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Gatos contra a biodiversidade?

Pelo menos científicos e ambientalistas suíços e polacos afirmam que os gatos domésticos colocam a biodiversidade dos seus países em maior risco. Estas posições assentam sobre evidências e registos dos últimos anos, obtidos em trabalho de campo. Os culpados são mais os gatos de rua que aqueles que têm casa. Mas não se enganem: também os que são mascotes em milhares de casas não se livram do estatuto de culpados, porque em ambos os países é hábito estimular os gatos a andar ao ar livre, em espaços públicos… E como muitos não se encontram esterilizados, o resultado é que se mantêm fora de casa horas continuadas longe de serem controlados.

Na Suíça, os gatos são responsáveis pela morte de centenas de milhares de pássaros, sapos e outros animais autóctones. Segundo um artigo de Thomas Stephens para ‘swissinfo.ch’, “a maioria dos políticos não parece disposta a lidar com esse problema. Será que uma “moratória dos gatos”, proibindo a importação e a criação de gatos por dez anos”. O que ninguém sabe explicar é se a medida faria uma grande diferença…

Ratos, morcegos, pássaros, camundongos e lagartos – Eis alguns dos presentes, mortos e vivos, que eu e minha esposa recebemos do nosso gato, Sam, ao longo dos anos”, comentou ao jornal digital ‘swissinfo’ um cidadão que tem um gato como mascote. Obviamente, que este problema poderá passar pela garantia e educação dos donos de gatos esterilizarem os animais, enquanto medida sanitária, mas também como travão aos animais.

Lista (Negra) Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza – (Imagem gráfica do Parlamento Europeu em ‘europarl.eu’)

Quem tem um ou mais gatos sabe que os estes animais infecundados se tornam mais amigos de casa e com menos vontade de se misturarem com gatos de rua. Também se poderá considerar uma operação de esterilização dos gatos vadios ou em estado selvagem que na Suíça não ultrapassam os 200 mil. Para este caso, há que ponderar um esforço financeiro global e contar com o apoio da comunidade veterinária. Seria de esperar que, em países ‘civilizados’ do primeiro Mundo, esta medida não esbarre numa parede de dificuldades, particularmente na Suíça.

Uma estimativa da fundação ‘Tier im Recht’, que luta pelos direitos dos animais, haverá aproximadamente 2 milhões de gatos dos quias 10% não animais de rua e ou em estado meio selvagem, portanto sem dono.

https://www.tierimrecht.org/de/news/newsmeldungen-2024/2024-08-23-ueberpopulation-an-katzen-in-der-schweiz-tir-diskutiert-in-der-sendung-talk-taeglich-ueber-loesungsansaetze/#:~:text=Aus%20diesem%20Grund%20diskutiert%20der,2024%20hat%20diese%20Forderung%20aufgenommen.

O artigo publicado no ‘Swissinfo’, revela que “um terço das espécies de pássaros está em risco de extinção”, uma dimensão preocupante e que é mais elevada que em muitos outros países europeus.  Entre os helvéticos, os defensores do meio ambiente são os mais exigentes em reivindicar medidas para conter a população de gatos e, assim, reduzir a ameaça à biodiversidade. De acordo com o jornal Neue Zürcher Zeitung (NZZ) os gatos suíços serão responsáveis pela morte, todos os anos, de quase 30 milhões de aves e 500 mil répteis e anfíbios naquele país. A ser assim, estes números revelam-se uma barbaridade já que a Suíça tinha no primeiro semestre deste ano, pouco mais de 9 milhões de habitantes, concretamente 9,030,650 residentes. Mas o fenómeno deve-se essencialmente à crença dos donos em que estes felídeos – gatos domésticos -, devem poder andar ao ar livre e em liberdade.

https://www.nzz.ch/schweiz/die-niedliche-katze-ein-killer-jetzt-wird-ueber-ein-buesi-moratorium-nachgedacht-ld.1843039

1677 espécies europeias em risco

Já a Academia de Ciências da Polónia classificou os gatos como espécie invasiva e inclui-os em uma lista com mais de 1.700 outros animais. Na Polónia, os gatos domésticos foram classificados como “espécie invasiva alienígena”, e com uma apreciação baseada em evidências como na Suíça: causam danos irreparáveis em espécies autóctones, Mas esta posição da instituição polaca – suportada por um estudo do biólogo Wojciech Solarz – causa grande controvérsia. Os apreciadores de gatos contestaram a inclusão dos gatos – ‘Felis catus’, nome científico dado ao gato doméstico pelo Instituto da Conservação da Natureza da Polónia – na lista nacional de 1.786 de espécies animais, inscritas sem objeções, como animais que podem de alguma forma colocar em risco a biodiversidade da Europa central.

Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, 1677 espécies europeias encontram-se em vias de extinção de um total de mais de 15 mil, concretamente, 15.060 géneros da nossa natureza.

Científicos e ambientalistas suíços e polacos afirmam que os gatos domésticos colocam a biodiversidade dos seus países em maior risco. Estas posições assentam sobre evidências e registos dos últimos anos, obtidos em trabalho de campo. Os culpados são mais os gatos de rua que aqueles que têm casa. Mas não se enganem: também os que são mascotes em milhares de casas não se livram do estatuto de culpados, porque em ambos os países é hábito estimular os gatos a andar ao ar livre, em espaços públicos… E como muitos não se encontram esterilizados, o resultado é que se mantêm fora de casa horas continuadas longe de serem controlados – (fotografias de José Maria Pignatelli)

A IUCN – autoridade mundial na avaliação do estado de conservação da natureza e dos recursos naturais – criou uma espécie de Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da Europa para poder reclamar procedimentos para estimular os responsáveis políticos europeus a salvar esses géneros de animais.

Das 1677 espécies europeias em risco de extinção, as mais ameaçadas são os caracóis, as amêijoas e os peixes. Também mais de metade das árvores endémicas da Europa, incluindo a castanha-da-índia, a Heberdenia excelsa e o sorbus estão sob ameaça e cerca de um quinto dos anfíbios e répteis estão em perigo. A IUCN adverte ainda:

Que entre os mamíferos mais ameaçados na Europa estão o urso polar, a raposa Ártica, o vison europeu, a baleia-franca do Atlântico Norte e a foca-monge que vive no Mar Mediterrâneo;

Que um de cada 10 géneros de polinizadores – abelhas e borboletas – também se encontram em declínio.

Podem ver-se este e outros dados em: www.europarl.europa.eu

Extintas em 2015

36 Espécies foram declaradas extintas na Europa a partir do ano de 2015. De acordo com os registos da União Internacional para a Conservação da Natureza, incluem-se muitos peixes de água doce, entre elas outras espécies de Coregonus (um género de salmão), o molusco também de água doce Graecoanatolica Macedonica – pequeno caracol de água doce exclusivo do Lago Dojran na Grécia e na Macedónia do Norte -, e a flor roxa Pensée de Cry.

No que diz respeito aos mamíferos, perdeu-se o Pica-da-Sardenha, primo do coelho, e o auroque, um bovino selvagem de grande dimensão que já tinham sido considerados em risco extremo entre os séculos XVII e XVIII.

– Texto por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)

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