O Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, foi palco, na noite de ontem, de um concerto emotivo e cheio de simbolismo que assinalou o 51.º aniversário do 25 de Abril. O espetáculo, protagonizado pelo fadista Ricardo Ribeiro, prestou homenagem à obra intemporal de José Afonso, figura maior da música de intervenção portuguesa.
Durante cerca de duas horas, Ricardo Ribeiro deu voz ao legado de Zeca Afonso, levando o público presente numa verdadeira viagem pelas canções que marcaram a resistência à ditadura e a luta pela liberdade. Entre os temas interpretados estiveram clássicos como “Que amor não me engana”, “Vejam bem”, “Era um redondo vocábulo”, “Maria Faia”, “Milho Verde”, “Cantigas do Maio” e “A morte saiu à rua”.
A direção musical do espetáculo ficou a cargo do pianista e compositor Filipe Raposo, que também acompanhou Ricardo Ribeiro ao piano. O concerto contou ainda com os músicos Mário Delgado (guitarra) e Gonçalo Leonardo (contrabaixo), bem como com a participação especial do grupo de cante alentejano “Os Ganhões” de Castro Verde, que trouxe à celebração a força da tradição vocal do sul do país.
“Canto muitas vezes o Zeca. O Zeca não precisa de mim, mas nós precisamos da música do Zeca”, afirmou Ricardo Ribeiro, sublinhando a riqueza poética e musical do compositor homenageado.
O evento contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão, que, no seu discurso, recordou a importância de celebrar a democracia e os que contribuíram para que ela fosse possível.
“Uma democracia, mesmo que imperfeita, é sempre preferível a uma ditadura perfeita”, afirmou o autarca.
Para Ricardo Leão, cabe agora às novas gerações preservar o legado do 25 de Abril.
“A liberdade nunca está conquistada. Não podem existir assuntos tabus. A democracia ensinou-nos que há direitos para todos, mas também deveres e obrigações para todos”, destacou.
O concerto foi mais do que uma celebração musical — foi um momento de memória, de emoção e de afirmação dos valores de Abril. No final, ficou o aplauso, a nostalgia e a certeza de que Zeca Afonso continua a ser voz viva da liberdade.
Viva o 25 de Abril!