Lisboa, 23 de abril de 2025 – A Rede Nacional de Santuários para Aves, iniciativa promovida pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), está a superar largamente as expectativas desde o seu lançamento, em novembro de 2024. O projeto, que visa proteger e recuperar populações de aves em Portugal, já deu início aos primeiros trabalhos de campo em dezenas de propriedades por todo o território nacional.
Inicialmente, a SPEA previa a criação de 5 a 10 santuários no primeiro ano, mas em apenas cinco meses recebeu mais de 90 candidaturas de proprietários interessados em aderir à rede. Após um rigoroso processo de seleção, 76 propriedades foram escolhidas por apresentarem alto potencial para se tornarem refúgios seguros onde as aves possam descansar, alimentar-se e reproduzir-se.
Graças ao apoio de diversos doadores, a SPEA já conseguiu financiar o primeiro ano de trabalho em 46 destas propriedades, que se distribuem por distritos do continente e pelas regiões autónomas. No entanto, outras 30 propriedades aguardam ainda financiamento, prontas para integrar a rede assim que os apoios necessários estejam garantidos.
“É muito encorajador ver este interesse na Rede Nacional de Santuários para Aves, que superou largamente as nossas expectativas. Isso entusiasma-nos, mas também nos traz responsabilidade acrescida,” afirma Rui Borralho, Diretor Executivo da SPEA.
Trabalhos de campo e monitorização já em curso
As equipas da SPEA já iniciaram contagens de aves diurnas e noturnas para estabelecer o estado inicial da avifauna em cada santuário. Estes dados servirão de base para a criação de planos de gestão personalizados, em colaboração com os proprietários. No outono, será feita uma nova ronda de contagens, especialmente centrada nas aves migradoras, e em 2026 será avaliado o impacto das medidas adotadas.
A Rede Nacional de Santuários para Aves pretende criar um mosaico de áreas privadas geridas com boas práticas ambientais, promovendo a biodiversidade e combatendo o declínio alarmante das populações de aves em Portugal.
Espécies em risco e contexto preocupante
A SPEA alerta para o desaparecimento progressivo de várias espécies em território nacional. A andorinha-das-chaminés perdeu 40% da sua população nos últimos 20 anos. Outras aves, como o cuco, o mocho-galego, o peneireiro e até o comum pardal, estão também em regressão acentuada.
“Há demasiados anos que vemos as populações de aves a diminuir, e instrumentos como a Política Agrícola Comum não estão a conseguir proteger a biodiversidade e os pequenos agricultores”, lamenta Rui Borralho.
“A Rede Nacional de Santuários para Aves não substitui as políticas públicas, mas é uma forma de agir já — e mostra que os portugueses querem proteger a Natureza.”
Distribuição dos Santuários assegurados (por distrito):
- Setúbal – 7
- Beja / Évora – 5 cada
- Castelo Branco / Santarém – 4 cada
- Aveiro / Faro / Açores – 3 cada
- Braga / Guarda / Lisboa / Viseu – 2 cada
- Leiria / Portalegre / Porto / Viana do Castelo – 1 cada
Com o apoio contínuo de cidadãos, proprietários e doadores, a SPEA espera expandir ainda mais a rede nos próximos anos e contribuir de forma significativa para a preservação do património natural português.
Fonte: SPEA