Já são conhecidos os vencedores da 48ª edição do CINANIMA – Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho. A curta-metragem de animação “Beautiful Men”, do realizador belga Nicolas Keppens, foi a vencedora do Grande Prémio CINANIMA 2024 – Prémio Cidade de Espinho. Na competição Nacional, o Prémio António Gaio foi atribuído a “Percebes”, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves. A gala de prémios que decorreu este sábado, no Centro Multimeios de Espinho, premiou ainda a longa-metragem “Memoir of a Snail”, do realizador australiano Adam Elliot.
O Grande Prémio CINANIMA 2024 – Curtas-Metragens | Prémio Cidade de Espinho foi atribuído a “Beautiful Men”, do realizador belga Nicolas Keppens, uma co-produção entre a Bélgica, França e os Países Baixos. O filme retrata a jornada de três irmãos carecas que viajam a Istambul em busca de um transplante capilar, explorando de forma humorística e sensível as inseguranças humanas. O júri destacou “a qualidade da animação, o ritmo dinâmico e a abordagem profundamente humana e divertida.”. Por sua vez, o Prémio Especial do Júri foi atribuído a “A Crab in the Pool”, dos realizadores canadienses Alexandra Myotte e Jean-Sébastien Hamel, uma obra que se evidenciou “pela sua originalidade e sensibilidade ao mostrar o complexo processo de luto”. A curta-metragem “Zarko, You Will Spoil the Child!”, que homenageia as memórias familiares na Croácia dos anos 80, obteve uma distinção.
Na competição Internacional de Longas-Metragens o vencedor foi o australiano Adam Elliot com o seu filme “Memoir of a Snail”. A história de vida de uma estranha que encontra a sua confiança e o seu lado positivo no meio da confusão da vida quotidiana levou o júri a relevar a sua “magnífica e complexa narrativa, com personagens interessantes e uma história comovente que nos fez rir e chorar”. “Flow”, de Gints Zilbalodis, não deixou o júri indiferente e levou uma Menção Honrosa “pela ousadia de realizar uma longa-metragem com linguagem não-verbal”. O filme aborda a história de um gato que procura refúgio, num barco, com outros animais, num mundo onde a raça humana parece ter desaparecido.
Ainda na competição internacional, mas na categoria de estudantes, o prémio principal foi atribuído a “Unrecognized Character Detected”, da chinesa Song Ye, uma obra que mistura ficção científica e filosofia. Para o júri, a obra diferenciou-se pelas “ideias novas e originais, que são apresentadas com uma leveza que não prejudica a sua profundidade. A abordagem lúdica do filme, porém cuidadosa na construção do mundo, imediatamente capturou a nossa atenção”. Já “Dragfox”, da britânica Lisa Ott, levou a Menção Honrosa. A obra que combina a animação com o género musical convenceu pela sua “abordagem ao tema da autodescoberta” de forma “calorosa e convidativa, utilizando a dança e a música para irradiar a alegria e a diversão”.
Quanto à competição entre filmes portugueses, o Prémio António Gaio foi para “Percebes” das realizadoras Alexandra Ramires e Laura Gonçalves. O filme, que também já tinha conquistado o Prémio de Melhor Curta-Metragem no Festival de Cinema de Animação de Annecy, tem o Algarve urbano como cenário, e segue o ciclo completo da vida de um molusco especial chamado Percebes. “O que nos chamou a atenção neste filme foi a sensibilidade com que foi contado. A história é narrada através dos olhos de quem é do Algarve e isso torna a mensagem mais única. Tudo isto está feito com uma técnica incrível com planos muito elaborados e dinâmicos e um estilo muito pessoal e envolvente”, emite o júri, em nota. A curta-metragem “Percebes” arrecadou ainda o Prémio do Público.
A lista de vencedores do CINANIMA de 2024 inclui ainda duas outras distinções, todas para realizadores jovens. Esses prémios foram para: “Pelas Costuras” de Adriana Andrade, Luana Rodrigues e Daniela Tietzen, que ganharam o Prémio Jovem Cineasta Português (mais de 18 até 30 anos) e “Nunca Pares De Cantar”, da Associação de Ludotecas do Porto – Anilupa, EB de Fernão de Magalhães, que ganhou o Prémio Jovem Cineasta Português (até aos 18 anos).
Para Henrique Neves, enquanto diretor do CINANIMA e presidente da Cooperativa Nascente, que desde 1976 promove assim aquele que é o festival de cinema mais antigo do país, em atividade, e o terceiro de animação com mais longevidade no mundo, fica demonstrado que o “CINANIMA se reafirmou como um evento incontornável no panorama da animação internacional e como um espaço privilegiado para a promoção do cinema de animação, da criatividade e da formação. Ao celebrar o seu 48º ano, o Festival destacou-se não só pela excelência das obras exibidas, mas também pela amplitude das suas atividades e iniciativas paralelas, que consolidam o seu papel como referência cultural e também educativa”.
Entre os momentos mais marcantes, Henrique Neves sublinha o programa Cinanima nas Universidades, que este ano contou com a colaboração de 18 instituições do ensino superior, bem como o as 10 masterclasses orientadas por figuras de renome internacional. Estas atividades reforçam a missão do CINANIMA de aproximar os profissionais dos estudantes e do público da arte. Outro ponto alto foi a antestreia do filme “E Se Um Dia a Liberdade…”, uma obra colaborativa que envolveu alunos e professores de cinco escolas dos concelhos de Espinho e Ovar, num processo criativo que se estendeu por 12 meses”.
