O Festival do Pão, em Mafra

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O Festival do Pão em Mafra

O Festival do Pão está de regresso a Mafra. Começa esta sexta feira 4 e prolonga-se até ao dia 13 de julho realizando-se dentro do Jardim do Cerco e os espetáculos no parque de estacionamento adjacente a este majestoso jardim, património mundial imaterial da UNESCO, desde 2019 (ver mapa de distribuição do evento, em imagem anexa).

Neste Município, onde continuo como vereador eleito em representação do Partido Socialista, naturalmente que não fico indiferente às iniciativas locais à evocação das suas tradições e à divulgação do que, por cá se faz dos produtos endógenos.

Este apontamento que hoje vos trago insere-se na merecida divulgação das atividades focadas nos saberes e nas artes gastronómicas, na mostra e venda de pão de Mafra, nas Tasquinhas, Doçaria Regional, Feira Saloia, Artesanato e Produtos Regionais, Ranchos Folclóricos, atividades para crianças, animações do recinto, Encontro de Bombos de Mafra e exposição de veículos e alfaias agrícolas e um vasto reportório musical diário e de onde se destaca:

O Festival do Pão em Mafra

No dia 04 o cantor LUIS TRIGACHEIRO,

no dia 05 a banda musical “LUCKY DUCKIES”,

no dia 06 a banda “EXPENSIVE SOUL”,

no dia 07 a Orquestra Ligeira do Exército,

no dia 08 o cantar MATAY,

no dia 09 a banda rock (cá da terra) os “4REVIVAL”,

no dia 10 a banda musical “D.A.M.A”,

no dia 11 o DJ Wilson Honrado,

no dia 12 a fadista do ‘Fado novo’ FÁBIA REBORDÃO,

e no dia 13 o cantor Luís Represas.

O Festival do Pão em Mafra
O Festival do Pão em Mafra

Momentos musicais que poderão ser acompanhados em écrans gigantes, quer no interior do recinto, quer no exterior, com uma chamada de atenção importante; As entradas são gratuitas, mas sujeitas à lotação dos recintos.

Esta nova edição do “Festival do Pão” pretende continuar a dar a maior visibilidade à componente tradicional, sobretudo aos saberes e costumes associados a este produto gastronómico de excelência que é o Pão Português e, neste particular, de entre muitos bons pães produzidos pelas padarias tradicionais e regionais, o Pão de Mafra, marca registada desde 2012. Essa é uma das principais razões porque o certame continua a apostar num vasto programa atividades, focadas neste produto endógeno demonstrado através de sessões de showcooking e degustações.

Mas, de onde vem esta origem do chamado “Pão de Mafra”, que dá nome ao Festival e como era e é feito?

Era feito com a farinha de trigo vinda diretamente do moleiro. As fornadas eram feitas uma vez por semana com um alqueire bem medido o que dava perto de uma arroba de farinha (“arroba”; uma designação de tempos mais antigos que representava e representa os nossos mais conhecidos 15 kilos). 


A farinha era primeiramente peneirada com a peneira do milho para se lhe retirar o farelo. A seguir peneirava-se com a peneira do trigo para retirar as sêmeas. A seguir peneirava-se com a peneira fina para obter então a farinha com a finura ideal para amassar o pão. 

O Festival do Pão em Mafra

Antes de amassar colocava-se sempre o “acrescento”, ou seja, o “abençoado” fermento que era feito de restos de massa que ficava agarrada ao alguidar da amassadura da semana anterior, á qual se juntava um pouco de farinha enxuta e ficava até á próxima semana guardada numa tigela com um pouco de sal por cima para não criar bolor. 

No dia em que se fazia o pão utilizava-se o “acrescento” para fazer levedar a massa que, de seguida, era amassada num grande alguidar de barro.

Bons braços eram e são precisos. Perto de 15 kg de farinha a ser amassada a punho cerrado, durante cerca de uma hora, a “dar-lhe” forte e feio, tem que se lhe diga. 

Uma tarefa que, mais antigamente, estava quase exclusivamente destinada às mulheres porquanto os homens só intervinham para ajudar a estender (pu a “tender” como se usava dizer) a massa e preparar o forno para enfornar o Pão. Depois de bem amassada, a massa era benzida ao mesmo tempo que se desenhava-se com toques de mão, em forma de cutelo, uma cruz na massa, a todo o comprimento e largura do alguidar.

A massa ficava a levedar cerca de 3 horas no alguidar bem tapado com um cobertor ou uma manta de lã e por cima da massa lavava uns salpicos de farelos. Assim que os farelos se abriam provocados pela levedura do acrescento, a massa estava pronta para ser estendida (tender o Pão) e ir ao forno quente a cozer durante cerca de uma hora.

O Festival do Pão em Mafra

O Pão de Mafra porque é uma marca registada, deve cumprir alguns requisitos de fabrico e estes que atrás refiro, segundo os costumes locais, são alguns desses.

Certo é que o Pão de Mafra depois de desenfornado, barrado com manteiga, marmelada, acompanhado de chouriço ou de uma suculenta sardinha, é um regalo ou, como alguns dizem; “uma bênção divina”!

Em quente, este pão, nunca era cortado à faca, pão quente era obrigatoriamente partido á mão.

A entrada gratuita, mas atenção; sujeita à lotação do recinto.

– José Manuel Graça

O Festival do Pão em Mafra

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Jose Manuel Graça
Jose Manuel Graça
José Manuel Graça - Vereador na Câmara Municipal de Mafra, Membro efetivo do CES – Conselho Económico e Social Ex-Membro da Comissão Nacional do PS Presidente da Direção de uma IPSS Técnico de Contabilidade e Finanças