Qualquer gestor sentir-se-ia envergonhado de abrir a plataforma Google e observar sínteses do pior que se possa imaginar sobre a empresa ou serviço que dirige. Em Google, os CTT Express de Tenerife encerram apenas dois comentário realmente elogioso num ‘mar’ de críticas. As boas resenhas são da autoria de Georgian Dragomir e Isaac Gaméz.
A questão não se prende propriamente com o exagerado número de críticas, mas sim com o seu conteúdo e os adjectivos utilizados: Revelam um serviço incongruente e pouco empático com os consumidores. Embora tenhamos de ser justos já que a maioria das empresas que prestam o serviço de mensageira de correio rápido de pequeno e médio porte, serem supostamente insuficientes em Tenerife, não deixa de nos entristecer que uma das poucas empresas portuguesas com marca – a ‘CTT Express’ – não opere devidamente e faça jus ao país que tem poucos distintivos. Sinal mais negativo quando constatamos que não há quase nada de Portugal no arquipélago de Canárias, onde residem 2.246.132 de cidadãos de acordo com os registos divulgados em junho deste ano. Para se ter uma ideia da realidade: a expressão de Portugal no arquipélago faz-se pelas marcas Maizena, amido de milho produzida pela Unilever; Izidoro; Lactaçores; vinhos Mateus Rosé, Casal Garcia e Osborn; e Worten – com 19 lojas distribuídas por 5 das 8 ilhas -, mas que a maioria dos residentes nem sequer faz ideia de que se trata de uma distribuidora portuguesa, incorporada no Grupo Sonae. Provavelmente até se pode agradecer já que o serviço de assistência e garantias funciona pessimamente.
Salvar a honra…
Portugal convidado de honra
em feira de artesanato
O governo (Cabildo) de Tenerife organiza a “7ª Feria Tricontinental de Artesanía, Artesanías de Portugal” que decorreu de 26 de outubro e até domingo, dia 3 de novembro. Aconteceu no recinto de feiras da capital, a cidade de Santa Cruz. Trata-se de um evento sob o título “Aires de Portugal” e os expositores portugueses viajaram por conta do turismo de Tenerife, com viagens e estadia pagas. Uma única excepção: os artesãos dos Açores e Madeira tiveram de suportar os encargos dos voos entre as ilhas e o continente português. Como é mais habitual, o Turismo de Portugal e a própria diplomacia não encerram estas preocupações de representação. O milhão de cidadãos que reside na ilha não devem ser atractivos para o mercado turístico do português.
Na web do Cabildo (governo) de Tenerife o evento publicitou-se: “(…) Para esta edição propõe-se outro monográfico, neste caso dedicado a Portugal, um país historicamente ligado às Canárias que deixou nas ilhas uma multiplicidade de manifestações e influências tanto no plano social como no cultural e económico. Portugal tem uma grande variedade de artesanato, entre os quais destacam-se as cerâmicas e azulejos (…), tapetes e tapeçarias, marroquinaria, bordados, entalhes em madeira...”
Só podemos esperar que o certame tenha despertado a atenção dos residentes na ilha e que os estimule a umas férias ou escapadinha a Portugal já que o nosso estatuto nos permite viajar para a Espanha peninsular pagando o máximo de 30% do valor dos títulos de viagem. Assim, pode-se voar para Vigo, Sevilla, Málaga e depois entrar em Portugal com automóvel alugado. Para quem tenha mais tempo sugere-se a viagem de ferrie com destino a Huelva ou Cádiz com automóvel próprio a bordo. Seguramente, os “canários” podem aportar receitas e boa publicidade de Portugal, oxalá o país se soubesse vender aos residentes canários, tanto mais que a TAP, Ibéria e Air Europa operam com voos de Tenerife para Lisboa e vice-versa também com preços encorajadores.
Página do consulado português:
erros ortográficos nos dois idiomas
Consultar a página ‘consuladoportugal.es’ somos surpreendidos com a reabertura (?) dos serviços da Embaixada de Portugal em Madrid… Mas na página deparamo-nos com dois parágrafos confrangedores: “Para a próxima presença consular nas Canárias, que brevemente iremos anunciar no portal das Comunidades nesta ligaç Basta enviar-nos um email paraa sconsular.madrid@mne.pt com os seus dados pessoais e tipo de acto consular pretendido”.
