Uma das peças únicas de Zagato

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Peça única. Cliente reside na Alemanha e é, seguramente o colecionista Martin Kapp que sonha em materializar um desejo único: a junção de exemplares menos comuns das Scuderie Ferrari e Zagato, Alfa Romeo Corse e Autodelta. Zagato e Alfa Romeo mantém a plano de não construir mais nenhum exemplar. Poderemos sentar-nos a imaginar quanto poderá ter custado este coupé e quanto revalorizará nos próximos anos. Também se desconhece se o comprador assinou algum contrato com clausula que obriga a manter o SWB durante um determinado número de anos. Mais do que a garantia da exclusividade absoluta, o proprietário tem um automóvel ‘one-off’ carroçado num centro de design – Carrozzeria Zagato – dos mais notáveis pela criatividade, capacidade de juntar modernismo e experimentalismo com classicismo, diria mesmo encerrar a nostalgia quanto baste para fazer despertar os sentidos.

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Carrozzeria Zagato concebeu uma frente longa, relativamente mergulhante e um habitáculo chegado atrás. É um Alfa Romeo coupé, de dois lugares modernista, mas nostálgico a remeter-nos para os maiores coupés com motor colocado à frente, atrás do eixo que se construíram nas décadas de 60, 70 e 80… Quem não se recorda do Jaguar E-Type, também conhecido por XK-E coupé, embora não tenha a traseira cortada – (Fotografias de Carrozzeria Zagato e Jaguar)

Mas esta empresa construiu outra peça única este século, também debaixo do escudo Alfa Romeo: Em 2009, mostrou o TZ3 Corsa porque Zagato assumiu o encargo do colecionista da marca, o alemão Martin Kapp que pretendia um Alfa Romeo destinado, essencialmente, a circular em pistas. É um ‘one-off’, ou seja, peça única e muito exclusivo: chassis tubular, carroçaria em carbono que inclui painéis em alumínio ligeiro construídos totalmente á mão. A mecânica é de base Ferrari: motor V8, de 4,2 litros com una potência de 420 CV a 7.000 RPM e um binário de 470 Nm a 4.750 RPM, colocado em posição dianteira central, com tracção traseira e uma caixa de velocidades automática sequencial, electromecânica, de 6 velocidades. O modelo viria a ganhar o prémio de Desenho Villa d’Este em 2010.

O atelier Zagato – cuja política não é criar automóveis de um só exemplar – notabiliza-se para além do número de projectos automóveis que idealizou: também na mobilidade urbana como a ferrovia e pequenos utilitários electrificados, e ainda no mundo das máquinas agrícolas, onde exibe exclusividade e praticabilidade. Em 2019 comemorou o centenário e voltou a fazê-lo em 2023 para assinalar 100 anos de colaboração com a sua vizinha italiana Alfa Romeo. Rebuscou a ideia genial conhecida como “Codatronca”, versão do seu modelo Alfa Romeo ‘SZ’, do início da década de 60 e da autoria de Ercole Spada, então um jovem de 22 anos contratado por Elio Zagato, um dos filhos do fundador Ugo Zagato.

Criou-se a ideia ‘Coda tronca’, cauda cortada, ou seja, traseira em vertical, uma forma simples de melhorar a aerodinâmica dos automóveis coupé. Ercole Spada criou ainda uma espécie de ‘ondulação’ no vértice da tampa da mala que se tornou numa solução estética particular dos desenhos Zagato e mais recentemente surge como solução no modelo DBX707 do construtor Aston Martin.

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O Giulia SWB acaba por entrar na história dos veículos de série da Alfa Romeo: inspirou o desenho dos grupos ópticos do recente modelo ‘Tonale’, um SUV de gama média e do facelift (redesenho) das frentes das versões Giulia e Stelvio que iniciaram a comercialização ainda em 2023 e em 2024 – (Fotografias de Alfa Romeo e Carrozzeria Zagato)

O carroçador pegou nestas ideias de sempre e conjugou-as com as recentes versões dos modelos Giulia: GTA e GTAm. Criou o Giulia SWB (Short Wheel Base, ou seja, distância entre eixos mais curta) Zagato: utilizou a plataforma do Giulia, mais curta em 12 centímetros; concebeu uma frente longa, relativamente mergulhante com uma entrada de ar na ponta do capot – muito inspirada nos antigos superdesportivos estadunidenses – e um habitáculo chegado atrás; à traseira cortada na vertical. Trata-se de um Alfa Romeo coupé, de dois lugares modernista, com o corpo fabricado em carbono quase na totalidade, mas nostálgico a remeter-nos para os maiores coupés com motor colocado à frente, atrás do eixo que se construíram nas décadas de 60, 70 e 80… Quem não se recorda do Jaguar E-Type, também conhecido por XK-E coupé, embora não tenha a traseira cortada.

