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Na capital de Tenerife, gastam-se 1 milhão na iluminação de Natal com 16,71% de cidadãos pobres

Incompreensível? Para uns sim; para outros talvez não.

Gastam-se 1 milhão de euros em iluminações de Natal na cidade de Santa Cruz que alberga 35 mil pessoas em pobreza extrema.

Cada um de nós que pense sobre estes gastos supérfluos, mesmo que realizados em nome do turismo como grande fonte de receitas nesta altura do ano, na capital de Tenerife. Talvez a cidade engalanada possa sugerir os turistas a gastar mais em compras. De qualquer modo, recordo que o número de turistas aumentou no último semestre, mas não significou maiores receitas para a economia da ilha, antes pelo contrário, registou-se um decréscimo. E por que razão? Os forasteiros que optam por Canárias são cada vez mais de uma classe que procura pacotes completos, ou seja, voo, estadia no regime de pensão completa. Veem, mas não querem gastar no comércio nem na restauração. Querem usufruir do clima subtropical, mas não querem gastar tudo o que pouparam ou o que não têm.

O Instituto Municipal de Atenção Social já atendeu, este ano, mais de 14.000 pessoas, em sua maioria mulheres e famílias que dependem de recursos mínimos para subsistir

Por outro lado, Santa Cruz é uma cidade suficientemente cosmopolita para dispensar iluminações de Natal demasiado ostentosas. Não conheço quem não goste de viajar até à cidade; quem não goste de percorrer o passeio marítimo, verdadeiramente sedutor, principalmente nesta época do ano, com uma temperatura moderada, um céu fantástico e um nascer do Sol que pode ser exuberante na maior parte dos dias.

Provavelmente, gastar na iluminação de algumas artérias que são mais escuras e podem transmitir sensação de insegurança. Aliás, nos últimos 24 meses, a ilha recebeu mais de 30 mil novos habitantes, a maioria sem que se lhes conheçam antecedentes; sem que lhes seja exigida muita informação; quase todos oriundos dos antigos países do Leste europeu, também muitos italianos que não sendo os mais  recomendáveis, mesmo de maior capacidade financeira que consegue passar somas elevadas sem que alguém questione a procedência do dinheiro.

O município da capital destina 1 milhão de euros para iluminação de Natal, enquanto as unidades de trabalho social do IMAS (Instituto Municipal de Atenção Social) já atenderam este ano mais de 14.000 pessoas, em sua maioria mulheres e famílias que dependem de recursos mínimos para subsistir. A decisão da autarquia de Santa Cruz, é justificada como um impulso ao espírito festivo e à dinamização económica, suscita críticas em uma cidade onde a desigualdade e as necessidades sociais marcam o dia-a-dia de milhares de cidadãos.

Mas para podermos reflectir melhor sobre a importância dos dados, devemos saber que o município de Santa Cruz tinha uma população de 209.395 recenseados, no final de 2023. Ora como a matemática é uma ciência exacta vejamos: Os pobres na capital da ilha representam 16,71% da população total.

33,8% em risco de pobreza

Um total de 775 mil pessoas nas Canárias – que tem um total superior a 2,2 milhões de residentes – estão em risco de pobreza e exclusão social. 33,8% da população.

O arquipélago tem a segunda maior taxa de pobreza e exclusão social do Estado, apenas atrás da Andaluzia. No entanto, esta taxa melhorou em 2,4 pontos percentuais em relação a 2022. Estes são os dados que se publicam no XIV relatório “O Estado da Pobreza. Acompanhamento dos indicadores da Agenda UE 2030 para os anos 2015-2022” que indica alguns motivos, principalmente, os efeitos das sucessivas crises e o aumento do custo de vida, decorrente da inflação e da especulação no sector imobiliário.

Ainda assim, Canárias é a comunidade autónoma que experimenta o maior aumento relativo do rendimento médio, de 10.716 euros em 2022 para 12.177 euros em 2023, o que contribui para diminuir os níveis de desigualdade. De qualquer modo, outros indicadores como o de pessoas em famílias com baixo nível de emprego, ou seja, com empregos sazonais, não têm experimentado uma melhoria significativa no conjunto das ilhas do arquipélago. Realmente, 14,3% da população (316.461 pessoas) vive em agregados familiares onde se trabalha menos de 20% do seu potencial total de emprego.

– Texto por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico) ▪ fotografias de José Maria Pignatelli

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