Não será justo pedir aos adeptos da coisa do automóvel que conheçam a Noble Automotive, construtora britânica fundada em 1999, por Neel Anthony Noble, em Leeds, West Yorkshire. É um fabricante artesanal de supercarros, essencialmente focado numa experiência de condução não dependente unicamente da intervenção eletrónica ou da computação. Cada veículo é construído à mão, feito sob medida e fabricado de acordo com exigências individuais de cada um dos compradores por uma pequena equipe de artesãos. Os carros Noble distinguem-se por ser muito leves, ágeis, raros e exclusivos. Esta é mais uma marca que recebe o nome do fundador como tantas outras, maiores ou menores de idade e em dimensão. Mas não deixa de ser curioso que o engenheiro Lee Noble vendeu a empresa em agosto de 2006; deixou o cargo de chefe de projecto em fevereiro de 2008 para anunciar a Fénix Automotive, sediada no condado de Leicestershire, que acabou por dissolver em 20 de novembro de 2012 depois de construir um único modelo automóvel, um superdesportivo que poderia ser equipado com dois motores, ambos com geometria de 8 cilindros em V, originários do Chevrolet Corvette: um de 480 CV (conhecido por LS3) e o 6.2 litros de cilindrada de 638 CV (LS9) que equipava então a versão “Corvette ZR1”.
O M12 GTO foi nitidamente resultado da ideia de converter um carro de pista em veículo de estrada, mantendo as características mais singulares de um automóvel de competição. Não é o mais bonito, mas é mais um dos que entrou na lista de honra dos desportivos de 2 lugares mais pequenos. Acreditem que é capaz de emocionar qualquer um de nós, fãs e adictos pela coisa do automóvel
Mas centremo-nos no modelo M12 – que se produziu entre 2000 e 2009 – porque foi distintamente resultado da ideia de converter um carro de pista em veículo de estrada, mantendo as características mais singulares de um automóvel de competição. Não é o mais bonito, mas é mais um dos que entrou na lista de honra dos desportivos de 2 lugares mais pequenos. Acreditem que é capaz de emocionar qualquer um de nós, fãs e adictos pela coisa do automóvel.
O M12 GTO foi produzido essencialmente em duas versões ambas com motor V6 Ford Duratec: GTO, com motor de 2.5L biturbo, que debitava 314 CV; GTO-3 e GTO-3R, ambos com motor de 3.0 litros também com dois turbos e uma potência efectiva não inferior aos 357 cavalos. As versões do modelo M12 incluíram duplo turbo Garrett T25; pesavam 2.381 libras, aproximadamente 1.080 kg; passavam dos 0 aos 100 quilómetros por hora em 3,7 segundos, embora posteriormente o GTO-3R tivesse atingido os 100 Km/h em apenas 3,5 segundos. Então, a Noble anunciava uma velocidade máxima de 274 Km/h.
Os M12 construíram-se com monobloco estruturado – também conhecido como chassis de treliça – de aço, armação de fibra de vidro reforçada (G.R.P.) e peças da carroçaria confeccionadas em compósitos.
Peculiar em quase tudo
Apesar das características se assemelharem às dos superdesportivos mais comuns, o Noble M12 proporcionava e ainda oferece uma condução peculiar pelo comportamento em estrada, acelerações, recuperações, travagem…. Muito por culpa de uma dinâmica quase brilhante e uma excelente relação peso/potência de 3,02 quilogramas por cavalo. Lee Noble, actualmente com 66 anos, conseguiu um carro emocionante, mas ao mesmo tempo circunspecto com um design exterior conservador – mesmo com alguma aspereza – muito ao gosto dos britânicos. Já o interior é mais fascinante, com detalhes em pele e camurça de verdade.
Mas é encantador sentarmo-nos a poucos centímetros do solo – altura máxima do automóvel é de 1143 mm -, em posição quase central, relativamente cómodos, apertar um cinto de segurança de 6 pontos, num veículo com 4,089 metros de comprimento e acelerar a fundo, passando de velocidades (6 manuais) praticamente sem ter de levantar o pé do acelerador, ultrapassar a marca dos 100 Km/h sobre os 4 segundos e depois chegar rápido à faixa dos 240/250. ¡É obra! Depois, poder travar firme, sem hesitação. Uma delícia para quem gosta de adrenalina. Pena que na maioria dos países europeus não existem infraestruras para que os cidadãos mais comuns possam usufruir destes veículos na sua plenitude. São impulsionados para transgredir, quase sempre em situação de menor segurança.
Evidentemente, que o M12 se pode conduzir – e deve nos tempos que correm – como qualquer outra viatura, sem termos de carregar a fundo no acelerador. Subir a uma montanha por uma estrada sinuosa, bem asfaltada é só por si uma satisfação. Bom exemplo para quem conhece: percorrer em modo ‘cruzeiro’ os quase 88 quilómetros da estrada TF-21 que atravessa o Parque Nacional do Teide, rodovia considerada entre as duas mais belas do território de Espanha.
Outros pormenores do Noble M12 GTO era vender-se sob proposta personalizada: ofereciam-se sistema de navegação GPS, equipamento de som de alta qualidade, assentos com aquecimento apesar de austeros, interior com combinação de cores ao gosto do comprador.
Presentemente podemos candidatarmo-nos a um dos 8 exemplares usados que se podem adquirir no Reino Unido, entre os 51 e os 84.000 euros.
Novo só mesmo o recém-lançado M500, o sucessor, porventura menos extremo, ainda sem preço… que será seguramente acima das 130.000 libras, ou seja, 156 mil euros ao cambio actual.
– Texto por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico) e fotografias publicadas em ‘Classic Trader’ (sítio da web de venda e leilões de automóveis clássicos)