Como é do domínio público sou atualmente militante do CHEGA e líder da sua bancada na Assembleia Municipal de Odivelas, sendo candidato pelo meu partido nas próximas eleições legislativas e autárquicas.
Antes de ser militante do CHEGA integrei outros partidos de centro/direita, tendo sido eleito nas primeiras autárquicas de dezembro de 1976, para a Assembleia de Freguesia de Caneças que então integrava o Concelho de Loures. Para mim a democracia não é um hábito novo, já é uma prática antiga.
Cresci num Portugal onde não existia liberdade, havia censura e polícia política, não se podendo dizer o que se pensava, por isso sei bem o valor da palavra não subjugada, tendo o 25 de Abril para mim representado o nascimento de uma nova era de esperança, de debate, de pluralismo e de democracia.
Nunca ponderei abandonar o meu país para me eximir das minhas obrigações militares, porque nessa época, estar disponível para as guerras coloniais, era uma condição de ser português. Cada geração deve encarar as suas circunstâncias históricas com patriotismo, cumprindo os deveres a que está obrigada.
Aliás, penso que Portugal deveria ter mantido, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, como Regiões Autónomas, porque aí não havia guerras de independência. Esses territórios foram abandonados pelo poder de então, por razões ideológicas e de cobardia política. Ainda bem que a Madeira e os Açores escaparam a essa sanha revolucionária. Se o Reino Unido e a França podem ter territórios ultramarinos não vejo a razão de isso ter sido vedado a Portugal.
Imediatamente a seguir ao 25 de Abril entrou-se numa espiral revolucionária que quase levou o país para uma ditadura de sinal contrário. Os mesmos que gritavam “liberdade” queriam calar os que pensavam diferente. O pluralismo começou a ser visto como ameaça e os partidos de centro/direita foram perseguidos ou rotulados como inimigos da revolução. Foi nessa época que a esquerda começou a arrogar-se no direito de interpretar o espírito do 25 de Abril o que coincide com o tempo em que percebi que o meu lugar na democracia portuguesa era à direita.
O 25 de novembro de 1975 evitou uma nova ditadura em Portugal e com a revisão constitucional de 1982, foi extinto o Conselho da Revolução, o que permitiu que o país finalmente entrasse num período de total normalidade democrática, com pluralismo ideológico e lugar para todos os quadrantes partidários, com eleições ganhas à direita ou à esquerda.
No entanto, alguns setores intelectuais da esquerda militante, saudosistas da ditadura que não conseguiram instaurar no 25 de novembro de 1975, não se conformaram e desenvolveram, durante anos, um processo de subversão da liberdade de expressão, instituindo subliminarmente o delito de opinião, que culminou com o emergir das atuais políticas wokistas para combater quem ouse discordar do caminho que o país está a tomar, de perda da sua identidade histórica e cultural. Felizmente, há quem resista, eis uma das razões para a importância do militantismo cultural e político da direita conservadora.
Não pode ser só a esquerda a ter o direito de interpretar o espírito do 25 de Abril, e por essa razão afirmo que não me tornei menos democrata por ser militante do CHEGA. Continuo a acreditar na democracia, no voto livre, no debate público, no respeito das instituições, na cultura e na História de Portugal.
É por honrar os princípios da democracia plural, que já defendia no tempo do Estado Novo, derrubado com o 25 de Abril, que me arrogo no direito de ser militante do CHEGA, partido do arco constitucional que representa uma parte significativa de portugueses, que têm de ser respeitados nas suas opções partidárias e de voto. É esse o espírito do 25 de Abril, dar voz a todos os portugueses, sejam de direita ou de esquerda.
A narrativa atualmente dominante em determinados meios políticos e académicos, é de associar o CHEGA a uma imagem de saudosismo autoritário, como se fosse o herdeiro da Ação Nacional Popular, partido dissolvido após o 25 de Abril, por decreto da Junta de Salvação Nacional. Nada de mais falso e calunioso, o que já foi percebido pela generalidade dos portugueses, mesmo por aqueles que não votam à direita.
Reivindico o 25 de Abril também como meu. Não aceito que me digam que sou menos democrata por ser conservador de direita. Não aceito que digam que sou fascista por querer um país mais seguro, com uma justiça célere e eficaz, com serviços públicos eficientes, sem corrupção, com habitação digna, com desenvolvimento económico e sem substituição populacional e cultural. Não aceito que me tentem silenciar com insultos. Nunca me calarão.
É por isso que neste 25 de Abril resolvi exibir a minha condição de militante do CHEGA. Sou democrata convicto, já o era antes de 1974, e continuarei a sê-lo e a lutar por Portugal.
O 25 de Abril não é da esquerda, nem da direita, é do povo português, na sua heterogeneidade ideológica. Sou um desses portugueses, não deixarei que me tirem isso.
– Fernando Pedroso, Líder da bancada do CHEGA na AMO e Adjunto do Conselho Jurisdicional do CHEGA
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