Z A R C O / C O L O M B O / X P O F E R E N S

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1. ‘Colón ADN, su verdadero origen’ A Televisão Espanhola, exibiu, no dia 12 de Outubro de 2024, com muita pompa, um documentário, relativo ao anúncio mundial revelando a verdadeira identidade de Cristovão Colombo, num processo envolvendo estudos e análises ao ADN, daquela proeminente figura histórica, levadas a cabo por uma equipa liderada pelo Professor forense e catedrático da universidade de Granada, José Antonio Lorente, e, o meu caro amigo Carlos Evaristo, um investigador luso-canadiano, responsável pela, segundo creio ser, a única Lipsonoteca em Portugal (laboratório de relíquias religiosas), objeto de um programa na rubrica “perspetivas” da antiga TVL, que tive a honra de gravar com ele, também fez parte daquela equipa espanhola.

Este projeto académico, dura já há mais de 22 anos, e numa primeira fase, ali por volta de 2013/14, tinha já descartado cerca de 475 hipóteses e pretensões sobre a verdadeira identidade de Cristóvão Colombo, entre elas todas as pretensões que o davam como veneziano ou italiano. Desta vez reitera essas conclusões, reduzindo as pretensões a apenas 8, entre elas a portuguesa.

Esta data, 12 de outubro, não é escolhida por acaso, pois é celebrada como o “Dia da hispanidade” sendo festejada como o dia nacional de Espanha, e exalta a descoberta do “novo mundo” – as américas – em 12 de outubro de 1492, ao serviço dos reis católicos (Rei de Aragão, Dom Fernando II) e a Rainha de Castela (Dona Isabel, filha de uma princesa portuguesa), cujo matrimónio juntou as duas coroas, dando início á Coroa espanhola.

Quando se sabe, que o governo espanhol investiu mais de 8 milhões de euros, neste projeto, e ponderada a importância da questão para Espanha, a conclusão deste estudo, estava, à partida estabelecida – Cristóvão Colombo era Judeu sefardita de Espanha. Tal foi o apologético anúncio.

Claro que alguns cientistas, espanhóis, puseram de imediato em causa tal estudo, com um argumento basilar – o Professor Lorente não publicou todas as fases do estudo, e não o sujeitou à revisão científica dos pares, algo elementar para qualquer trabalho científico.

Vi publicada numa rede social, em Portugal, a opinião de um reconhecidíssimo investigador nacional e internacional, Victor Adrião, levantando “severas dúvidas” sobre as conclusões daquele estudo, escorado na comparação com descendência da segunda mulher de Colombo, que era espanhola, fazendo notar, aquele investigador, com cristalina clarividência, que se ao invés, as análises se escorassem na descendência da primeira mulher, a nobre portuguesa Filipa Moniz Perestrelo, os resultados seriam outros.

Procurei, saber, junto de Carlos Evaristo, se houve o concurso de análises a ossadas portuguesas, pois sabia ter ele próprio disponibilizado relíquias do seu laboratório – a lipsonoteca – e a resposta foi negativa, por inexistirem. Lembrei-me de D. Jorge, sepultado em Palmela, filho bastardo de D. João II, o príncipe perfeito, a quem alguns investigadores atribuem o grau de consanguinidade, ou seja, seriam Colombo e o nosso Rei, primos, portanto partilhariam o mesmo cromossoma Y. Esta possibilidade não foi considerada. Mais à frente explicarei como veio isto para a mesa, mas adianto que vem do programa que gravei, na ex TVL, com Pedro Laranjeira, em representação da Associação Manuel Luciano da Silva, este luso-americano, médico, cientista e entusiasta investigador histórico, sendo mais um dos grandes investigadores da vida do grande Almirante. Mas avancemos por fases. Esta primeira fase espanhola, está arrumada, por tudo quanto aqui se expõe, com mediana clareza.

2. O descobridor “oficial” das Américas, ficou conhecido, e sobretudo reconhecido, como “O Grande Almirante”, tal o impacto do seu feito na história universal, deste planeta azul, mas não sem ficar envolto numa aura de mistério, que fez dele a personagem histórica sobre quem mais se escreveu, depois de Jesus Cristo.

O cerne do mistério prende-se com a sua origem, natal, social e geográfica, atribuindo-se-lhe, consoante a apologia, como nome de baptismo o de Salvador Fernandes Zarco, nado em Cuba, pequeno concelho do Alentejo, inserido no Ducado de Beja, ou o de Christoforus Cólon, cuja grafia é a de galaico-português, ou português arcaico, a língua oficial, ou corrente no Reino de Portugal e dos Algarves, numa anonimização imposta por vontade régia, e, pasme-se, ainda não existia o famoso RGPD, que só viria a existir 500 e poucos anos depois (afinal não somos tão atrasados como alguns europeus invejosos pretendem), ou o de Cristóvão Colombo, como o batizou a historiografia oficial, convencida da sua italiana origem, ou, finalmente, a designação, a chancela que tudo resume, de forma mistérica, esotérica, numa recepção iniciática (e é este, e nenhum outro, o significado de KABALAH), como XPOFERENS, a assinatura, ou sigla, ou cifra cabalística com que o grande Almirante sempre assinou, por seu punho, os seus documentos, descodificada por Mascarenhas Barreto, ao fim de 20 anos de intenso estudo.

