«Estamos a substituir a EB 2/3 Avelar Brotero», pode ler-se num cartaz da Câmara de Odivelas que esteve afixado mais de 6 anos, entre 2009 e 2016, na rotunda da escola Avelar Brotero, à entrada da cidade, na Alameda Nossa Senhora do Cabo.
Esclareço que não tenho interesses em Odivelas, cidade onde vivi e cheguei a participar activamente nos âmbitos social e político. Tão pouco participo num acto eleitoral em Portugal. Vivo longe, num arquipélago na região subtropical do Continente africano.
A pergunta que faço, à distância, mas sabendo da realidade, é: Onde se encontra esta nova escola?
O lema do celebre painel publicitário – «Odivelas Vive Mais a Educação» – remonta à época do primeiro-ministro José Sócrates – 2009 – e, então a Câmara de Odivelas prometia construções de escolas que sabia não ser possíveis de construir.
Infelizmente, a demagogia faz parte essencial da vida da maioria dos políticos portugueses. É uma espécie de achaque que se estende a quase todas lideranças europeias.
Mas devo o esclarecimento que então também o PSD detinha responsabilidades Executivas na Câmara Municipal e jamais os vi contestar estes anúncios estapafúrdios.
Autárquicas 2025 sem grandes debates … Muitos vídeos e chamamentos nas redes sociais
Em Portugal, as eleições autárquicas acontecem dentro de dias. A campanha eleitoral será construída de discussões muito diferentes de concelho para concelho, incluindo de freguesia para freguesia. De qualquer modo, adivinham-se poucos debates. Os cidadãos estão cansados da política de um regime que se mantém meio moribundo, particularmente entre os países europeus, onde as mentiras se convertem em verdades e vice-versa, com a maior das facilidades.
Por exemplo, em Odivelas, assiste-se a um presidente, Hugo Martins, do Partido Socialista que concorre para o seu terceiro mandato e meio, a protagonizar vídeos onde mostra as obras que se realizam, ‘sacudindo’ – literalmente – a ideia de se ficar pelas maquetas de projectos que não se executam, como aconteceu até há pouco tempo. De qualquer modo, não se livra de uma herança, sua e de Susana Amador: Em 2009, o seu PS anunciou a demolição da escola Avelar Brotero e mostrou o projecto de uma nova. Mudaria de localização: Juraram a ‘pés-juntos’ que se construía na Ribeirada, junto à Avenida Amália Rodrigues, frente ao parque urbano, num terreno desnivelado e sobre uma linha de água que se teria de regularizar e entubar. Ora, facilmente muitos tiveram a percepção que jamais se construiria uma escola básica 2 / 3 naquela localização.
A escola básica 2/3 Avelar Brotero – acredito que ainda pertence ao Agrupamento de Escolas nº 4 de Odivelas – é um estabelecimento escolar público que chegou a ser um estabelecimento de ensino particular há mais de 50 anos, da autoria de um dos arquitectos mais simbólicos do movimento modernista, o franco-suíço Le Corbusier, que tem o nome do botânico cujo verdadeiro nome era Félix Avelar, nascido em 1744 no Concelho de Loures, tendo sido um eminente professor na Universidade de Coimbra.
A sobrevivência da escola depende de uma estratégia educativa para o concelho que consubstancie a eventual reabilitação do seu edifício que, em 2018, encerrava alguma deterioração e falta de manutenção.
E era interessante, do ponto de vista cultural, recapacitar o imóvel porque é uma peça de arquitectura do franco-suíço Le Corbusier – um arquitecto, urbanista, escultor e pintor que nasceu em 1887 na Suíça, naturalizado francês em 1930 – porque simboliza o pioneirismo da Arquitetura Moderna com princípios como a utilização de pilotis (pilares), terraço-jardim, as designadas fachadas livres e janelas em fita. Le Corbusier destacou-se junto com outros dois modernistas: Frank Lloyd Wright e Mies van der Rohe.
Em 2009, pouco antes das eleições autárquicas desse ano, a então Presidente da Câmara Municipal, do Partido Socialista, Susana Amador, anunciava vários projectos entre eles dava a certeza da construção de uma nova escola, com o mesmo nome Avelar Brotero, a edificar na urbanização da Ribeirada, num terreno desnivelado e sobre uma linha de água que se teria de regularizar e entubar. Então, muitos tiveram a percepção que jamais se construiria uma escola básica 2 / 3 naquela localização. O novo estabelecimento de ensino nunca passou do anúncio em painéis publicitários e do então programa de campanha eleitoral do PS e que esteve mais de 6 anos à vista de todos quanto passavam na rotunda da Alameda de Nossa Senhora do Cabo.
– Texto por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico). Fotografias de Google Maps, da Associação de Pais e EE Avelar Brotero