Frágil cessar-fogo e as tensões
Após a primeira guerra israelo-árabe (1948–1949), os Acordos de Armistício da ONU deveriam ter garantido uma paz provisória. Mas, em vez disso, abriram caminho a um período marcado por fronteiras instáveis, choques militares localizados e rivalidades políticas que acabariam por preparar o palco para a Crise de Suez, em 1956.
1. A instabilidade nas fronteiras pós-1949
- As linhas de armistício (“Linhas Verdes”) não eram fronteiras definitivas.
- Áreas estratégicas, como a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e os Montes Golã, tornaram-se focos permanentes de atrito.
- A ausência de um tratado de paz formal deixava tudo em suspenso: cada lado via o armistício como uma pausa, não um fim do conflito.
2. Incursões e represálias
- Milhares de refugiados palestinianos deslocados tentavam regressar às suas terras, atravessando clandestinamente para Israel, o que provocava choques violentos.
- Unidades paramilitares palestinianas (os fedayeen), apoiadas sobretudo pelo Egito, começaram a lançar ataques contra alvos israelitas.
- Israel respondeu com operações de retaliação de grande escala, acentuando a espiral de violência.
3. A militarização das zonas desmilitarizadas
- Áreas teoricamente neutras, como ao longo da fronteira síria, tornaram-se cada vez mais militarizadas.
- Pequenos incidentes fronteiriços escalavam em confrontos armados, com a ONU impotente para controlar.
- O clima de tensão minava qualquer hipótese de normalização.
4. Gaza sob administração egípcia
- A Faixa de Gaza ficou sob controle militar do Egito, transformando-se num território altamente militarizado.
- Gaza tornou-se uma base para operações fedayeen, aumentando a pressão sobre Israel.
- A população refugiada palestiniana viveu numa situação de precariedade, dependente da UNRWA, num ambiente de crescente hostilidade.
5. O papel das grandes potências
- O Médio Oriente tornou-se peça-chave na Guerra Fria:
- Os EUA tentavam garantir estabilidade e acesso ao petróleo.
- A União Soviética começava a estreitar laços com regimes árabes, fornecendo armas ao Egito.
- O Reino Unido e a França, ainda potências coloniais, viam a sua influência contestada.
- O reequipamento militar egípcio e a nova liderança de Gamal Abdel Nasser alteraram o equilíbrio regional, preparando o caminho para a Crise de Suez.
Frágil cessar-fogo e as tensões

Conclusão
O período entre 1949 e 1956 foi uma “paz armada”, marcada por confrontos constantes e pela escalada de tensões que a ONU não conseguiu travar. Mais do que uma trégua, foi o ensaio geral de novas guerras, culminando em 1956 com a nacionalização do Canal de Suez e a aliança inesperada entre Israel, França e Reino Unido contra o Egito.
Frágil cessar-fogo e as tensões
