Liberdade de imprensa ou liberdade de manipulação?

Quem protege, hoje, a independência da comunicação social

Liberdade de imprensa ou liberdade de manipulação?

A BBC, empresa pública de rádio e televisão do Reino Unido, enfrenta uma grave crise editorial que culminou na demissão do seu Diretor Geral e da sua Diretora de Informação. Em causa está a forma distorcida e enganosa como o canal apresentou declarações de Donald Trump num programa emitido em outubro de 2024.

O impacto foi de tal ordem que o Presidente da BBC foi chamado a prestar esclarecimentos numa comissão parlamentar. Este episódio mostra que o enviesamento informativo não é uma teoria conspirativa, é um risco real, mesmo nas mais prestigiadas instituições mediáticas.

Mais que um caso britânico, este é um alerta global. Muitos órgãos de comunicação social operam hoje com orientações ideológicas não assumidas, influenciando de forma subtil ou explícita a opinião publica. Essa manipulação, muitas vezes, surge mascarada de isenção.

Em Portugal, não houve ainda uma crise de igual dimensão, mas os sinais são preocupantes. O CHEGA tem vindo a denunciar uma constante perseguição mediática ao seu líder, André Ventura, marcada por coberturas sistematicamente desfavoráveis, debates desequilibrados e armadilhas jornalísticas.

Liberdade de imprensa ou liberdade de manipulação?

A entrevista transmitida em direto pela CNN Portugal

Um caso paradigmático foi uma entrevista transmitida em direto pela CNN Portugal, moderada pelo jornalista, André Carvalho Ramos, com a presença de Francisco Rodrigues dos Santos (ex-líder do CDS) e Pedro Costa (militante do PS). O ambiente foi marcadamente hostil, com perguntas capciosas, tempo de resposta limitado e uma evidente falta de imparcialidade.

Se um episódio semelhante ocorresse num país com uma cultura democrática mais madura, como o Reino Unido, seriam previsíveis consequências para os responsáveis – demissões, sanções ou retratações públicas. Em Portugal, reina a impunidade mediática.

Não está em causa o direito de os comentadores expressarem as suas ideias. O problema surge quando se apresentam como isentos, quando claramente não o são. Comentadores como Mafalda Anjos, Anabela Neves, Margarida Davim, Carmo Afonso ou Filipe Santos Costa são frequentemente apontados como exemplos desse duplo papel – analistas que, na prática, atuam como representantes ideológicos dos partidos do sistema.

Aceitar a existência de diferentes orientações editoriais é próprio de uma democracia saudável. Mas essa diversidade deve ser transparente. Países como o Reino Unido ou os Estados Unidos valorizam a declaração explícita de interesses editoriais e a clarificação da propriedade dos grupos mediáticos. Em Portugal, esse procedimento é praticamente inexistente.

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC)

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) deveria garantir o pluralismo e a imparcialidade no espaço mediático. Contudo, muitos observadores consideram a sua atuação tímida ou mesmo inoperante. Longe de ser árbitro, a ERC surge demasiadas vezes como espetador passivo, ou cúmplice silencioso, das distorções no debate público.

A aceitação de verbas públicas por parte de grandes grupos empresariais de comunicação social, sob pretexto de campanhas institucionais, é outro problema relevante. Durante os mandatos de António Costa, milhões de euros foram canalizados para esses grupos, comprometendo, de facto, a sua independência editorial. Esta dependência financeira funcionou como ferramenta de influência governamental, abafando ou distorcendo vozes dissonantes, nomeadamente, as do CHEGA.

Liberdade de imprensa ou liberdade de manipulação?

Não se trata de censurar, mas de exigir transparência. A comunicação social deve poder assumir, com clareza, a sua orientação ideológica, caso exista. Essa declaração fortaleceria a credibilidade dos media e permitiria aos cidadãos avaliar com maior lucidez as mensagens que recebem.

Se os órgãos de comunicação social se recusarem a assumir, com clareza, a sua eventual orientação ideológica ou alinhamento editorial, então será natural que os cidadãos deixem de confiar neles, como fontes viáveis e passem a procurar alternativas. Esse movimento já está em curso e manifesta-se no crescimento do consumo de conteúdos informativos através das redes sociais. A razão é simples, nelas, os utilizadores sentem que conseguem escapar ao filtro ideológico imposto pelos media tradicionais.

A Erosão

Este fenómeno tem duas consequências diretas. A primeira é a fragmentação do espaço informativo, onde cada vez mais cidadãos vivem em realidades paralelas, alimentadas por algoritmos e fontes não validadas. A segunda é a erosão da autoridade moral e institucional dos próprios meios de comunicação social que, ao recusarem assumir as suas posições, perdem a confiança de um público cada vez mais atento e exigente.

Liberdade de imprensa
Liberdade de imprensa ou liberdade de manipulação?
Liberdade de imprensa ou liberdade de manipulação?

Para evitar esta erosão da credibilidade e o consequente afastamento dos cidadãos, os órgãos de comunicação social devem, mais do que nunca, adotar uma postura de transparência. Não se trata de abdicar da sua liberdade editorial, pelo contrário, trata-se de a exercer com responsabilidade e frontalidade. Só assim poderão recuperar a confiança do público e desempenhar, com legitimidade, o papel essencial que lhes cabe numa democracia plural.

A liberdade de imprensa é um pilar da democracia. Mas quando usada para ocultar parcialidades e manipular o debate público, deixa de ser liberdade e torna-se abuso.

– Fernando Pedroso, Vereador do CHEGA na CMO e Adjunto do Conselho Jurisdição do CHEGA

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Fernando Pedroso
Fernando Pedroso
– Fernando Pedroso, em 2021-2025, Líder de bancada da AMO, em 2025-2029, Vereador do CHEGA na CMO e Adjunto do Conselho Jurisdição Nacional do CHEGA