Inequivocamente recorda-nos o modelo Zagato ‘SZ’ de 1989, com uma frente mais larga e vanguardista, mas igualmente com ópticas de três faróis em cada lado, naturalmente em LED, enquanto na traseira encontramos uma linha que acompanha o formato onda, também em LED.  Depois, vem o melhor que se pode desejar integrado na frente: o motor V6 de 2,9 litros (2.891 cm3), bi-turbo, com 540 cavalos, o mesmo que equipa o Giulia GTA e GTAm, também de produção limitada e que tem mais 30 cavalos de potência que o seu ‘irmão mais velho’ Quadrifoglio.

Tanto a Carrozzeria Zagato como o construtor Alfa Romeo nunca tornaram publico as prestações deste coupé. Contudo não será difícil de adivinhar: serão certamente semelhantes aos dos primos GTA e GTAm e melhores que as conseguidas pelo Quadrifoglio: significa velocidade máxima acima dos 320 ou 330 Km/h e para atingir os 100 Km/h deverão ser precisos entre os 2,8 e 3,3 segundos…. Embora esta peça única esteja equipada com uma caixa de velocidades manual de 6 marchas, em vez da caixa de velocidades sequencial automática electromecânica que equipa as versões Quadrifoglio, GTA e GTAm.

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O SWB tem 4,40 metros de comprido, dois metros de largura; carroçaria em fibra de carbono assente no chassis do Giulia GTA e GTAm adaptado. O interior é o mesmo das versões do Giulia, onde apenas se introduziram detalhes pintados com a cor verde exterior. Já o motor é o conhecido V6 de 2,9 litros, biturbo, que debita 540 cavalos – (Fotografia de Carrozzeria Zagato e José Maria Pignatelli)

Se é verdade que foram e são muito poucos os que terão a oportunidade de se sentarem ao volante do SWB, não será menos verdade que é fácil imaginar as potencialidades deste coupé para quem teve o privilégio de conduzir um Giulia Quadrifoglio de 510 cavalos.

Mas vejamos algumas curiosidades: O difusor traseiro é ornamentado com duas saídas de escape centrais em titânio e o desenho possibilita empurrar o SWB contra o solo com cerca de 60 quilos de carga aerodinâmica. Na frente deparamo-nos com grelha de grandes dimensões para permitir tal como nas versões GTA e GTAm maior fluxo de ar para refrigeração do motor, aproximadamente 10% relativamente à versão Quadrifoglio. Também encontramos um splitter por debaixo do para-choques que avança entre os 3 e 4 centímetros e baixa para melhorar também a carga aerodinâmica, ou seja, ‘colar’ o SWB ao solo.

A lista de singularidades estende-se aos discos dos travões ventilados carbo-cerâmicos que valem mais de 9.500 euros, e pneumáticos Michelin Pilot Cup 2, com duas composições de borracha distintas, para podermos ajustar a condução à pista ou aos asfaltos públicos, colocados numas jantes de 20″.

Os 100 anos neste Mundo da automação permitiram ao carroçador e estilista colaborar com diferentes marcas, criando veículos desportivos para a Alfa Romeo, Ferrari, Maserati, Lancia, Fiat, Lamborghini, Aston Martin, BMW, Bristol e Volvo. Para a vizinha Alfa Romeo, Zagato idealizou o modelo 6C, de 1929, o 8C, de 1932, o 1900 C SS de 1955.

Em 1989, Carrozzeria Zagato apresentou o “SZ” e dois anos depois o ‘RZ’, a versão descapotável do ‘SZ’.

O novo Alfa Romeo Giulia SWB Zagato tem como base uma versão mais curta da plataforma do Giulia, a que foram retirados 12 cm na distância entre eixos. Sobre ela foi desenhado um coupé com a frente longa, pois é aí que está alojado o motor V6 de 2,9 litros, biturbo, que debita 540 cavalos, com uma grelha que parece uma versão mais aberta e moderna da que equipou o Alfa Romeo SZ de 1989, com as ópticas de três faróis de cada lado e um tejadilho de bolha dupla. O coupé é um misto de elegante e agressivo, com um habitáculo chegado atrás e uma traseira que, também ela, adopta uma solução estética típica da Zagato.

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A ideia ‘Coda tronca’, ou seja, traseira em vertical, é uma forma simples de melhorar a aerodinâmica dos automóveis coupé da autoria de Ercole Spada. Também criou ainda uma espécie de ‘ondulação’ no vértice da tampa da mala que se tornou numa solução estética particular dos desenhos Zagato e para além desta peça única Giulia SWB, também surge como solução no modelo DBX707 do construtor Aston Martin – (Fotografias de Carrozzeria Zagato e Aston Martin)

Mas este modelo acaba por entrar na história dos veículos de série da Alfa Romeo: inspirou o desenho dos grupos ópticos do recente modelo ‘Tonale’, um SUV de gama média e do facelift (redesenho) das frentes das versões Giulia e Stelvio que iniciaram a comercialização ainda em 2023 e em 2024.

O SWB tem 4,40 metros de comprido, dois metros de largura; carroçaria em fibra de carbono assente no chassis do Giulia GTA e GTAm adaptado. O interior é o mesmo das versões do Giulia, onde apenas se introduziram detalhes pintados com a cor verde exterior.

– Texto por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico) ▪ fotografias de Carrozzeria Zagato

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