Sejamos intelectualmente honestos. Ganha quem melhor joga. A administração de Donald Trump apresentou melhores argumentos – admiravelmente justos – na defesa e ofensivamente. Se na política social e económica há devedores, não é nenhuma inverdade dizer que a Europa deve muito mais à América que os Norte-americanos aos europeus. Os registos em inúmeras áreas da vida socio-económica podem consultar-se facilmente: encontram-se à distância de dúzia e meia de segundos, armazenados no ciberespaço.
O acordo entre os EE.UU. e a Europa sobre tarifas aduaneiras não é nenhum insucesso e menos humilhação para a Europa. É uma lição a governanças presunçosas durante décadas; lideranças proeminentes persuadidas de representarem um continente com séculos de história e quase exemplar – imagine-se tremendo sofisma -, embora tenha sido palco das guerras mais cruéis de sempre, a última das quais que terminou oficialmente, em 12 de novembro de 2001 e fez mais de 140.000 mortos entre os quais aproximadamente 30.000 crianças e adolescentes. Como se esperava já há líderes europeus que qualificam o acordo de Von der Leyen de “delirante”, “vergonhoso” e “uma capitulação”. François Bayrou, primeiro-Ministro francês escreveu na sua conta do ‘X’, que o acordo assinala “um dia sombrio porque uma aliança de povos livres, reunidos para afirmar os seus valores comuns e defender os seus interesses comuns, se resigna à submissão‘.
O pós-II Grande Guerra alimentou a ideia quase peregrina de que recai sobre as administrações dos Estados Unidos o dever de pagarem a defesa europeia, e resgatarem os países mais aflitos com os conflitos regionais. A maioria dos europeus e quase todos os novos imigrados de origem muçulmana avocam um anti-americanismo quase fundamentalista e, agora, nem percepcionam que Donald Trump venceu eleições livres e por maioria confortável. É verdade que é nacionalista e unilateralista, defensor dos interesses americanos… E que mal há nisso? Os Norte-americanos votaram na estratégia de recriar um país menos dependente do exterior, mais independente sob todos os pontos de vista.

Impor 15% de tarifas aduaneiras à maioria dos produtos europeus, incluindo automóveis e fármacos, em troca de nada é fazer justiça: Acabaram 3 décadas em que os europeus se davam ao direito de cobrar taxas aduaneiras aos produtos ‘Made in USA’ de 5,7% em média e em alguns casos até aos 25% sem grande resposta das sucessivas administrações estadunidenses. Os Norte-americanos aplicam uma tarifa aduaneira de 2% sobre produtos vendidos por europeus, desde há mais de 25 anos. As futuras tarifas aduaneiras reflectem sobre 70% dos produtos europeus exportados para os Estados Unidos. Há líderes europeus que qualificam o acorde de “uma capitulação”. Para Espanha as taxas deverão significar 2 mil milhões de dólares anuais
Impor 15% de tarifas aduaneiras à maioria dos produtos europeus, incluindo automóveis e fármacos, em troca de nada (da parte dos Estados Membros da União Europeia, entenda-se) é fazer justiça: Acabaram 3 décadas em que os europeus – sempre sobranceiros em nome da sua história e cultura – se davam ao direito de cobrar taxas aduaneiras aos produtos ‘Made in USA’ sem grande resposta das sucessivas administrações estadunidenses. Os Norte-americanos aplicam uma tarifa aduaneira de 2% sobre produtos vendidos por europeus, desde há mais de 25 anos, enquanto os europeus aplicam uma taxa média de 5,7%, mas que, em alguns casos podem que chegar aos 25%.
Não há razão de queixa: As administrações americanas nunca mostraram maior preocupação com a desigualdade entre a reciprocidade das taxas aduaneiras entre europeus e a América. Talvez por não necessitarem de receitas suplementares aos seus Orçamentos de Estado.

