Produção local de hidrogénio em Leiria é exemplo para descarbonização da indústria, defende ZERO

A associação ambientalista volta a criticar a opção de injetar hidrogénio verde na Rede Nacional de Transporte de Gás Natural (RNTG), considerando-a uma solução ineficaz e um desperdício de recursos públicos

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A associação ambientalista ZERO destacou o projeto Nazaré Green Hydrogen Valley (NGHV) como um modelo de eficiência e sustentabilidade para a descarbonização das indústrias do vidro e do cimento, setores tradicionalmente difíceis de eletrificar. Em declarações no âmbito da consulta pública, que terminou a 13 de março, a ZERO considera que esta iniciativa representa um passo decisivo para a redução das emissões de gases com efeito de estufa na região de Leiria e Marinha Grande.

O NGHV propõe a produção de hidrogénio verde através de eletrólise da água, utilizando exclusivamente energia proveniente de fontes renováveis. O hidrogénio será direcionado para as indústrias vidreira e cimenteira da região, substituindo combustíveis fósseis em processos que requerem altas temperaturas. Como subproduto, o oxigénio gerado no processo também será aproveitado para melhorar a eficiência da combustão industrial.

Para a ZERO, a produção e utilização locais de hidrogénio e oxigénio verdes demonstram uma solução concreta e eficaz para a transição energética de setores que, pela sua natureza, são mais difíceis de eletrificar. Além disso, esta abordagem alivia a pressão sobre as redes elétricas e minimiza o impacto sobre os recursos naturais e os ecossistemas.

Crítica à injeção de hidrogénio na rede de gás natural

A associação ambientalista volta a criticar a opção de injetar hidrogénio verde na Rede Nacional de Transporte de Gás Natural (RNTG), considerando-a uma solução ineficaz e um desperdício de recursos públicos. Segundo a ZERO, esta prática não só perpetua a utilização do gás natural fóssil — que continua a representar cerca de 80% da mistura — como resulta em perdas de eficiência energética e desvia o hidrogénio de setores industriais que dele necessitam urgentemente para a sua descarbonização.

“A prioridade deve ser a indústria nacional, e não a exportação ou o reforço de infraestruturas fósseis”, defende a ZERO, que espera que a futura revisão da Estratégia Nacional para o Hidrogénio corrija estas falhas e privilegie projetos de proximidade com as áreas industriais.

Projeto pode impulsionar o desenvolvimento regional

A associação destaca ainda o potencial do NGHV para dinamizar a economia local, criando empregos qualificados e estimulando novos investimentos. A ZERO sugere que a criação de um “condomínio industrial” nas imediações da unidade de eletrólise poderia atrair mais empresas e reforçar o papel da região na transição energética.

Neste contexto, a ZERO voltou a apelar à rápida implementação da Estratégia Industrial Verde, que acumula já mais de um ano de atraso face ao previsto pela Lei de Bases do Clima. Esta estratégia é, segundo a associação, essencial para garantir uma transição justa, que ofereça segurança aos trabalhadores e uma visão de futuro para os setores afetados.

Ajustes necessários para minimizar impactos

Apesar do balanço positivo, a ZERO aponta aspetos do projeto que podem ser melhorados. A organização exige que a energia renovável usada no processo cumpra integralmente a Diretiva Europeia de Energia Renovável (RED III) e alerta para a necessidade de proteger as zonas da Reserva Ecológica Nacional (REN) afetadas.

Entre as medidas a adotar, a ZERO defende a implementação de um plano rigoroso de recuperação paisagística e de monitorização dos ecossistemas locais. A associação sublinha ainda que a utilização de águas subterrâneas para a produção de hidrogénio, prevista de forma pontual, deve ser limitada e devidamente regulamentada.

Com um forte impacto potencial na descarbonização da indústria nacional, a ZERO considera o Nazaré Green Hydrogen Valley um exemplo do caminho que Portugal deve seguir para alcançar as metas climáticas e garantir um futuro mais sustentável.

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