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Uma ideia genuinamente boa

Reedito um artigo para mostrar que os Norte-americanos ensaiam, desde sempre, experiências industriais inovadoras, mesmo as que acabam por construir-se fora do país. A maioria dos estadunidenses está contra a desindustrialização e menos vender tecnologia a terceiros como os europeus – particularmente os alemães – fizeram com o sector da automação relativamente à China.

Fisker Karma foi uma ideia genuinamente boa – um automóvel movido por dois motores eléctricos, através do eixo traseiro, com baterias alimentadas por motor de combustão e com sistema de travagem regenerativa – que acabou comprometida pelo próprio Henrik Fisker, um dos co-fundadores da marca por incumprimento das condições que estiveram na base de um empréstimo condicionado, incluído no programa estadunidense Advanced Technologies Vehicle Manufacturing Loan Program del Department of Energy. Estamos perante uma configuração que se devia estimular em virtude dos danos irreparáveis resultantes da extracção de metais pesados raros para produzir baterias para os carros 100% eléctricos também eles a dependerem indirectamente dos combustíveis fósseis para a produção de energia e a sua própria produção.

‘Karma’ é um automóvel imponente – com um comprimento de 4.970 mm, largura de 1.984 mm e uma altura de 1.310 mm – com um design admirável de fazer inveja aos melhores atelier europeus, de luxo, dos primeiros eléctricos – do tipo híbrido – com rendimento interessantíssimo, com soluções tecnológicas vanguardistas que só se começaram a generalizar pós 2018. Se existem premium – designação tão mal utilizada e comprometida quase exclusivamente a três grupos construtores alemães vá lá saber-se a razão -, este é um deles que deixa à margem tantos outros propagandeados pelos europeus como únicos numa indústria infelizmente demasiado globalizada e onde as marcas europeias quase não fabricam as suas peças e deixam muito a desejar

O projecto californiano construiu-se entre 2011 e 2012, na finlandesa Valmet Automotive. Nunca chegou a produzir-se nos Estados Unidos. ‘Karma’ é um automóvel imponente, com um design admirável de fazer inveja aos melhores atelier europeus, de luxo, dos primeiros eléctricos – do tipo híbrido – com rendimento interessantíssimo, com soluções tecnológicas vanguardistas que só se começaram a generalizar pós 2018. Se existem premium – designação tão mal utilizada e comprometida quase exclusivamente a três grupos construtores alemães vá lá saber-se a razão -, este é um deles que deixa à margem tantos outros propagandeados pelos jornalistas europeus como únicos numa indústria infelizmente demasiado globalizada e onde as marcas europeias quase não fabricam as suas peças e deixam muito a desejar.

A história deste imponente automóvel sai do engenho do dinamarquês HenriK Fisker, o autor de duas belezas inolvidáveis como o BMW Z8 (1999) e o Aston Martin DB9 de 2004, o dinamarquês Henrik Fisker.

Depois de conflitos judiciais e falência, os direitos da ‘Fisker’ foram adquiridos em 2014, pelo grupo chinês Wanxiang que proporcionou a fundação da Karma Automotive, com sede no Estado Norte-americano da Califórnia. Primeiro passo modernizar o modelo Karma e rebatizá-lo como Revero que se deverá comercializar no mercado europeu seguindo o anuncio feito em agosto último.

Mas centremo-nos no ‘Karma, de 2012.

Para quem sabe das potencialidades da criatividade e da indústria Norte-americana, dar de caras com um destes automóveis faz-nos recordar o ‘sonho americano’ e o quanto lhes arrelia e agasta a vaidade europeia falseada à razão de uma qualidade tantas vezes questionável. O Fisker Karma fez-me puxar de uma cadeira de praia abri-la e sentar-me a observá-lo a relativa distância: os seus quase 5 metros de comprido (4.970 mm), a sua largura de 1,984 metros, associado a uma altura de 1,31 metros, a umas jantes de 22 polegadas e a um perfil translucido do tejadilho transmitem-nos uma imagem de grandeza, robustez, mas ao mesmo tempo de subtileza. Já de volta dele somos surpreendidos pelo seu tejadilho solar que serve para recarregar a bateria de 12 Volts que alimenta as funcionalidades acessórias, ou seja, de todos os instrumentos e iluminação interiores que é da autoria da Asola Advanced and Automotive Solar Systems GmbH, uma filial da Quantum Technologies.

Quase nenhuns plásticos à vista

Fisker Karma é propulsionado por dois motores eléctricos no eixo traseiro de 120 kW (163 CV) alimentados por baterias de iones de litio de 20,1 kWh fabricada por A123 Systems cujo gerador é um motor a gasolina de 2,0 litros, de quatro cilindros em linha, de injecção directa e sobrealimentado, com 286 cavalos (260 HP) fabricado pela General Motors, da geração VVT DI EcoTec.  El sistema de propulsão híbrido Q-Drive está fabricado por Quantum Technologies e ainda é dos mais eficazes que se conhecem. A sua plataforma com algumas alterações quase imperceptíveis também é hoje utilizada para modelos 100% eléctricos como o Porsche Taycan e o Audi e-Tron GT. Mas independentemente dos propósitos tecnológicos este automóvel encerra materiais excedentes e a particularidade das cores interiores – das peles sejam invertidas ou não e de outros acessórios – serem quase irrepetíveis, ou seja, cada Fisker Karma poder ser um veículo exclusivo. A maioria dos plásticos intrínsecos à industria são imperceptíveis, estão forrados ou simplesmente não existem; foram trocados pelo alumínio ou compósitos. Surpreendente à época, o écran táctil resistivo com resposta háptica (Haptic feedback) de 10,2 polegadas.