De todos os batismos conhecidos, (o batismo Católico, o batismo Régio, o batismo histórico oficial, e o batismo iniciático), o que não suscita nenhuma dúvida, é a sua assinatura cabalística, em forma triangular, as que surgem noutra disposição, que não a triangular, são grosseiras falsificações, e esta assinatura cabalística encerra a chave do seu segredo. É rigorosamente isto que sabemos. É um facto apodítico (indesmentível).

O que não sabemos, ou pelo menos não logrei atingir, é qual terá sido o baptismo Sefardista do Grande Almirante, isto acolhendo, como acolho, a tese da costela judaica do Grande Almirante, e nessa medida, sabemos também que os judeus conversos em Cristãos Novos, NUNCA deixaram de praticar a sua religião de origem, na descrição do sigilo familiar.

3. A singularidade, do Grande Almirante nunca, em vida, ter revelado, de forma percetível, para o vulgo, a sua origem, tendo preferido a linguagem hermética, eclética, fechada, a profanos, de uma cifra cabalística, permitindo, assim, não levar para a tumba jazente o seu segredo, pois o deu ao mundo para o descodificar, levou a que vários países, geografias e latitudes, reivindicassem a sua nacionalidade, ou origem Mátria (terra onde nasceu), sendo certo que a sua Pátria, esta na aceção do grande vate Fernando Pessoa, como sendo a língua comum da nação, essa, sabemos com mediana certeza qual era: italiana não seria, porque não há documento nenhum que registe ter-se exprimido nessa língua, a qual lhe era estranha, pois existe um documento no qual o Grande Almirante, pretendendo corresponder-se com um veneziano a propósito de um negócio pediu a uma amigo que a traduzisse para italiano;

Castelhano (alguns ignotos dizem espanhol, mas não existe esta língua), dificilmente seria porque todos os seus manuscritos nessa língua, demonstravam um fraco domínio do idioma, com muitos erros, e vastas vezes, quando não sabia mesmo determinado vocábulo em castelhano, preenchia essa lacuna com vocábulos de galaico-português, o português arcaico da época no Reino de Portugal;

Galaico-Português, ou Português, era um idioma que dominava, nele se exprimia e nela grafava muitos dos seus manuscritos, porém era com muita regularidade que misturava o português com castelhano, num “portunhol” que permitia manter na dúvida, a sua “Pátria” linguística.

Basta dar apenas 1 exemplo – lá para os lados da Venezuela existe uma ilha baptizada pelo grande Almirante como “CURAÇAU”, classificada pelos “entendidos” como significando coração em espanhol, coroa ao serviço da qual se encontrava (ora neste idioma coração é córazon), outros ainda viam no vocábulo a presença italiana (infelizmente para estes em italiano coração é cuore), e só os mais argutos sabia que CURAÇAU é galaico-português e significa Cura/Saúde, ou seja era a ilha da cura e da saúde … a circunstância de ser uma ilha com citrinos (laranjas e limões) dá-nos uma pista importantíssima, pois a principal doença da marinhagem era o escorbuto (insuficiência de vitamina c). Ora naquela ilha achava-se o remédio natural mais eficaz.

4. Sou um entusiasta desta figura – do Grande Almirante – li muita literatura sobre o personagem, existem muitas teses sobre a sua origem, e tive o ensejo, enquanto colaborador da TVL, de gravar alguns programas temáticos sobre o grande Almirante.

O primeiro deles (https://www.youtube.com/watch?v=j1QR1ReU7MI)

foi com o representante da Associação Manuel Luciano da Silva, Pedro Laranjeira, um incansável dinamizador e divulgador da tese de Manuel Luciano, e da tese que dá Salvador Fernandes Zarco, como nome de batismo do grande almirante; o segundo foi com os manos Mattos e Silva (https://www.youtube.com/watch?v=9sphBGMMuM4)

, cuja apologia identifica o grande almirante, como sendo Dom João Menezes da Silva, alegadamente filho da Infanta Dona Leonor, Imperatriz do Sacro Império Romano Germânico; e por fim o último programa da trilogia “made in TVL”

(https://www.youtube.com/watch?v=rdpjcZvOFjc&list=PLJLJwDdC2xcDQhsHMaH23paP0lYy1H8tS)

onde visitámos a associação de Manuel Luciano da Silva com um excepcional acervo bibliotecário sobre o grande almirante, e não só, uma obra única em Cavião.