De qualquer modo, este era um tema que se devia acautelar após a a eleição de Donald Trump: primeiro, por se tratar de um estadista nacionalista, unilateralista; segundo, por ser uma das promessas eleitorais que já vinha detrás, do seu primeiro mandato; terceiro, por se impor aos Estados Unidos baixar a divida pública e, acima de tudo, equilibrar balanças comerciais, procurando diminuir a saída de divisa com importações, muitas perfeitamente desnecessárias. Até os mais imprevidentes sabem que a estratégia de Donald Trump é manter e fazer crescer a industrialização do país, recuperando sectores em baixa, para diminuir a dependência externa. É uma linha mestra do seu programa eleitoral que acolhe a simpatia de milhões de Norte-americanos que acreditam no trabalho e no ‘sonho americano’.
Norte-americanos foram quem mais contribuiu globalmente com as finanças da OMS, representando 9,37%, ou seja, 1,6 mil milhões de dólares da soma final até 2023, uma fatia importante do total da financiação americana para a ONU. Os primeiros países europeus aparecem na quarta e quinta posições: são a Suíça (que nem sequer é Estado membro da UE) e a Bélgica, ambos atrás da India e dos Emiratos Árabes
Neste capítulo de quem paga mais ou menos podemos centrar-nos nas contribuições dos EE.UU. para outras duas organizações: na OTAN (NATO) e na OMS (Organização Mundial de Saúde). Neste último caso é escandalosa a diferença das contribuições entre os EE.UU. e os Estados membros da EU: Os Norte-americanos foram quem mais contribuiu globalmente com as finanças da OMS, representando 9,37%, ou seja, 1,6 mil milhões de dólares da soma final até 2023, uma fatia importante do total da financiação americana para a ONU. Os primeiros países europeus aparecem na quarta e quinta posições são a Suíça (que nem sequer é Estado membro da UE) e a Bélgica, ambos atrás da India e dos Emiratos Árabes.
E aqui cabe um parêntesis: A administração Trump reduziu para este ano a sua contribuição para a OMS África ficando na sexta posição (com 72 milhões de dólares) atrás do Reino Unido (139 milhões), Alemanha (124 milhões), Gavi – Aliança para as vacinas (117 milhões), Fundação Bill e Melinda Gates (105 milhões) e Comissão Europeia (88 milhões de dólares). Dos restantes cooperantes temos de considerar – imagine-se – dois fundos da própria OMS, Fundo de Contingência da OMS para Emergências, com 27 milhões, e o Fundo de Solidariedade da OMS para a COVID-19, com 10 milhões de dólares. E para nos situarmos bem com a realidade, a China apenas doa para a OMS África 26 milhões de dólares, embora seja o país que controla a organização do ponto de vista directivo.
A questão de fundo é que os europeus se habituaram a que os americanos pagassem todas as suas maiores facturas globais pós-II Grande Guerra e que fossem os socorristas de todos os problemas do Ocidente Europeu. Por exemplo, é aos Estados Unidos que a Europa deve o final da ‘Guerra da Jugoslávia’ – que foram uma espécie de 2 em 1 – que matou mais de 140.000 cidadãos, entre 31 de março de 1991 e 12 de novembro de 2001. A designada ‘Guerra da Bósnia e Herzegovina’ foi a mais trágica e fica marcada pelo massacre de Srebrenica, em particular, um dos episódios mais cruéis do conflito: perderam a vida entre 97 207 e 102 622 pessoas, pelo menos os registos mostram 64 036 bósnios, 24 905 sérvios e 7 788 croatas… E destes cerca de 20% eram crianças e adolescentes. O mesmo conflito incluiu um outro: Guerra da Croácia que vitimou mais 22.000 mortos, segundo os registos 15 mil eram croatas e 7 mil sérvios. Bill Clinton – presidente Democrata em exercício entre janeiro de 1993 e janeiro de 2001 – e George W. Bush – presidente republicano que iniciou funções em 20 de janeiro de 2001 – foram decisivos na resolução do conflito e no resgate financeiro da região. Recordo que foram John Major e Tony Blair os únicos líderes europeus que se associaram aos presidentes estadunidenses para encontrar uma solução emergente.
