O leite gordo está em extinção. Quando a alimentação se torna ideologia

Quem costuma fazer compras nos supermercados já deve ter reparado na falta de leite gordo. Contudo, não é só a escassez de leite gordo que se nota, mas também a mudança silenciosa do nome deste alimento essencial que agora passou a ser denominado leite inteiro. Às vezes o que parece é, e neste caso parece que estamos perante o triunfo de um dos pilares do wokismo que é a mudança da linguagem corrente para moldar a realidade existente.

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Estamos na ressaca das eleições da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira e, em menos de um ano, outras se seguirão, a saber: a) Para a Assembleia da República, no próximo dia 18 de maio; b) Para os Órgãos das Autarquias Locais, em setembro/outubro de 2025; c) Para o Presidente da República, em janeiro de 2026.

Como se vê pelo calendário eleitoral os próximos meses serão intensos e suscetíveis da elaboração de artigos de opinião sobre política, seja local, regional ou nacional, mas esta semana vou escrever sobre um tema mais ligeiro e aparentemente apolítico, mas que na verdade não é. Vou discorrer sobre o politicamente correto em que até os rótulos dos alimentos são moldados à linguagem dominante que se pretende impor na sociedade em geral e nas pessoas comuns.

Quem costuma fazer compras nos supermercados já deve ter reparado na falta de leite gordo. Contudo, não é só a escassez de leite gordo que se nota, mas também a mudança silenciosa do nome deste alimento essencial que agora passou a ser denominado leite inteiro. Às vezes o que parece é, e neste caso parece que estamos perante o triunfo de um dos pilares do wokismo que é a mudança da linguagem corrente para moldar a realidade existente.

A alteração do nome do leite gordo para leite inteiro, não é apenas uma questão de marketing ou de mercado, sendo antes uma estratégia para eliminar o consumo de um alimento que se pretende demonizar pelo seu teor de gordura, mas que durante séculos foi consumido e apreciado pelos seus nutrientes, pela energia que fornecia e pelos sabores que proporcionava. É o campo ideal para os movimentos wokistas porem em causa a nossa herança cultural no que se refere aos alimentos que consumimos.

O leite gordo sempre foi considerado um alimento completo, sendo presença assídua na mesa dos portugueses, nomeadamente, para crianças em crescimento e adultos que o bebiam regularmente, mas atualmente é um bem raro, estando em curso relevantes ações de marketing explicito ou subliminar, no sentido de o substituir, por uma alternativa a que enganadoramente chamam leite vegetal.

Escolher leite vegetal em alternativa ao leite de vaca, é muitas vezes apresentado como um ato superior, para o nosso corpo e para o planeta, esquecendo-se os custos ambientais da produção de amêndoas, de soja e de aveia em escala massiva, para além de nem todos os produtos “plant-based” serem saudáveis.

Nos últimos anos temos assistido a tentativas do wokismo de mudar os hábitos culturais da generalidade da população, adquiridos ao longo dos séculos de História, ficcionando que os produtos alimentares de origem animal são um fardo para o ambiente, criando anátemas sociais para quem prefira manter e persistir nesse tipo de alimentação.

As modas alimentares são cíclicas, exemplo disso é o comércio das especiarias da Índia no século XVI, mas ultimamente essas tendências têm-se vindo a acentuar, como bandeiras moralistas e ideológicas, tratando-se os consumidores, que mantenham os seus hábitos de sempre, com desdém ou como culturalmente desinformados. É um sinal dos tempos em que vivemos.

Numa época de grande avanço da ciência e da tecnologia, há espaço para evoluir, aprender e melhorar os nossos hábitos alimentares, não se questionando os benefícios de uma alimentação mais equilibrada ou de respeito pelo ambiente. Contudo, quando as escolhas se tornam imposições, explicitas ou subtis, corremos o risco de sermos subjugados por novos déspotas iluminados, agora da alimentação humana, amanhã de outros costumes e finalmente a imposição cultural absoluta e total.  

O maior problema nem é a alteração do nome do leite gordo ou o debate sobre os seus benefícios ou malefícios para a saúde, mas sim o de estarmos a perder paulatinamente o direito de escolher os alimentos que consumimos de acordo com a nossa herança cultural e as nossas preferências.

Numa sociedade dita inclusiva e respeitadora da diversidade, como agora se diz, seria de esperar que todas as preferências alimentares fossem respeitadas. Nada a opor a quem prefira leite magro ou o chamado leite vegetal, mas deve haver opção para quem pretenda leite gordo, chamem-lhe inteiro ou o que quiserem, mas que a livre escolha não desapareça.

Quando um produto alimentar deixa de estar disponível no mercado, havendo um número suficiente de pessoas que o queiram comprar e assegurem a sua viabilidade económica, estamos a ser empurrados para um modelo de sociedade padronizado em que uma entidade supostamente superior decide por nós, o que é melhor para nós. Absolutamente surreal.

A alimentação deve ser um espaço de liberdade, de prazer e de equilíbrio. O wokismo e as novas modas alimentares querem impor às populações uma mudança de hábitos culturais, estando progressiva e eficazmente a originar novas formas de pressão social com vista a atingir o objetivo pretendido. A alteração do nome do leite gordo para leite inteiro e a sua escassez nas prateleiras dos supermercados, insere-se na subtil mudança cultural em curso.

Um futuro com mais saúde, mais respeito e mais consciência alimentar, também deve incluir a liberdade de escolher, com informação, sem culpas e com os sabores de sempre. O ato de comer e beber é muito mais que uma necessidade biológica. É um ato de liberdade e de cultura.

Vivemos numa época em que até o leite gordo necessita de uma nova designação comercial para não ofender uma determinada elite cultural em ascensão. Isto é o prenúncio de um tempo novo que não trará nada de bom à Humanidade. Felizmente, ainda há quem resista.

– Fernando Pedroso, Líder da bancada do CHEGA na AMO e Adjunto do Conselho Jurisdicional do CHEGA

Publicado no NoticiasLX:

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