SEMANÁRIO

More
    InícioOpiniaoColunistaGestão Urbana Inteligente - Arquitetura de Referência e Interoperabilidade

    Gestão Urbana Inteligente – Arquitetura de Referência e Interoperabilidade

    No passado mês de abril, foi publicada a versão preliminar de um tão desejado e necessário documento, que tem por título “ PLATAFORMA DE DADOS DE PORTUGAL - Especificações Técnicas para Integração de Sistemas”

    Publicado

    Em dezembro de 2023 foi anunciada a Estratégia Nacional de Territórios Inteligentes (ENTI), visando a disseminação em todo o território nacional, do conhecimento subjacente à implementação de conceitos intrínsecos ao que se vem designando por cidades inteligentes. Alcançar este desidrato pressupõe a apropriação de uma cultura em que a tomada de decisão deve ser informada, suportada por dados que traduzam o metabolismo dos territórios, o que só será possível através da sua sensorização. A grande quantidade de dados obtida em tempo real através dos sensores instalados nos territórios tem de ser recolhida através de uma infraestrutura ciberfísica, que inclua técnicas de inteligência artificial que permitam o tratamento em tempo real de um elevado volume de informação, reconhecendo padrões e gerando informação útil à tomada de decisão informada sobre a gestão do território. Esta será uma trajetória inevitável para termos um país mais competitivo ao nível global, tornando-o mais eficiente e eficaz, resiliente, sustentável, promotor da coesão territorial e preparado para responder às expetativas dos cidadãos, contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida.

    Todavia, como já tenho escrito em outros artigos sobre a temática em apreço, alcançar os objetivos acima preconizados exige a criação e especificação de uma arquitetura de referência, que assegure a interoperabilidade entre as plataformas computacionais existentes e a implementar, desenvolvidas sobre diferentes quadros tecnológicos. Para este efeito, será necessário normalizar e desenvolver modelos conceptuais de dados abertos, que induzam autorregulação do funcionamento do mercado e mitiguem os efeitos negativos nos custos de exploração e investimento na expansão da infraestrutura, que inevitavelmente resultam da criação de dependências tecnológicas associadas a um único fornecedor.

    A interoperabilidade é um componente essencial para o sucesso dos sistemas ciberfísicos, permitindo uma operação mais eficiente, segura e inovadora. Ela facilita a integração de novas tecnologias, a adaptação a mudanças e a conformidade com regulamentos, ao mesmo tempo em que promove um ambiente propício ao desenvolvimento contínuo e à melhoria de processos. A interoperabilidade permite que diferentes componentes de um sistema ciberfísico, muitas vezes provenientes de diferentes fabricantes ou desenvolvidos por equipas distintas, sejam integrados na mesma infraestrutura sem problemas, otimizando o uso de recursos, redução de redundâncias e melhorando a eficiência geral do sistema.

    Sistemas interoperáveis podem ser mais facilmente adaptados ou expandidos, respondendo às necessidades que vão surgindo, o que é particularmente importante em ambientes dinâmicos onde as exigências e tecnologias mudam rapidamente. A interoperabilidade permite que novos componentes ou sistemas sejam integrados com a mínima interrupção no funcionamento da toda a infraestrutura, facilitando a atualização e a escalabilidade.

    Uma estratégia visando a interoperabilidade reduz a necessidade de customizações dispendiosas para garantir que diferentes sistemas possam ser integrados na mesma infraestrutura tecnológica. Este será o caminho para eliminar a dependência de soluções proprietárias, permitindo a integração de soluções de diferentes fornecedores, o que certamente resultará em economias significativas tanto em desenvolvimento, quanto em manutenção/exploração.

    A interoperabilidade também contribui para a segurança e resiliência dos sistemas ciberfísicos. Com padrões interoperáveis, é mais fácil implementar e gerir políticas de segurança que abrangem todos os componentes do sistema. Além disso, em caso de falha de um componente, os outros componentes interoperáveis podem continuar a operar ou assumir as funções do componente com falha, aumentando a resiliência do sistema. Por outro lado, a conformidade com normas e regulamentos é crucial e a interoperabilidade ajuda a garantir que todos os componentes do sistema estejam alinhados com os requisitos legais e regulatórios, facilitando auditorias e certificações.

    Ambientes interoperáveis promovem a inovação, permitindo que startups e investigadores do sistema científico e tecnológico nacional desenvolvam protótipos de novas soluções tecnológicas, que podem ser facilmente integrados com os sistemas existentes. Isso fomenta um ecossistema de desenvolvimento mais robusto e colaborativo, acelerando o avanço tecnológico e proporcionando a captação e fixação de talento nos territórios, com impactos não negligenciáveis no crescimento das economias locais.

    É neste contexto que, no passado mês de abril, foi publicada a versão preliminar de um tão desejado e necessário documento, que tem por título “ PLATAFORMA DE DADOS DE PORTUGAL – Especificações Técnicas para Integração de Sistemas”, no âmbito da ENTI, que surge com o enquadramento dado pelo documento com o título “Arquitetura de Referência para Plataformas de Gestão Urbana”, publicado em dezembro do ano transato (https://www.ama.gov.pt/web/agencia-para-a-modernizacao-administrativa/documentacao).

    João Calado

    (Professor Coordenador Principal do ISEL)

    Publicado no Semanário NoticiasLx:

    Últimos Artigos

    NoticiasLx de 6 de Julho de 2024 – Semanário

    NoticiasLx de 6 de Julho de 2024 - Loures, Lisboa, Odivelas, Sintra, Almada -...

    Histórias d’África – Maior navio hospital de volta a Tenerife. Combate a falta de cirurgias na África Subsaariana

    Global Mercy - o maior navio hospital civil do mundo – tem a configuração...

    Farmácia da Apelação – Inauguração 2024

    Farmácia da Apelação no concelho de Loures, equipamento que, em 2018, havia encerrado contra...

    Fraude ao IVA com produtos alimentares – 30 milhões de euros

    Fraude ao IVA- No âmbito de uma investigação dirigida pela Procuradoria Europeia (EPPO)...

    Relacionados