Hugo Martins (PS) volta a esquivar-se
Hugo Martins (PS), presidente da Câmara Municipal de Odivelas desde 2015, voltou a faltar ao apelo democrático básico: debater publicamente o seu mandato. O canal “Conta Lá”, que se estreou como plataforma com uma operação dedicada às autárquicas e anunciou debates para municípios por todo o país, organizou uma ronda de confrontos com os candidatos às câmaras — uma tentativa clara de levar aos eleitores provas públicas de confronto de ideias, propostas e responsabilidades. O presidente da câmara de Odivelas decidiu não marcar presença nesse formato.
A ausência não é inocente — é política. Num contexto em que a campanha exige transparência e confronto de projetos, optar por não ir a um debate público transmite uma mensagem simples e inquietante: preferir o conforto do palco próprio (discursos, posts institucionais e eventos controlados) ao escrutínio direto dos eleitores. As redes sociais rapidamente notaram e ironizaram com a opção do autarca, numa atmosfera em que a confiança se reclama, mas o confronto se evita.
Importa lembrar que esta não é a primeira vez que Hugo Martins se distancia de confrontos mediáticos incómodos. Em 2021 foi reeleito com maioria absoluta, mas nesses anos de mandato a sua relação com a oposição e com parte da comunicação social local foi marcada por críticas e por episódios de pouca disponibilidade para debates em determinados fóruns — um padrão que agora volta a repetir-se, num momento em que os eleitores mais exigem prestação de contas. A imprensa local também tem documentado vozes críticas sobre a forma como o poder local tem sido exercido no concelho.
O argumento de que “a campanha tem formatos diferentes” ou de que “há compromissos institucionais” não apaga o facto político e cívico: quando um presidente de câmara opta repetidamente por não confrontar as suas decisões em debate público, está a privar os munícipes de um instrumento essencial de avaliação. Debates organizados por meios independentes e por plataformas nacionais (como os que Conta Lá se propôs a realizar) são uma das poucas ocasiões em que propostas e balanços de gestão são colocados lado a lado e submetidos a perguntas diretas — e, por isso, decisivos para um eleitorado que quer mais do que anúncios.
A democracia local não se constrói apenas com inaugurações e notas institucionais: exige disponibilidade para explicar escolhas, para ouvir críticas e para defender opções perante adversários e cidadãos. Fugir ao debate é, neste cenário, uma opção política clara — e uma escolha que merece ser criticada. Em Odivelas, onde as recentes eleições nacionais e a contestação local apontam para um clima político mais competitivo, a repetição dessa escolha por parte do presidente da câmara coloca uma questão simples aos eleitores: se não aceita o escrutínio público, o que terá a esconder?
O que fica do episódio
- “Conta Lá” lançou uma operação de debates autárquicos nacionais; neles estava prevista a participação dos candidatos às câmaras, incluindo Odivelas — oportunidadede confrontar mandatos e propostas.
- Hugo Martins não marcou presença nesse debate promovido pela plataforma, facto que alimentou críticas nas redes e na comunicação local.
- A atitude repete um padrão de menor disponibilidade para confrontos públicos que já foi notado ao longo do seu mandato e após as autárquicas de 2021, gerando desconforto entre opositores e parte da opinião pública local.
Hugo Martins (PS) volta a esquivar-se
Odivelas – Rigor & transparência? Diga lá outra vez, senhor presidente