Nos últimos anos o panorama político em Portugal tem vindo a sofrer profundas transformações, com a criação de novos partidos de todos os quadrantes ideológicos, refletindo uma dinâmica semelhante à de outros países europeus. Uma das consequências das mutações partidárias em curso, em termos eleitorais, é o recuo da esquerda e o avanço da direita.
O recuo da esquerda não é de estranhar porque se distanciou dos problemas reais sentidos pela população em geral, optando por causas ditas fraturantes e wokistas, desde os fundamentalismos ambientais, aos novos tipos de comportamentos sociais. O avanço da direita deve-se à defesa dos valores da família tradicional, do patriotismo e de uma economia não estatizante, com menos impostos.
Durante décadas a esquerda foi a porta-voz das reivindicações laborais, mas os resultados não são muito positivos, sendo exemplo disso, a precariedade e os baixos salários atuais, havendo, cada vez mais, trabalhadores a votar à direita ou então a optar pela abstenção.
A direita tem procurado encontrar políticas alternativas para evitar o crescente empobrecimento das pessoas que vivem do seu trabalho, nomeadamente, propondo a redução dos impostos, combatendo a corrupção e o excesso do peso do Estado, o que é contrariado pela esquerda que apelida essas soluções de fáceis, face à complexidade dos problemas que envolve. Verdadeiramente o que a esquerda pretende é desvalorizar as alternativas apresentadas pela direita.
No que se refere à imigração, a esquerda defende uma política de portas abertas, sem qualquer controlo prévio, aceitando todos, mesmo aqueles que têm um modo de vida diametralmente oposto à matriz cultural judaico-cristã. Muitos desses imigrantes que chegam a Portugal, vivem em guetos sociais, explorados por máfias dos países de origem ou por empresários menos escrupulosos, não se querendo integrar nos hábitos portugueses, mas não hesitando na hora de receber apoios sociais ou de aceder a serviços públicos. Muitos destes cidadãos estrangeiros, são falsos imigrantes, porque na realidade o que estão a fazer é turismo de saúde à custa do erário público ou então em trânsito para outros países com melhores oportunidades.
Relativamente à imigração, a direita reconhece que é necessária para o desenvolvimento e funcionamento de muitos setores da economia, mas defende uma política de portas controladas em que só entra quem tenha: registo criminal limpo no país de origem; promessa válida de contrato de trabalho; habitação digna para si e família; que se queira integrar na respetiva comunidade e aprender a língua portuguesa. A direita admite ainda que seja proibida a entrada em Portugal de imigrantes oriundos de países sem qualquer afinidade cultural com o mundo ocidental.
No que se refere à segurança também há grandes diferenças entre a esquerda e a direita. A esquerda aposta na prevenção da criminalidade através da inclusão social e da reabilitação, sendo contrária ao aumento dos poderes policiais e com pouca ou nenhuma recetividade à implementação de sistemas de videovigilância. A direita defende um reforço das forças de segurança, com mais recursos, sejam humanos ou materiais, com robustas ações de rua de prevenção da criminalidade, com sistemas de videovigilância e aumento das penas por prática de crimes.
A esquerda portuguesa está fragmentada entre PS; BE, PCP, LIVRE e o PAN, o que a enfraquece porque o sistema eleitoral, através do método de Hondt, favorece as forças políticas com mais votação, sendo também atualmente muito difícil a estes partidos estabelecerem uma ampla coligação com vista à formação de um governo, atenta a lembrança de que os socialistas usaram a geringonça para obterem uma maioria absoluta. Enquanto houver essa lembrança é muito difícil que o BE e o PCP se coliguem novamente com o PS, embora o LIVRE e o PAN deem sinais de o pretender.
Na direita é incontornável o crescimento do CHEGA que mesmo nas más sondagens se mantém como uma grande força política da democracia portuguesa, estando, assim, consolidado o tripartidarismo em Portugal, assente nos partidos seguintes: PSD, de centro/direita, PS, de esquerda e CHEGA, de direita. Condescendemos ao considerar o PSD de centro/direita, porque alguns dos seus destacados militantes dizem que o partido é de centro/esquerda ou até de esquerda. Na realidade atualmente o PSD até parece um partido de esquerda com muitas parecenças com o PS. Esperemos que seja uma má fase temporária.
O PSD, por razões de mero taticismo político, acantonou-se à esquerda com inexplicáveis cedências ao PS, partido historicamente com valores ideológicos bem diferentes. O PSD quis romper com o CHEGA o que está a dificultar a formação de governos com estabilidade política. Espera-se que, no futuro, com uma nova liderança dos sociais-democratas seja possível um entendimento à direita e a formação de um governo de maioria absoluta, única forma de se fazerem as reformas políticas de que o país carece.
O atual confronto entre a esquerda e a direita reflete tensões profundas na sociedade portuguesa. O futuro político do país dependerá da capacidade de ambos os lados em responder às exigências de um eleitorado cada vez mais exigente, mas também cada vez mais volátil.
O PSD parece estar a ensaiar uma política de equidistância entre a esquerda e a direita, numa quadratura do círculo, mas se mantiver esse jogo, num futuro, não muito longo, perderá definitivamente o seu eleitorado de direita e não conseguirá conquistar votos à esquerda. O tempo clarificará qual será o partido líder da direita portuguesa. Aguardemos, a paciência é uma virtude e em política também assim é.
– Fernando Pedroso, Líder da bancada do CHEGA na AMO e Adjunto do Conselho Jurisdicional do CHEGA
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