A vingança é um prato que se serve frio, Trump sabe-o e levou à letra, durante os últimos 4 anos toda a gente “malhava” nele, com toda a espécie de impropérios, quer nos states, quer sobretudo fora dele, num erro de palmatória no mundo da diplomacia.
Tentaram de tudo, quando escarnecido, revidava de volta, tentou-se a via judicial para o colocar atrás das grades, não resultou, tentou-se impedi-lo de voltar a candidatar-se, nada feito.
Enfim foi um carnaval de 4 anos.
Chegados á escolha popular, os americanos apostaram num resultado que deixou em choque a américa, e pior, o mundo.
A Europa, durante muito tempo foi palco de movimentações, com as melhores agências de desinformação a esfalfarem-se em “esquemas”, visando abrir brechas na dependência europeia das energias fornecidas pela federação russa, mormente o gaz, e o petróleo, que alimentavam a maior economia europeia, a alemã.
A guerra na Ucrânia, foi o “leitmotiv” para “desligar” a Europa da Rússia, e finalmente o sonho americano concretizou-se, a Europa rompeu com a Rússia, os gasodutos foram sabotados, de modo a ficarem inoperacionais, ficando a Europa no colo da América que prontamente se substituiu à Rússia, pese embora com preços ao dobro e ao triplo, para europeu pagar.
Porém, com a chegada de Trump ao poder, em todo o seu esplendor, as “ordens executivas” por ele emanadas fizeram tremer o mundo.
A técnica de Trump, experimentado negociador, é verbalizar umas ameaças a roçarem o infantil, e de uma assentada, começa a tratar Justin Trudeau, o primeiro-ministro do Canadá, como governador, e anuncia que o Canadá deveria virar um Estado da federação americana, a Gronelância segundo ele, está destinada a integrar os states, nem quem seja à força, a Dinamarca que se cuide, ameaça ele, e quanto ao canal do Panamá, é certo, para ele, que a américa, que o construiu, vai voltar a tomar posse do mesmo, como castigo de se aproximarem muito dos chineses, o País que realmente atemoriza Trump.
Por cá, está-se mesmo a ver, no conselho de ministros, o governo fazer votos, em voz baixa para ninguém ouvir, para Trump não se lembrar da base das Lages, nos Açores, caso contrário ainda o vamos ver a degustar um cozido feito nas furnas.
O México foi ameaçado com tarifas extras, como castigo por deixarem os migrantes dade toda a américa do sul chegar aos states.
O Canadá leva com a mesma medida, por serem, segundo Trump, responsáveis pelo contrabando de uma droga qualquer, para território americano.
E, reitere-se, tudo começou com as verbalizações de Trump, anunciadas ao mundo.
Isto traz-me à memória uma coleção de livros de luxo, patrocinada por Alberto João Jardim, pagas pelo erário público madeirense, no qual se coligiam, diligentemente, e em detalhe, todas as obras concretizadas pelos sucessivos governos de Alberto João Jardim, em especial o título da obra “RES NON VERBA”, latim, cuja tradução, livre, é mais ou menos “actos ou factos em vez de palavras”, numa alusão á circunstância de que o que conta são as realizações e não as promessas, o que se diz que se vai fazer.
Mas no caso de TRUMP sucede o inverso, ou seja, “Verba non Res”, traduzindo como, “Palavras em vez de actos”.
As palavras de TRUMP, são as suas ameaças, as quais quase sempre têm uma consequência que vai ao encontro do que pretende, veja-se o caso da gronelância, a Dinamarca apressou-se a dizer que está disposta a proporcionar mais território, para além do que os americanos já lá têm com as suas bases militares, aumentando a sua presença.
O Panamá, cortou com a China, diligências em curso que beneficiavam a China, talvez traumatizados, ainda, com o passado, quando um seu Presidente, o General Noriega, foi preso por forças americanas e levado para os states e colocado nos calabouços, onde está a apodrecer, acusado de ser um narcotraficante.
O Canadá, e o México, depois de conversa telefónica com o dono do continente americano, conseguiram umas migalhas, expressas num “delay” da aplicação das tarifas de 30 dias, e mobilizaram milhares de tropas para as respectivas fronteiras para conter a avalanche migratório que pressiona a américa do norte.
Com esta técnica do Verba non Res, Trump conseguiu, sem mexer uma única palha resultados imediatos.
Segundo Sun Thsu, o brilhante estratega militar da antiguidade, autor da obra “A arte da guerra”, presente em qualquer estante de estratégia, “O melhor general, é aquele que vence as guerras sem mobilizar os seus exércitos”.
Se não é isto que Trump fez, então não sei o que será … .
Quanto á Europa, Trump, despreza-a. Pudera, quando se viu todos os estadistas da União Europeia apostarem no cavalo errado, o ego do homem, ferido, mas não vencido, dá agora o troco, sob a forma de indiferença e até desprezo.
O Curioso disto tudo é que a Europa rompe com a Rússia, incentivada pela América, consumando a rutura, e agora é a própria América a abandonar a Europa.
Haverá, certamente, por essa europa fora, quem se lembre da apologia, no século passado, de forças armadas próprias, europeias, quando timidamente se instituiu a UEO, cujo Presidente foi o Embaixador Português Cutileiro, mas sabotada por uma elite “american friendly”, cuja apologia era a desnecessidade de uma missão assegurada pela NATO, havendo, na época, quem defendesse uma NATO de ramo europeu, mas sempre NATO.
O problema de Trump, é o exagero, e se não houver ninguém que lhe explique que a diferença entre veneno e remédio é a dose, as coisas podem vir a assumir proporções indomáveis, por um aldo, e por outro lado alguém terá de explicar a TRUMP, que a história da humanidade está cheia de impérios que soçobraram, uns sobre o seu próprio peso, outros porque os mais pequenos se juntaram contra o maior de todos, e venceram-no, outros ainda, numa analogia biblíaca, encarnaram David contra Golias, com os resultados que conhecemos.
Oliveira Dias, Politólogo
Publicado na Revista NoticiasLx:
NoticiasLX de 08 de Fevereiro de 2025 – Loures e Grande Lisboa Informação | Opinião | Área Metropolitana