A 48ª edição do CINANIMA — Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, que começou a 8 de novembro, teve um total 113 filmes em competição. Com a distinção do Grande Prémio CINANIMA 2024 – Prémio Cidade de Espinho a ser atribuída ao filme ‘Beautiful Men”, de Nicolas Keppens, que passa assim a integrar a corrida ao Óscar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, na categoria de melhor curta-metragem de animação.
Competição Internacional Curtas-metragens
– Grande Prémio CINANIMA 2024 Prémio Cidade de Espinho
Beautiful Men, de Nicolas Keppens (Bélgica, França, Países Baixos)
Nota do júri: Pelo ritmo, qualidade da animação, humor e toque humano.
– Prémio Especial do Júri
A Crab in the Pool, de Alexandra Myotte e Jean-Sébastien Hamel (Canadá)
Nota do júri: Pela sua originalidade e sensibilidade em mostrar o processo complexo do luto.
– Distinção Curta-metragens
Zarko, you will spoil the child!, de Veljko Popovic e Milivoj Popovic (Croácia)
Nota do júri: Por todo o seu humor familiar, sensibilidade e ritmo.
– Prémio Melhor Sonoplastia
Entropic Memory, de Nicolas Brault (Canadá)
Nota do júri: O som visceral imprime um significado totalmente novo para as imagens de decadência.
– Prémio Melhor Filme Experimental
See the Sun Rise in the Moon, de Charles Nogier (França)
Nota do júri: Pelo seu visual original e pela utilização da luz para criar uma atmosfera assombrosa.
– Prémio Melhor Documentário Animado
I died in Irpin, de Anastasiia Falileieva (República Checa)
Nota do júri: Pela representação da realidade complexa e multifacetada da guerra.
– Prémio Melhor Argumento
A Crab in the Pool, de Alexandra Myotte e Jean-Sébastien Hamel (Canadá)
Nota do júri: Pela viagem através do labirinto de motivos, que nos leva a um final inesperadoe pungente.
– Prémio do Público
Percebes, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves (Portugal)
Competição Internacional Longas-metragens
– Grande Prémio CINANIMA 2024 – Longas-metragens
Memoir of a Snail, de Adam Elliot (Austrália)
Nota do júri: Pela magnífica e complexa narrativa, com personagens interessantes e uma história comovente que nos fez rir e chorar.
– Menção Honrosa Longas-metragens
Flow, de Gints Zilbalodis (Letónia, Bélgica, França)
Nota do júri: Pela ousadia de realizar uma longa-metragem com linguagem não-verbal, com uma riqueza em termos de som atmosférico e visuais, que reflete uma metáfora sobre as relações e a tolerância face a uma catástrofe iminente.
Competição Internacional Obras de Estudante
– Grande Prémio CINANIMA 2024 Obra de Estudantes – Prémio Gaston Roch
Unrecognized Character Detected, de Song Ye (China)
Nota do júri: O nível de habilidade e narrativa dos filmes de estudante deste ano foi muito alto. Muitos dos filmes selecionados podiam ter sido os vencedores. “Unrecognized Character Detected” foi o filme que nos uniu enquanto júri. É uma jornada surreal com elementos visuais incríveis. O filme de Song Ye é diferente da maioria dos filmes de estudantes, tanto no estilo como na narrativa. As ideias novas e originais são apresentadas com uma leveza que não prejudica a sua profundidade. A abordagem lúdica do filme, porém cuidadosa na construção do mundo, imediatamente capturou a nossa atenção.
– Menção honrosa
Dragfox, de Lisa Ott (Reino Unido)
Nota do júri: Também queremos mencionar o “Dragfox”, uma doce procura de identidade que se tornou musical com uma mensagem poderosa. Lisa Ott explora habilmente as diferentes facetas da identidade sem ser didática. A forma híbrida do filme, combinando perfeitamente a animação com o gênero musical, parece fácil e cativante. A sua abordagem ao tema da autodescoberta é calorosa e convidativa, utilizando a dança e a música para irradiar a alegria e a diversão.
Competição Nacional
– Prémio António Gaio
Percebes, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves
Nota do Júri: O que nos chamou a atenção neste filme foi a sensibilidade com que foi contado. A história é narrada através dos olhos de quem é do Algarve e isso torna a mensagem mais única. Tudo isto está feito com uma técnica incrível com planos muito elaborados e dinâmicos e um estilo muito pessoal e envolvente.
– Prémio Jovem Cineasta Português (Até aos 18 anos)
Nunca Pares De Cantar, da Associação de Ludotecas do Porto – Anilupa, EB de Fernão de Magalhães
Nota do júri: Este filme cativou-nos por ter a essência de uma criança presente em todas as partes do filme como a cor, as personagens e os traços. É uma história simples, mas com uma mensagem muito bonita e motivadora para as crianças.
– Prémio Jovem Cineasta Português (Mais de 18 anos até 30 anos)
Pelas Costuras, de Adriana Andrade, Luana Rodrigues e Daniela Tietzen
Nota do júri: Uma lufada de ar fresco onde é contada uma história difícil através de um estilo muito próprio e único. O resultado é um filme muito bem executado e uma aparência visual muito original
– Menção Honrosa
Amanhã Não Dão Chuva, de Maria Trigo Teixeira (Portugal, Alemanha)
Nota do júri: Foi extremamente difícil escolher um vencedor e este filme cativou-nos muito. Decidimos, por isso, atribuir a menção honrosa pela forma como esta história foi contada. Através de uma narrativa emotiva, o filme conseguiu falar de um tema tão difícil. Na nossa opinião uma das partes mais bonitas do filme foi a forma como conseguiram criar uma ligação entre o que a história diz e o que vemos no ecrã.