JURAMENTO DE BANDEIRA – SIMBOLOS

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A problematização de certos símbolos, cujo anátema resultou de uma utilização histórica indevida dos mesmos, por parte de ditadores responsáveis por genocídios, levam a fenómenos de rejeição, repulsa mesmo, em particular por símbolos dito “nazistas”, mas que em boa verdade de Nazi nada têm, o que acontece é terem sido utilizados pela “entourage” Nazi, dando-lhes a má fama hodierna.

Em Portugal, de vez em quando, lá surge uma indignação, em especial se um gesto, um símbolo, é praticado, ou usado, por um político, e exemplos não faltam, sendo o último com um conhecido deputado açoriano.

Aparentemente, e segundo o partido Livre, o referido deputado açoriano fez a saudação Nazi, quando instado a pronunciar-se em votação, para indicar o seu sentido de voto. O gesto foi o esticar do braço para a frente, fazendo lembrar a saudação de Hitler.

Este gesto é milenar, e muito anterior a Hitler, e ao seu propagandista mor, quiçá o mentor da saudação, Joseph Goebbels, que se limitou a copiá-lo, em vista ao seu significado.

Na verdade a saudação remonta aos legionários romanos, e não só, no império romano, onde, dos senadores aos patrícios, todos a usavam como norma padrão de saudação e cumprimento social.

A saudação olímpica consistia no mesmo gesto, após se deflagrar a chama olímpica na base que a manteria acesa durante a duração destes. Após a Segunda Grande Guerra foi sendo abandonada, porém, por exemplo em Amsterdão subsiste estatutária alusiva, sem que isso cause algum incómodo.

Nas forças armadas portuguesas, subsiste ainda o gesto de juramento de bandeira que utilizei no meu juramento e os demais camaradas do regimento, precisamente o braço esticado para a frente.

Então se o mesmo gesto é ancestral e ainda se usa, porque razão o anátema continua a ser o nazismo? Porque deixamos que tal ideologia se aproprie da história, e se sobreponha a tudo o resto?

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Na mesma senda o nazismo “capturou” outros símbolos, por exemplo a cruz suástica (svastika, em sânscrito, tendo até um nome alternativo na India – shubhtika), tendo sido o responsável pela sua adopção o inefável Heinrich Himmler, o homem das SS, e que partilhava, com Hitler, um particular fascínio pelo hermetismo, a magia, esoterismo, etc, que o levaria a constituir equipas especiais para vasculhar o globo em busca de artefactos e mistérios, como o Graal, maçonaria e templarismo (a perfuração no solo, mesmo ao lado da charola, da sede templária portuguesa – Tomar – é disso exemplo), deu de caras com o simbolismo indiano, nele se inspirando para adoptar a cruz suástica.

Dos dois tipos de cruz suásticas, uma roda para a direita, outra para a esquerda, em movimentos opostos, os significados são também eles opostos, “Construção” e “destruição”. A cruz adoptada por Himmler é o da destruição.

A cruz suástica, é, pois, actualmente injustamente diabolizada, independentemente de se tratar da cruz da construção ou da destruição, por pura ignorância, e é hoje possível encontrar esses símbolos sem que isso cause perturbação, veja-se o exemplo do templo hindu em telheiras, Lisboa, cujo revestimento exterior é constituído por cruzes suásticas, não é certamente em memória de Hitler.

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Outro exemplo, talvez até mais impactante, é o símbolo estilizado da cidade de Lisboa, preto e branco (a fazer lembrar o estandarte templário beuasant), ou o mosaico da maçonaria, e curiosamente o campo a preto é a suástica da construção, e o campo a branco é o seu contrário, tudo numa só bandeira. Ora não me consta que os puritanos e as vestais da pureza, alguma vez se tenham incomodado com tal simbologia, atribuindo-a ao nazismo.

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É o que sucede também com as cruzes militares de Portugal e Alemanha, seja a nazi seja a actual, que condecoram actos de heroísmo, e não só. São iguais. Não será por acaso, ambas foram popularizadas por ordens de cavalaria da máxima importância na história europeia, fruto da visão de Bernardo de Claraval – os Templários, e os Teutónicos, que marcaram a história de Portugal e da Alemanha respectivamente.

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A principal joia náutica da marinha de guerra portuguesa é o navio escola sagres, mas o que poucos sabem, é que este fazia parte da marinha de guerra nazi, construído nos estaleiros alemães, e ofertado ao Brasil, no pós-guerra a título de indemnização de guerra, e mais tarde vendido a Portugal ao desbarato. O seu passado nazi nunca incomodou ninguém. E bem.

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Veja-se no mundo automóvel, três marcas muito conhecidas, uma a Volfkswagen, Porche e a Ford, o que têm de comum? Um passado nazista.

A Volkswagen, na verdade é a junção de dois vocábulos alemães: Volk (povo), e Wagen (carro), resultando em carro do povo. A sua origem radica no desejo de Hitler em poder proporcionar a todos os alemães uma viatura fiável, robusta e acessível, levando-o encomendar a um talentoso engenheiro alemão – Ferdinand Porche – aquele que viria a ficar para a história como o “carocha” em Portugal, “fusca” no Brasil e “Herby” nos states.

Henry Ford, o genial inventor da “linha de produção”, promotora da especialização, criador do Ford T, do qual dizia ao cliente “podem escolher a cor que quiserem, desde que seja preta”, grande admirador de Hitler, foi um dos seus principais, senão mesmo o principal, financiadores e mecenas.

Estas três marcas foram penalizadas pelas suas ligações ao demoníaco Hitler e seu regime? Claro que não.

Os americanos são os orgulhosos e inchados detentores da fama de terem levado o homem à lua, mas quem tornou isso possível foi Von Braun, o cientista chefe de Hitler, “recrutado” pela tropa americana após o derrube do terceiro reich, também se devendo à sua genialidade, a invenção dos aviões com motor a jacto, os misseis (V1 e a V2 que tanto devastaram londres) e outras inovações tecnológicas que fizeram o mundo avançar.

Se o gesto de saudação legionária adoptada por Hitler incomoda assim tanto, porque razão tudo o resto não tem o mesmo efeito?

Há que relativizar.

Oliveira Das, Politólogo

Publicado na Revista NoticiasLx:

NoticiasLX de 15 de Fevereiro de 2025 – Loures e Grande Lisboa – Informação | Opinião | Área Metropolitana da Grande Lisboa

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