Nos últimos meses as grandes produtoras de novelas viram-se ultrapassadas pela novela da Linha Vermelha. Não irei falar da trapalhada da Linha Circular do Metro, sendo que poderia destacar as preocupações do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Eng.º Carlos Moedas com aquilo que é a perda de qualidade de transporte diário dos odivelenses para o centro da cidade de Lisboa, enquanto o Sr. Presidente da Câmara Municipal, Prof. Hugo Martins, vive na ilusão de uma partilha que não nos serve, que colocaria em causa os pressupostos de constituição da Linha Circular e pior, nunca esteve incluída no projecto aprovado e colocado em marcha.
Percebe-se assim a clara dificuldade do Partido Socialista em lidar com linhas e metas, pois o cumprimento além de só ser possível em powerpoints, em que só acredita quem não souber o que a casa gasta, também consegue demonstrar a (in)competência política dos actuais mais altos quadros socialistas. Sim, vir para a Praça Pública anunciar duas linhas vermelhas para assim não reprovar a Lei do Orçamento de Estado para 2025, significa colocar-se em risco, a si e ao seu interlocutor, o Governo. Fazer este espalhafato todo na opinião pública serviu para que a venturosa alternativa jogasse o seu jogo de sombras favoritas, umas alturas, como diria um técnico de futebol da nossa praça, “sêrames irrevogáveis”, nas outras estamos aqui “para o que der e vier” e noutras ainda viabilizamos se aprovarem referendos inconstitucionais.
Pelo caminho, estas duas linhas deixaram ambos os principais interlocutores, PS e PSD, numa situação em que ambos poderiam sair mal deste processo negocial. Honra se faça ao actual Primeiro-Ministro que apesar de apresentar uma solução irrecusável, num exercício a que não estamos habituados, abdicou do seu programa e reviu as suas ideias de modo a incluir os anseios do PS e assim garantir as necessidades do país, dotando Portugal de um Orçamento de Estado em 2025, onde a onda de crescimento que resultou do esforço dos portugueses nas últimas décadas, não seja quebrada, onde os fundos comunitários disponibilizados, de que se destaca o PRR possam reforçar os projectos de investimento tendentes à modernização da nossa economia e onde o programa que ganhou as eleições pudesse ser implementado. Quando o razoável parecia possível, eis que o líder do PS afinal quis recusar aquilo que foi ao encontro do que queria a e assim fragilizou o nosso país perante os actores da economia internacional e nacional, colocados em suspenso, pela ausência de recato e pela ausência de sinais de estabilidade. Meus senhores, assim não há seriedade, nem lealdade.
Ninguém de bom senso e honrado pode impor um preço ao que faz e quando o pagamento surge vem sucessivamente dizer que afinal é outro o preço!
Este PS definitivamente não sabe estar na Linha, nem na do Metro, nem daquelas que desenha como prioritárias! Lamentável!
11/10/2024
Paulo Bernardo e Sousa – Politólogo