Em democracia não vale tudo para ganhar eleições, sendo necessário decoro político nas promessas que se fazem, sabendo-se de antemão que nunca serão cumpridas ou então se o forem será muito tempo depois dos prazos inicialmente anunciados. Cumprir promessas eleitorais com atrasos muito significativos também configura um embuste político, estando-se a enganar as populações. Mas nisso PS e PSD são especialistas encartados.
No Concelho de Odivelas, para além das promessas não cumpridas pelo Partido Socialista, de que são exemplos, os Projetos O`Tec e Odi-Vilas que nunca saíram do papel, há inúmeras outras que continuam pendentes e a aguardar melhor oportunidade para conclusão, mas que foram ou serão utilizadas em diferentes campanhas eleitorais, como é o caso do Metro Odivelas – Loures.
O Metro Odivelas – Loures, agora rebatizado como Linha Violeta, é uma promessa eleitoral do Partido Socialista nas eleições autárquicas de 2009. Estamos em 2025 e ainda não se cumpriu o prometido, tendo havido tempo mais que suficiente, nos últimos 16 anos, para se iniciar e completar a obra. É o resultado de se fazerem promessas eleitorais, sem estarem acautelados os estudos, a viabilidade e o financiamento dos projetos respetivos.
Só em julho de 2021, cerca de 12 anos após a promessa eleitoral inicial é que, com pompa e circunstância e com a presença da comunicação social e do Primeiro-Ministro de então, António Costa, foi assinado o Protocolo de Cooperação, para a concretização do projeto, em modo de Metro Ligeiro de Superfície Odivelas – Loures, tendo sido dito que o financiamento seria através do PRR.
Em setembro de 2021, durante a campanha eleitoral para as autárquicas, o Partido Socialista elegeu mais uma vez o projeto do Metro Ligeiro de Superfície como uma das principais promessas, o que deve ter contribuído de forma significativa para a sua vitória em Odivelas com maioria absoluta, porque de facto estamos perante uma importante obra estrutural para este território.
O concurso público internacional para a realização da Linha Violeta só foi lançado em março de 2024, já com o PSD no Governo, com o preço-base de 450 milhões de euros, com cofinanciamento do PRR e do Orçamento de Estado, mas ficou deserto porque as duas propostas válidas apresentadas, uma de 637 milhões de euros e outra de 495 milhões de euros, excediam os valores máximos previstos.
Face a esta situação, o Governo do PSD, foi obrigado a retirar o projeto da Linha Violeta do PRR por já não ser possível cumprir o prazo de realização da obra até ao final de 2026. Mais um atraso em perspetiva.
Mudam-se os tempos, mas a demagogia vai-se manter, sendo expectável que o projeto da Linha Violeta, seja incluído nas promessas das próximas eleições autárquicas, estando agora o PS acompanhado pelo PSD. O Bloco Central dos interesses no seu melhor.
Com efeito, o Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, afirmou no Parlamento, no passado dia 12 de fevereiro, que a Linha Violeta será sujeita a novo concurso público internacional, mas agora com outra fonte de financiamento. Estão, assim, criadas as condições para que a Linha Violeta continue a fazer parte das promessas das próximas eleições autárquicas e provavelmente das subsequentes.
O PRR, à semelhança dos restantes Fundos Comunitários, tem sido o motor para os investimentos de maior monta realizados nos últimos anos em Portugal, mas o projeto da Linha Violeta já não poderá beneficiar deste financiamento, por lentidão e absoluta negligência de todas as autoridades públicas envolvidas. Quando o rigor para cumprimento de prazos aumenta, colapsa a eficiência pública.
É o “déjà vue” do costume, sendo a responsabilidade partilhada pelos anteriores Governos de António Costa e o atual de Luís Montenegro.
O projeto da Linha Violeta é uma importante obra que irá impactar positivamente nas populações de Odivelas e Loures, nomeadamente na melhoria de mobilidade e na redução de tráfego rodoviário e na descarbonização, mas a opção ideal teria sido um metro clássico, subterrâneo, pesado, integrado na rede de metropolitano que permitisse maior velocidade, mais comodidade e mais passageiros. Assim é metro, mas ligeiro.
A Linha Violeta não tem uma articulação direta com o Metropolitano de Lisboa, só sendo possível fazer essa ligação, através do exterior, atravessando-se a pé a Rua José Gomes Monteiro em Odivelas. Complicação desnecessária de circulação de peões à superfície numa rua de intenso tráfego rodoviário de viaturas ligeiras e pesadas de passageiros e de entrega de mercadorias.
Para complicar ainda mais, quem pretenda viajar de metro de Odivelas para o centro de Lisboa, com o fim da Linha Amarela e a nova Linha Circular, terá de fazer mais um transbordo no Campo Grande.
Vai ser necessário muita paciência para usar a Linha Violeta e depois a Linha Circular, com transbordos a mais e comodidade a menos. Esperemos que tudo corra bem.
– Fernando Pedroso, Líder da bancada do CHEGA na AMO e Adjunto do Conselho Jurisdicional do CHEGA