As contribuições para a Organização Mundial da Saúde (OMS) são divididas em duas classes fundamentais: cotizações fixas e contribuições voluntárias. As quotas são calculadas na base do produto interno bruto de cada país e são aprovadas pela ‘Assembleia Mundial da Saúde’. Já as doações voluntárias vêm tanto de Estados-membros quanto de outras fontes, como organizações internacionais, fundações e o sector privado. A Organização é dirigida pelo etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus desde 1 de julho de 2017.
Consciência americana: As emissões de CO2 importadas devem ser iguais ou quase duplicar as emissões nacionais. Negligenciar essas chamadas emissões “cinzentas” resulta numa visão distorcida da chamada ‘pegada de carbono’
A batalha contra as importações desnecessárias está também directamente relacionada com as emissões prejudiciais do ponto de vista ambiental. A administração de Donald Trump é consciente que o país também é indiretamente responsável por emissões que ocorrem em outros países. Essas são as emissões associadas à produção e ao transporte de produtos importados e consumidos nos EE.UU., como produtos electrónicos chineses, automóveis europeus e Sul-coreanos ou abacates que importam do México e do Brasil. As emissões de CO2 importadas devem ser iguais ou quase duplicar as emissões nacionais. Negligenciar essas chamadas emissões “cinzentas” resulta numa visão distorcida da chamada ‘pegada de carbono’.
Nos EE.UU. já se absorve a atmosfera: conseguem engolir literalmente 2 mil milhões de toneladas. Trata-se do chamado plano para o CO2 da atmosfera.
Entre este projecto encontramos algumas pequenas empresas, chamadas start-ups. Uma delas – a Applied Carbon – criou um robot agrícola que converte resíduos vegetais em bio-carvão para capturar CO2 com segurança por décadas. É uma tecnologia única capaz de transformar a biomassa residual em biochar, ou seja bio-carvão, um material rico em carbono obtido através da pirólise de biomassa (vegetal ou animal). Sabe-se que é fácil libertar carbono na atmosfera. Mas a sua eliminação é muito mais custosa.
Applied Carbon baseou-se numa prática milenária que converte a biomassa residual em em bio-carvão, capaz de armazenar carbono por longo prazo.
Não devemos ignorar que um dos problemas que a humanidade enfrenta é o suposta excessiva produção de dióxido de carbono, um gás incolor, inodoro e composto de oxigênio e carbono que ‘habita’ na atmosfera em uma proporção média de 380 partes por milhão. Obviamente que, só por si, o dióxido de carbono não é tóxico.
Mas importa ter cuidado com sua presença em ambientes fechados: As altas concentrações deste gás em espaços fechados podem resultar na deslocação do oxigénio do ar.
EE.UU. excluem Suíça da lista de aliados para acesso ilimitado aos microprocessadores necessários para a inteligência artificial
Os Norte-americanos mudaram as regras para a exportação de produtos relacionados com equipamentos electrónicos e o desenvolvimento dos programas para inteligência artificial. Apenas os países considerados aliados têm permissão para aceder à importação de micro-processadores e processadores para computação, exclusivamente fabricados por empresas norte-americanas. E a Suíça não é um deles.
São dezoito os países considerados aliados: França, Alemanha e Japão encontram-se entre os mais confiáveis.
Cabe uma pequena reflexão dedicada aos europeus: O Mundo está cheio de experts, mas na maioria vultos meio ignorantes que jamais se debruçaram sobre HISTÓRIA UNIVERSAL, nem tentam ser cautelosos. O rebanho do Ocidente europeu engorda quase todos os dias. De acordo com o que políticos sem escrúpulos dizem e tentam convencer-nos depois de legislarem sobre os ‘APAGÕES DA HISTÓRIA’, para não recordarmos o que fomos no passado; do muito bom, bom, medíocre e muito mau que fizemos do ponto de vista global.
– por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico).

