Os bastidores de quem promove a propaganda cinzenta está fervilhando, e começam já a sair algumas flechas com destinatário designado, visando putativos candidatos, não que os próprios o tenham assumido ou declarado, mas porque os órgãos de comunicação social os “nomearam”.
Surpreendentemente uma das Tv’s de massas cá do burgo, anunciou ao mundo que o senhor Almirante Gouveia e Melo, já tinha o apoio da Maçonaria, essa tenebrosa organização, no dizer de alguns, e ainda me lembro de Alberto João Jardim, nos seus tempos áureos, atribuindo à maçonaria tudo e um par de botas, em matéria de malefícios. Uma tonteria pegada.
Como tonta é a afirmação de um pseudo apoio da “maçonaria”, porque falta indicar qual das maçonarias a que se refere esta propaganda, cuja manipulação pretende levar o vulgo a acreditar.
Noutra Tv de massas, entrevistaram um ex-grão mestre (Past Grão Mestre como se designa no meio maçónico), que afirmou, taxativamente, que o senhor Almirante não é Maçon, e que um grupo de pessoas, entre as quais alguns maçons, apoiavam o senhor Almirante, para a Presidência da República.
Parece de uma mediana cristalinidade que o objetivo é apodar Gouveia e Melo, talvez por ser Almirante da Marinha de Guerra, atribuindo-lhe uma condição maçónica, não sei se escorados na coincidência da maçonaria ter sido introduzida no Reino de Portugal, pela marinha inglesa, a qual realizava a bordo das suas embarcações sessões maçónicas, nos três graus (Aprendiz, Companheiro e Mestre), simbolizando ali as “lojas azuis” (numa referência ao céu, tido como limite de uma “Oficina”, também designada por “loja”), bem assim como a referência aos brindes maçónicos feitos com “canhões” (copos de vidro) devidamente atestados com “pólvora preta” (vinho tinto), ou “pólvora branca” (vinho branco), dedicados, em regra, a um conviva do ágape (refeição), especial, ao Venerável Mestre, o homem do malhete, símbolo do poder do oriente da loja, de quem emana a “luz” da sabedoria, em loja, ao Grão Mestre e finalmente á autoridade máxima profana (não iniciada, pois que em frente “pro”, do templo “fanus”) do território, no caso o Rei (á época) ou o Presidente da República (actualmente).
Só falta mesmo que o whisky preferido do senhor Almirante seja a marca J&B, símbolos alfabéticos tão conhecidos por companheiros e aprendizes, respetivamente.
Julga-se, ainda, saber que a única “prancha” conhecida pelo senhor Almirante seja a que dá acesso ás embarcações, e não os trabalhos maçónicos apresentados em loja.
Sucede que estas coincidências, históricas e factuais, não fazem de um marinheiro um Maçon, de “per si”, concomitantemente, não é porque Gouveia e Melo é Almirante, que passa a ser Maçon.
Sê-lo-á, se, e quando como tal for reconhecido pelos irmãos (obreiros), pois todos os meios maçónicos são sistemas assentes em reconhecimento.
Fugindo à regra, era militar de cavalaria, o único Grão-Mestre da maçonaria portuguesa de então enforcado ás ordens do tenebroso General inglês Beresford, o mesmo que ordenou a entrega de Olivença aos castelhanos depois da briosa infantaria portuguesa a ter reconquistado, ficando cognominada como “Dragões de Olivença”, mandados acantonar pelo “bife” em Estremoz.
Gouveia e Melo, firme e impoluto nos seus princípios, percebeu que o “sistema” não lhe permitiria fugir ao tema, enquanto mantivesse a sua condição militar, decidindo, antecipando-se, a deixar essa condição quanto antes, para aí sim assumir o que entender dever assumir.
Deixou, pois, de mãos a abanar aqueles que se preparavam conspurcar a sua condição militar.
Condição que provoca urticária em alguns doutos opinantes, que se esforçam denodadamente em elaborar teses de uma “natural” incompatibilidade entre um cidadão que foi militar e um outro que nem ao serviço militar foi. Um disparate pegado, como se vê.
Outra armadilha, foi a inicial “bondade” do partido CHEGA em apoiar o senhor Almirante, sendo certo que a esquerda, alerta e vigilante, se preparava para se lançar contra o Almirante, atirando-se qual gato a bofe. Isso levou, mais uma vez, Gouveia e Melo, a actuar com rapidez, dispensando apoios partidários … salomónica sabedoria.
Na verdade as eleições Presidenciais são em bom rigor apartidárias, e os partidos não podem apresentar candidatos próprios, apenas dar o seu apoio a quem quiserem, se o quiserem, mas as candidaturas são unipessoais, de cidadãos.
Isto levou o líder do CHEGA, André Ventura, a perceber que na perspetiva do seu partido, não arranjaria melhor palco que uma candidatura presidencial … na qualidade de candidato, terá espaço em todos os telejornais de horário nobre, para veicular os seus objectivos, naturalmente, compagináveis com os do seu partido. Em matéria de estratégia, genial.
Está bem de ver que o tema da imigração vai ser a “fruta” principal do bolo rei, e será, quiçá, uma extraordinária oportunidade de perceber de que lado está a população, relativamente a esta matéria, se do lado dos que repudiam a acção policial tipo “Martim Moniz”, se do lado dos que a apoiam como necessária á segurança, por um lado, e por outro lado se o povo está com aqueles que querem estrangeiros em peso e em força, sem regras, “venham, venham, entrem, entrem”, ou se do lado de quem segue o lema “em minha casa entra quem eu quero, e cumpre as minhas regras”.
Para já, só se conhece, oficialmente, a disponibilidade de um candidato – André Ventura – Gouveia e Melo, nada disse, ainda, assim como Marques Mendes, cujas “missas” de fim de semana, mimeticamente, inspiradas em Marcelo Rebelo de Sousa, assim o indiciam há muito tempo.
Outros nomes, não passam, para já, de palpites, tipo barro atirado à parede, para ver se cola … .
Oliveira Dias, Politólogo
Publicado na Revista NoticiasLx: