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PS Que Futuro? As Marcas do Passado e as Mudanças Urgentes

O PS enfrenta um declínio eleitoral preocupante. Analisamos as causas, os erros adiados e as lições que o partido deve aprender para não repetir o caminho de outras forças progressistas na Europa.

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Jose Manuel Graça
Jose Manuel Graça
José Manuel Graça - Vereador na Câmara Municipal de Mafra, Membro efetivo do CES – Conselho Económico e Social Ex-Membro da Comissão Nacional do PS Presidente da Direção de uma IPSS Técnico de Contabilidade e Finanças
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O Futuro do PS Em Risco

Devemos continuar a pugnar por um estado central e local, fortes e dinâmicos seguindo a rota que os dois últimos Governos legislativos do PS traçou e conseguiu marcas que devemos lembrar e fazer lembrar, como as de;

  • pela 1ª primeira vez depois de 1974, o 24º governo herdou um lucro de 1,2% nos cofres do Estado no valor superior a 6MM€ (entretanto desbaratado);
  • a economia portuguesa estava a crescer de forma sustentada, surpreendendo mesmo os analistas e projeções da CE;
  • a de ter conseguido reduzir a taxa de desemprego para uma média constante de 6%;
  • a de ter demonstrado a validade e necessidade do diálogo social e sindical;
  • a de ter reduzido a divida pública para valores de 94,9%, com tendência sustentável de se continuar a baixar, quando a divida herdada em 2015 foi de 128,9%. Convertendo em €’s para mais fácil entendimento, estamos a falar de 97 MM€ poupados à fazenda pública
  • a de ter feito, desde 2015, contribuições para a Segurança Social que permitiram uma recuperação do fundo de estabilização para valores que hoje rondam o superavit de 35MM€, garantindo as reformas de 1/3 da população portuguesa por um prazo superior a um ano. E é, por estas razões que se aguçam os apetites do PSD/CDS de voltarem a ir ao pote, como o fizeram em 2013/14, agora com a capa da “necessidade” de se internalizarem os seguros privados…..
  • Tal como não devemos esquecer algumas das muitas reformas introduzidas pelo PS, pelo seu 17º Governo Constitucional, com medidas inovadores e reformadoras como
    • o Simplex,
    • a aposta nas energias renováveis,
    • o plano tecnológico com a introdução dos computadores portáteis nas salas de aulas (os famosos Magalhães),
    • a introdução do Inglês no ensino básico,
    • a reforma fiscal,
    • o aumento das qualificações com o programa Novas Oportunidades,
    • ter sido alcançado o défice mais baixo em democracia no ano de 2007,
    • a criação da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados a introdução do Inglês no ensino básico,
    • entre outras reformas
O Futuro do PS Em Risco
O Futuro do PS Em Risco

Depois de alguns destes resultados, obtidos nas 2 últimas décadas, o PS perdeu as eleições legislativas de 2024 e 2025 com resultados em queda assustadora. Mais, depois dos maus resultados de 1985, com Almeida Santos e 1987, com Vítor Constâncio o PS nunca tinha ficado em terceiro lugar,

E perdeu porquê?

Quando se tem a perceção de que os organismos públicos não funcionam e não respondem às necessidades dos portugueses os resultados estão à vista. Só um exemplo: Em 4 anos o OE para o SNS subiu de 8MM para 17MM e onde são visíveis as diferenças? Apenas com + fechos – respostas + seguros privados!

A questão vai muito além dos protagonistas, é preciso perceber o perfil de quem vota e de quem escolhe votar na extrema direita, quais as motivações, o porquê desta inversão e as novas formas de chegar até essas pessoas desiludidas…etc.. a sociedade mudou e é preciso perceber isso, certos de que se nós não fizermos as mudanças a direita irá fazê-las, com prejuízo para a Liberdade.

Se colocarmos a mão na consciência se calhar, estes resultados até nem foram assim tão surpreendentes, pelo simples facto de se ter adiado a resolução e reformas de vários problemas que o país enfrenta! E, quando se adiam as soluções … acontecem revoluções!

Os culpados somos todos e a conjuntura. Ou percebemos isto, ou fazemos como a avestruz e estamos condenados a decair eleição após eleição. Para avivarmos a memória convém olhar para o que se passa com BE e o PCP, que estão a disputar o campeonato para ver quem desce primeiro ou desaparece! Tal como aconteceu aos Partidos Comunistas em França, Grécia, Itália e Espanha e aos Partidos Socialistas em França, Grécia e Itália. Convém não esquecer …. porque a história não engana.

O Futuro do PS Em Risco

Passados 51 anos sobre Abril o PS parece que se acantonou, envelheceu perdeu a faculdade de acompanhar os tempos, com uma renovada juventude e criatividade, como era a sua divisa, tudo por força de um abandono dos pátios das escolas, isto é da força motriz renovadora que começa nas escolas e se prolonga ao mundo do trabalho. Parece que se trocou a rua pelo ruidoso mastigar das pipocas, enquanto se devoram filmes e a realidade está para lá das persianas! 

Surfando a espuma dos nossos dias ao arrepio de ouvir os seus militantes para além daqueles que dizem sempre “Ámen”, e dos intervenientes na vida ativa, este “novo” PS continua a confundir os “likes” das redes sociais com o pulsar oriundo da participação cívica e social.

Já la vai o tempo em que se podia participar ativamente, sem ter que “ser amigo deste ou daquele” camarada de maior posição. Hoje, só são convidados a participar os “amigos de ocasião” e os outros são simplesmente ignorados.

É urgente reposicionar o PS politicamente na sua matriz original como charneira do sistema fazendo-o com todos aqueles que estão mais próximos da comunidade criando pontes, inspirando confiança. Isto faz-se com o regresso ao processo interno para a escolha dos candidatos conferindo uma legitimidade acrescida e não com limpezas combatendo-se, ao mesmo tempo o isolamento da militância partidária. Sim porque o Partido Socialista ainda é um partido de militantes.

Se mantivermos a cabeça enterrada na areia e não quisermos ver o mundo lá fora, daqui a uns tempos, seremos uma sombra dos tempos sonhados na Alemanha em 1973.

E, por falar na Alemanha, cito um parágrafo de um recente artigo de opinião de Fernanda Câncio que transcrevo com respeito e como alerta: “E, sim, podemos mesmo falar de Hitler e de como o seu partido de 1928 a 1932 passou, em eleições livres, de 2,63% dos votos para 33%, de como em 1933 entrou para um governo de coligação e no fim do ano já ilegalizara todos os outros partidos – o resto sabemos todos (ou não, e se calhar é mesmo esse o problema).”

José Manuel Graça, Vereador na Câmara Municipal de Mafra

Resultados das Legislativas 2025

Mapa Oficial publicado em DRE

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