Já Chegámos à Madeira

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Entramos esta semana em mais uma crise política que conduzirá a breve prazo a eleições legislativas (11 ou 18 Maio, segundo Marcelo), num cenário em muito idêntico ao que se passa no Governo Regional da Madeira com Miguel Albuquerque.

Não sendo a causa principal, tal como na Madeira, a governança, a grande questão é o chefe do governo e se terá condições para continuar a ser Primeiro Ministro de Portugal e chefiar o Governo.

No Continente tal como na Madeira os chefes do governo com o apoio do mesmo partido, o PSD, afirmam que mau grado a sua contestação em função de alegado desrespeito pelas normas e princípios éticos eles serão candidatos nas próximas eleições e, não sendo as legislativas eleições para chefes de governo, aqui como na Madeira, serão eles os indicados pelo mesmo partido, o PSD, para chefiar o Governo.

A primeira questão que nos assalta é se haverá alguma lucidez nestas decisões de manter os contestados Chefes de Governo quando é sabido que, na ausência de uma maioria absoluta, o que todos duvidamos que possa acontecer para o lado do PSD, o mesmo ex-chefe de Governo se apresentar ao Parlamento com o Programa de Governo e Orçamento. Será que os partidos que neste momento não reconhecem ao Chefe do Governo condições políticas para desempenhar o cargo vão alterar a sua posição até à apresentação de um possível novo Governo do PSD? Pelo contrário, o que se perspectiva até à data das próximas eleições será uma campanha cujo foco serão as alegadas incompatibilidades e faltas de ética, do Chefe do Governo.

Sendo óbvio que o que está em causa é o Chefe do Governo e nem sequer a governança, porquê sacrificar o País a mais uma suspensão de atividade e indefinição nos vários setores chave da sua atividade?

A par desta aposta num jogo perigoso do Chefe do Governo que tudo arrisca, porque não tem a humildade de se retirar de cena, fica em aberto a possibilidade de o PS ganhar as próximas eleições e aqui convirá lembrar que neste Parlamento o PS e o PSD têm o mesmo número de Deputados e que o CHEGA é um dos grandes beneficiados desta situação tal como o Almirante Gouveia e Melo e até Passos Coelho.

Se o atual líder do PSD perder as eleições, o caminho está aberto para Passos Coelho… o que, com um governo minoritário do PS e uma maioria parlamentar à direita poderá levar à sua queda a curto prazo e poderá, em novas eleições, já com Passos Coelho à frente do PSD, ser uma opção de Governo do PSD com apoio do CHEGA e este é um cenário no limite a 2 anos.

Na verdade, se Passos Coelho tivesse sido o líder do PSD e Chefe do Governo atual, era evidente que no mínimo o governo contaria com o apoio parlamentar do CHEGA e tínhamos poupado uns anos e muitos milhares de milhões, mas o PS? Será que já estará recomposto da queda eleitoral? À esquerda do PS os partidos tendem a perder representação parlamentar e a direita com o CHEGA a aumentar a sua representação. Ao PS já não basta ganhar as eleições tem de atingir uma votação que lhe permita com acordos parlamentares uma estabilidade para governar à esquerda… Era mesmo disto que estávamos a precisar – uma crise política e eleições legislativas e sobretudo o que nos faz falta é termos de novo como candidato alguém que foi o foco desta situação.

Já chegámos à Madeira.   

  • António Guedes Tavares

Editorial

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