Mas vejamos o texto completo neste sítio da internet:
“No seguinte link pode solicitar uma marcação ou recolher as informações necessárias para completar os seus procedimentos administrativos: tenerife@consuladoportugal.es
Para entrevistas pessoais com o pessoal do Consulado é essencial marcar uma consulta através do e-mail indicado acima.
Você também pode fazer suas perguntas por whastapp ou SMS no telefone do consulado das 10:00 às 14:00. Tfno: 665 893 825
Para a próxima presença consular nas Canárias, que brevemente iremos anunciar no portal das Comunidades nesta ligaç. Basta enviar-nos um email paraa sconsular.madrid@mne.pt com os seus dados pessoais e tipo de acto consular pretendido.
Os cidadãos portugueses nas Canárias, que não conseguiram marcação e que necessitem de realizar um acto consular de extrema urgência, poderão contactar, no período de 24 a 28 outubro, para o número de telemóvel 660 388 072.
Recorda-se também que poderão agendar marcação junto dos Serviços do IRN na Ilha da Madeira, ou em Portugal continental, na ligação https://justica.gov.pt/Servicos/Agendar-Cartao-de-Cidadao”.
Depois da consulta à página da web fui sugerido a fazer 2 perguntas ao cônsul honorário de Portugal e uma análise que se prende com a qualidade do texto que se encontra na web. As perguntas foram:
“1 – Já há um novo Cônsul Honorário em Canárias?
2 – O Consulado funciona realmente? E com um horário de abertura e encerramento na morada indicada?”
O reparo fi-lo deste modo: “Por último, somos forçados a suscitar a V. Exas. que façam uma revisão particularmente ao texto em português publicado em ‘consuladoportugal.es’, embora o texto em castellano também apresenta dois erros de forma. É que em Tenerife residem cidadãos que são realmente nascidos em Portugal e não apenas descendentes de imigrantes do Continente Sul-americano que jamais falam, leem ou escrevem português”.
O cônsul, Vicente Miguel Álvarez Gil, respondeu com celeridade – precisou apenas de 5 horas – e o conteúdo da comunicação não deixa dúvida sobre a qualificação da nossa diplomacia: O consulado serve para quase nada porque “é honorário” como se refere na própria resposta do ‘diplomata’. Mas vejamos a resposta do cônsul e sem tradução para evitar apreciações e porque é perceptível. Passo a citar: “Tanto en Santa Cruz de Tenerife como en Las Palmas hay sendos Consulados Honorarios para atender a los ciudadanos portugueses que residen o visitan Canarias. Si desea solicitar cita para realizar alguna consulta contacte a través del teléfono o correo electrónico reseñados en la página web del consulado. Para solicitar cita presencial para realizar trámites, expedir o renovar sus documentos en la próxima presencia consular de los funcionarios de la Embajada en Tenerife, prevista para la primavera de 2025 escriba un correo a: sconsular.madrid@mne.pt
Como este Consulado es Honorario y apenas realiza trámites administrativos, en caso de necesitar sus trámites con mayor urgencia podrá solicitar la cita en Madrid o en cualquiera de los Consulados Generales que hay en España a través de ese mismo correo electrónico. Una vez realizada la petición y pocos días antes de la Presencia Consular le llamarán y le comunicarán el día y la hora de la cita. Asimismo, le informarán de los documentos que ha de llevar y del coste de los servicios”.
Naturalmente, poderá afirmar-se que o cônsul não custa dinheiro aos portugueses porque encerra título honorífico. Mas o funcionamento terá certamente os seus gastos, como o aluguer do espaço na baixa da capital Santa Cruz, água, electricidade e consumíveis, tudo somente para gestão de tramites. Isto quando a Embaixada em Madrid dispõe de tecnologia que desloca: aparelho que permite emitir bilhetes de identidade e passaportes. Ora numa época em que Portugal propagandeia como estando na vanguarda das novas tecnologias, fazia todo o sentido que os Negócios Estrangeiros destinassem equipamento similar ao consulado. Evitava despesas de deslocação de funcionários de Madrid, mas acima de tudo livrava os cidadãos de terem de ocorrer de emergência à ilha da Madeira ou à embaixada de Madrid, tal como mandam o cônsul Vicente Miguel Álvarez Gil sugerir aos cidadãos portugueses residentes em Canárias.
Concluiu-se que estamos como estivemos mais de um ano: Sem consulado porque não se revela necessário. Afinal, em Canárias, Portugal não actua como a maioria dos países da União Europeia, onde a maioria dos consulados são como pequenas embaixadas.
– Texto por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico) ▪ fotografias de José Maria Pignatelli