Teses, há-as para todos os gostos, mas factos materiais, nem todos os avançam de forma a sustentar as suas apologias.

Sem desprimor para os autores, os factos são cruciais, e destaco alguns trazidos à luz do dia pela obra de Manuel Luciano da Silva, o qual, sendo conhecedor de Latim, teve acesso a fontes essenciais, e não apenas a fontes portuguesas. Neste particular guardo na memória algo que Rainer Daenhardt, alguém que muito admiro, me transmitiu no seu museu privativo a que poucos tiveram o privilégio, como eu tive, de visitar, sentenciando que é preciso conhecer outras línguas para aceder e compreender outras fontes, isto vindo de um poliglota que domina 6 idiomas distintos … .

5. Vamos então a factos. Desde logo a assinatura cabalística, descodificada por Mascarenhas Barreto. Ninguém a contestou. É um facto.

Manuel Luciano da Silva, foi ao arquivo do vaticano e desenterrou duas Bulas do Castelhano Papa Alexandre VI, grafados integralmente em Latim, a língua oficial do vaticano, excepto dois vocábulos em … galaico-português, a nossa língua de então – Cristophorus Cólon. Ora, para o nome do grande Almirante o Papa não utilizou o Latim, língua oficial da cúria papal, não utilizou o nome em italiano, suposta origem do mesmo, nem sequer utilizou o seu idioma de nascimento, o castelhano, porque razão haveria de grafar o nome em galaico-português? Só podia ser por conhecer a verdadeira origem do grande Almirante. Isto é um facto indesmentível.

Pedro Laranjeira, referiu no programa dedicado à tese de Manuel Luciano da Silva, as 12 cartas manuscritas pelo grande Almirante dirigidas ao seu filho, tendo sido divulgado na obra de Manuel Luciano da Silva a descoberta da saudação judaica, EM TODAS AS CARTAS, por Simon Wisenthal, o judeu que dedicou a sua vida a “caçar” Nazis, após a segunda guerra mundial e a quem lhe tinha sido pedido uma análise daqueles manuscritos. A origem judaica do grande Almirante ficou, assim, consolidada. Isto é um facto.

Também foi pela mão de Manuel Luciano da Silva, e da sua obra, que se deu a conhecer ao mundo a existência de um anagrama em todas aqueles manuscritos, e que a esposa de Manuel Luciano da Silva, companheira de investigação histórica de Manuel Luciano, identificou como senso a agregação de três letras S,F,Z, ou seja Salvador Fernandes Zarco. Isto é um facto.

Para além desta factualidade, importante, senão mesmo decisiva, por enquanto, há toda uma tradição que liga o grande Almirante à mátria portuguesa, por exemplo, no Palácio nacional de Mafra, na sala do trono (também já designada a sala dos heróis portugueses, ou sala das descobertas), o teto exibe um fresco pintado há 300 anos, com 4 figuras, a saber, o Infante Dom Henrique, Pedro Alvares Cabral, Vasco da Gama e … o Grande Almirante. Isto é um facto, indirecto, mas um facto.

Pedro Laranjeira alvitrou que se exumasse os restos mortais do filho bastardo de D. João II, cuja mãe era uma freira, e alegadamente, sendo o rei consanguíneo com Zarco, eram primos, o teste ADN tiraria todas as dúvidas. Alegou inclusivamente que a Presidente da Câmara de Palmela da altura estaria diligenciando com autoridades publicas a exumação, mas que quera fazer as coisas com calma.

Se o professor Lorente quisesse mesmo fazer as coisas com um mínimo de seriedade, tinha de contemplar esta hipótese, e sabia disto fruto de diligências de Pedro Laranjeira à época. Não o fez, e foi pena.

6. Em conclusão o anúncio da televisão espanhola das conclusões de Lorente, sobre a origem judaica e sefardita do grande Almirante, é correta, á luz de tudo quanto se sabe, mas erra grosseiramente ao dar Espanha como mátria do grande Almirante, porque não identifica exactamente como chega a esta última conclusão, que não bate certo com os factos conhecidos, acima descritos, e que apontam indubitavelmente para a origem portuguesa e alentejana do grande Almirante.

Oliveira Dias, Politólogo

Presidentes de Junta na mira 2024
Oliveira Dias

(entusiasta amador da temática)

Publicado na Revista NoticiasLx:

NoticiasLX de 19 de Outubro de 2024 – Loures, Lisboa, Odivelas, Sintra, Almada – Revista | Informação | Opinião | Agenda Metropolitana | Grande Lisboa

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