De volta deste Fisker somos surpreendidos pelo seu tejadilho solar que serve para recarregar a bateria de 12 Volts que alimenta as funcionalidades acessórias, ou seja, de todos os instrumentos e iluminação interiores que é da autoria da Asola Advanced and Automotive Solar Systems GmbH, uma filial da Quantum Technologies

O Karma tem dois modos de condução: Stealth (apenas eléctrico) e Sport. O sistema de travagem regenerativo também tem dois modos: Hill Mode 1 e Hill Mode 2 com mais retenção.

Quanto à autonomia total, com um tanque de gasolina cheio e a bateria totalmente carregada consegue-se percorrer aproximadamente 230 milhas terrestres, ou seja, 370, 149 quilómetros. Naturalmente este resultado – como em qualquer outro veículo seja a combustão, hibrido ou 100% eléctrico – fica dependente da forma e vícios de condução de cada um de nós.  Segundo os testes independentes realizados pelo TUV alemão – Technischer Überwachungsverein|Technical Inspection Association – a autonomia em modo eléctrico do Karma é de 83 quilómetros. Já a autonomia oficial EPA de consumo misto em modo apenas elétrico é de 52 milhas (83,686 Km) por galão de gasolina (4,546 litros).

De qualquer modo, a TUV indica que o consumo misto do Fisker Karma é de 2,1 litros aos 100 Km, enquanto que no modo sport, com o motor a gasolina a gerar electricidade para manter a carga das baterias o consumo é no máximo 9,2 litros em 100 quilómetros.

Apesar dos estatísticos, o mais importante é que com esta berlina de quatro portas e outros tantos lugares para passageiros, se pode conduzir dentro dos novos parâmetros ambientais como todos das novas gerações de híbridos ou híbridos plug-in. Conseguimos também exagerar a nossa condução e divertirmo-nos sem que isso se reflicta imediatamente no consumo de gasolina. O Fisker Karma é marcadamente desportivo, mas consegue-se um nível de conforto admirável melhor que no concorrente Porsche Panamera. O modelo americano encontra-se limitado às 125 milhas por hora – 201 Km/h – e acelera dos 0 aos 100 Km/h em 6,4 segundos.

Este automóvel era vendido em novo entre os 102.000 e os 116.000 dólares US. Presentemente é possível adquirir um veículo destes entre os 30.500€ e os 124.900€, neste último caso para a recente versão ‘Revero’, sendo que a média se situa no intervalo dos 42 aos 54.000€.

Na globalidade o Fisker Karma tem design admirável de fazer inveja aos melhores atelier europeus. Acima de tudo, demonstra bom gosto de quem idealizou o interior e as combinações de cor das peles utilizadas. É um prazer usufruir de um ambiente assim, distante da austeridade da maioria dos automóveis de luxo. Também a ousada decisão de criar um interior apenas para 4 passageiros.

Este modelo automóvel foi adquirido por algumas estrelas do mundo do espectáculo e do cinema: Justin Bieber, Frank Walker, Manny Fresh, Logan Henderson e Leonardo DiCaprio. Já o famoso guitarrista Carlos Santana acabou por colocar à prova a resistência ao impacto dos Fisker Karma: adormeceu ao volante, colidindo violentamente com outros dois veículos que se encontravam estacionados e saiu ileso.

Está de volta com o nome ‘Revero’

O modelo que a a empresa promete agora tem como designação comercial ‘Revero’, mas internamente é conhecido como Gen III, melhoramento do Gen II que não conheceremos. Mantém o essencial do ‘Karma’, da sua intemporalidade exterior, mas também a característica interior com a modernização do painel de instrumentos, sem exageros.

A primeira novidade que salta à vista é a utilização de um tejadilho convencional. Propósito de baixar o peso de 2490 kg para 2287 kg aproveitando também a substituição do motor de 4 cilindros de 2,0 litros, da GM, por um de 1,5 litros de 3 cilindros da BMW que se celebrizou no BMW i8 de 2014.  Depois, o construtor anuncia maior autonomia pelo incremento do contido energético – bateria de iões de lítio com células prismáticas – que passa de 21 kWh para 28 kWh, o que proporcionará percorrer 128 quilómetros em modo 100% eléctrico.

O novo ‘Revero’ mantém o conceito de berlina de alto rendimento:  Trata-se de um automóvel eléctrico com extensor de autonomia EREV quer dizer: Extended-range Electric Vehicle. Ou seja, ao inverso dos híbridos plug-in, o motor térmico serve apenas como gerador, tal como no irmão mais velho karma, não estando conexo às rodas. Tecnicamente, continua a ser um híbrido em série, enquanto os plug-in são híbridos paralelos ou série-paralelos.

Então, como modo de comparação, centremo-nos registos anunciados para o novo Karma Revero: motor de 3 cilindros de 1,5 l, com 231 CV (170 kW) só para alimentar a bateria; e 2 motores eléctricos, um por roda traseira, cada um com 200 kW, o equivalente a 272 CV. Assim, o novo automóvel tem uma potência máxima combinada de 400 kW, o equivalente a 544 CV.

– por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico) ▪ Fotografias de José Maria Pignatelli e Valmet Automotiv

José Maria Pignatelli

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