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Cheias no Concelho de Odivelas. A urgência de uma mudança no paradigma político

Desde os finais do século XX que no Concelho de Odivelas se tem vindo a substituir terrenos rurais por betão e asfalto, num acelerado processo de crescimento urbano, com massiva construção de prédios e menos zonas verdes, o que aumenta significativamente as áreas impermeabilizadas, reduzindo a capacidade de o solo absorver a água das chuvas, aumentando o escoamento superficial e consequentemente o risco de cheias.

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Fernando Pedroso
Fernando Pedroso
– Fernando Pedroso, Líder da bancada do CHEGA na AMO e Adjunto do Conselho Jurisdição Nacional do CHEGA

Cheias no Concelho de Odivelas

No Concelho de Odivelas ocorrem ciclicamente cheias, algumas delas com bastante gravidade, que provocam avultados prejuízos em infraestruturas, empresas e nas famílias. A história das cheias neste município está intrinsecamente ligada à sua rápida urbanização, às características hidrográficas e a falhas graves na gestão do território.

Cheias no Concelho de Odivelas – O Histórico

Relembra-se a noite de 25 para 26 de novembro de 1967 em que a região de Lisboa foi assolada por uma das mais devastadoras cheias do século XX em Portugal, com centenas de mortes, tendo também afetado muito significativamente as áreas de Odivelas, Pontinha, Póvoa de Santo Adrião e Olival Basto, onde já então se verificava uma urbanização desordenada, com habitações informais construídas junto a linhas de água, que foram atingidas com o transbordo das ribeiras locais e o colapso da rede de drenagens.

Uma homenagem à memória de todos aqueles que perderam a vida nas cheias de 1967, nunca sendo demais destacar positivamente o trabalho de bombeiros, médicos, enfermeiros, estudantes, vizinhos e a população em geral, no apoio, material e psicológico, a todas os desalojados dessa catástrofe.

As cheias de 1967 revelaram as falhas graves que o país tinha no planeamento urbano e na gestão dos cursos de água, mas quase 60 anos decorridos muitos dos problemas estruturais persistem até aos dias de hoje, incluindo no Concelho de Odivelas.

Desde os finais do século XX que no Concelho de Odivelas se tem vindo a substituir terrenos rurais por betão e asfalto, num acelerado processo de crescimento urbano, com massiva construção de prédios e menos zonas verdes, o que aumenta significativamente as áreas impermeabilizadas, reduzindo a capacidade de o solo absorver a água das chuvas, aumentando o escoamento superficial e consequentemente o risco de cheias.

Cheias no Concelho de Odivelas – Infraestruturas

O risco de cheias é uma realidade porque grande parte das infraestruturas de drenagem de águas pluviais no Concelho de Odivelas foi projetada para uma realidade urbana muito distinta da atual. Essas condutas são frequentemente insuficientes para o volume de água gerado nas zonas mais densamente urbanizadas, provocando inundações rápidas em estradas, habitações, garagens, estabelecimentos comerciais e até nas instalações do Metro.

Uma outra realidade existente no Concelho de Odivelas são as sarjetas entupidas, sendo deficiente a sua limpeza e manutenção, estando muitas vezes obstruídas por folhas, lixo e detritos empedernidos, o que nas épocas de maior pluviosidade agrava o risco de inundações. É frequente a ocorrência de ruas inundadas devido à incapacidade de escoamento. O facto de responsáveis políticos locais do PS se deixarem fotografar, em dias de cheia, a desentupir sarjetas, só demonstra populismo político, não alterando o drama da realidade sentida e vivida pelas populações locais.

O Concelho de Odivelas é atravessado por várias ribeiras que historicamente desempenharam um papel crucial na drenagem natural das águas pluviais. Contudo, muitas dessas ribeiras foram canalisadas, cobertas ou sofrem de assoreamento, perdendo a sua capacidade de escoamento eficaz em situações de cheia.

Cheias no Concelho de Odivelas – A Incapacidade do PS – Odivelas

Cheias no Concelho de Odivelas
Cheias no Concelho de Odivelas – Póvoa Sto. Adrião 2022

O PS que há 26 anos governa ininterruptamente o Concelho de Odivelas, tem demonstrado grande incapacidade de minorar os efeitos negativos do desenfreado crescimento urbano que continua a fomentar, sendo evidente que não tem uma abordagem integrada e sustentável na prevenção e mitigação das cheias no seu território.

Essa abordagem integrada e sustentável deveria, nomeadamente, tratar das questões seguintes: a) Criar zonas verdes permeáveis, instalar pavimentos drenantes e apostar na arborização para promover a infiltração natural das águas; b) Redimensionar a rede de drenagem das águas pluviais para garantir que suportam os volumes de águas atuais e futuros; c) Manutenção preventiva das sarjetas e sistemas de drenagem; d) Promover a renaturalização e manutenção das ribeiras urbanas; e) Construção de bacias de retenção de águas pluviais.

Os pavimentos drenantes, fabricados com materiais porosos, deveriam ser implementados, nos estacionamentos, nos passeios e calçadas, nas ciclovias e nas áreas pedonais dos parques urbanos, o que constituiria uma importante mudança do paradigma da gestão municipal, com efeitos positivos no evitar ou atenuar de inundações, em recarregar aquíferos e na redução da pressão nas redes de drenagem.

As bacias de retenção são um importante meio de prevenir ou evitar as cheias em Odivelas, mas as águas pluviais não conhecem e não respeitam fronteiras administrativas, passando por diversos Concelhos, a montante e a jusante de Odivelas, pelo que nesta matéria seria desejável um planeamento intermunicipal, envolvendo as entidades públicas apropriadas.

As águas capturadas nas bacias de retenção, ao invés da evaporação, poderiam ter um uso adequado, nomeadamente, para rega de espaços públicos, de zonas agrícolas e de hortas comunitárias, lavagem de ruas e de passeios, mas essencialmente constituir uma reserva estratégica para combate a incêndios, urbanos ou rurais.

Cheias no Concelho de Odivelas – Um Novo Modelo de Desenvolvimento

O Concelho de Odivelas necessita de um novo modelo de desenvolvimento urbano que afaste a construção civil massiva e especulativa, com criação de mais zonas verdes e solos permeáveis, mitigando o risco de cheias periódicas, em benefício do bem-estar das populações.

– Fernando Pedroso, Líder da bancada do CHEGA na AMO e Adjunto do Conselho Jurisdição do CHEGA

As Cheias de 1967

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