imparcialidade, resolvi dar-me ao trabalho de visionar o debate na totalidade.
Surpresa das surpresas, certamente por erro meu, o debate que visionei, era certamente outro que não o mesmo que os opinadores e ocs viram, pois mostrou precisamente o contrário daquilo que tem sido publicado.
Kamala, logo no inicio, por entre um conjunto de banalidades de café, mostrou preocupação com o facto dos jovens não conseguirem comprar a sua casa (onde é que eu já ouvi isto?) e em resultado disso propôs-se dar um subsidio para os jovens comprarem berços para os seus bebés … não entendi. Os americanos que a ouviram também não devem ter compreendido.
Kamal passou o tempo todo a dizer que tinha um plano, para tudo e mais um par de botas, sem nunca concretizar rigorosamente nada, e Trump, destrunfou-a perguntando-lhe porque não fez durante o seu consulado com Biden, aquilo que agora se propõe fazer para o futuro.
Trump, foi mais longe e afirmou que ela era Biden, numa alusão ao governo da parelha Biden/Kamala, ao que ela respondeu um quase infantil “obviamente eu não sou Biden”, e com isso deu uma canelada grosseira no actual Presidente Biden, o tal que ela apoiava determinada para continuara, como que a sacudir a água do capote.
Trump desmentiu-a sempre que Kamala fazia afirmações sem mostrar onde se baseava para as fazer, e os pivots, permaneciam impávidos e serenos, esquecendo de recorrer ao “fact cheking”.
Trump, rechassou todas as ideias, poucas, que Kamala avançou, sem se perceber muito bem, o que faria a actual vice-presidente, de diferente, do que tem feito.
Parecia, até, que quem está a acabar o mandato é Trump e não Kamala, indo esta muitas vezes ao passado da governação de Trump, sobretudo a parte final, os últimos dias da passagem de testemunho.
O mais assustador, para mim, nem é o deserto de ideias, tirando uma ou outra, sobretudo da parte de Trump que tem ideias definidas sobre a taxação da produção chinesa, o controlo de fronteiras, promovendo a segurança, e o controlo da imigração ilegal, impedindo a entrada de criminosos, sempre os primeiros a aproveitar as facilidades de penetração de fronteiras, e o recuo nos triliões de dólares à manutenção de guerras no mundo, o que mais me incomoda é a despudorada parcialidade de quem opina e de quem dá a notícia.
O costume, como se vê.
Razão tem Bill Clinton que não esquece os tempos de candidatura da sua mulher Hillary, a quem foram creditadas as vitórias, nos debates com Trump, a vitória nas sondagens, o apoio declarado até do estrangeiro e nas urnas … foi derrotada. Clinton advertiu: cuidado só se ganha nas urnas.
Gostaria muito de ver análises imparciais, para aprender umas coisas, e não tanta gente com ódios de estimação a debitarem desejos como se análises se tratassem.
Só me resta esperar pelo voto dos americanos.
Oliveira Dias, Politólogo
Publicado no Semanário NoticiasLx: