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A próxima revolução autárquica: cidades inteligentes com réplicas digitais

AUTOR

Rui Ribeiro
Rui Ribeiro
Consultor Transformação Digital e Professor Universitário
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A próxima revolução autárquica

Estamos em período autárquico, um momento onde muito se discute o futuro dos concelhos, os investimentos a realizar e as prioridades de cada município. No entanto, ainda que os programas eleitorais estejam cheios de promessas de novas infraestruturas, transportes, habitação ou sustentabilidade, poucas vezes se fala do que deveria estar na base de todas essas escolhas: o investimento em ferramentas digitais que permitam planear melhor, gastar melhor e envolver mais os cidadãos. Se queremos autarquias modernas e próximas das pessoas, temos de apostar no digital como alicerce da governação.

É neste contexto que entra o conceito “Digital Twins”: réplicas digitais de cidades, territórios ou infraestruturas que permitem simular cenários complexos antes de se investir milhões de euros em obras ou políticas públicas. Imagine-se poder testar o impacto de uma nova linha de autocarros no trânsito de uma cidade, antecipar como um bairro vai reagir à construção de uma escola, ou simular as consequências ambientais de uma nova estrada. Em vez de decidir apenas com base em relatórios técnicos ou dados desatualizados, a autarquia pode recorrer a modelos digitais dinâmicos que mostram os efeitos cruzados em mobilidade, ambiente, economia local e qualidade de vida.

Durante demasiado tempo, muitos investimentos públicos foram feitos com base em análises estáticas, modelos lineares e dados que não refletiam a realidade do momento. Isso leva a políticas que falham, obras que ficam aquém das necessidades e recursos que se desperdiçam. Com os Digital Twins, a gestão pública deixa de ser reativa e passa a ser proativa, preditiva e transparente. É possível simular ruturas em infraestruturas de água, energia ou transportes; testar impactos de medidas ambientais; monitorar em tempo real indicadores da cidade; e até envolver os cidadãos em consultas públicas mais informadas, recorrendo a visualizações claras em vez de longos PDFs técnicos.

As autarquias enfrentam hoje desafios crescentes: mobilidade urbana caótica, pressão ambiental, envelhecimento populacional, desigualdade social. Nenhum destes problemas pode ser resolvido apenas com intuição política. Precisam de dados, de simulações e de ferramentas que apoiem decisões com rigor e clareza. O investimento em digital, longe de ser um luxo, é uma condição para garantir que cada euro do orçamento municipal gera valor efetivo.

A próxima revolução autárquica
A próxima revolução autárquica

Mais do que gerir o presente, os autarcas eleitos têm a responsabilidade de preparar o futuro. E o futuro das cidades será cada vez mais inteligente, interligado e baseado em dados. A pergunta que se coloca, portanto, é clara: as nossas autarquias vão continuar a decidir políticas no papel… ou vão começar a simular o futuro para governar com mais transparência e eficiência?

Num tempo em que se pedem soluções rápidas e eficazes, é fundamental que municípios como o de Loures, Odivelas, Lisboa — e de todo o país — vejam no digital não apenas um projeto de modernização, mas uma estratégia central de governação. Porque uma cidade inteligente não nasce de slogans de campanha: constrói-se com visão, tecnologia e, sobretudo, vontade política de liderar com dados. E quem não o fizer, ficará inevitavelmente para trás.

– Rui Ribeiro

Consultor Transformação Digital e Professor Universitário

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