Meio quadrado, com um perfil em cunha, embora suave, tejadilho próprio de um coupé, mas meio nostálgico porque é arredondado, o Alfa Romeo Sprint Zagato acabou por afirmar-se pelas ópticas frontais, formados por dois conjuntos de três faróis e também pelo conjunto traseiro, enquadrado numa faixa a toda a largura do veículo, transportado do modelo Alfa Romeo 164, lançado dois anos antes, em 1987. E posteriormente design adaptado aos modelos GTV e Spider de 1995, e 145 e 146, ambos lançados em 1994. Aliás, o atelier Carrozzeria Zagato acabaria por criar o modelo Giulia SWB, em 2022, com conceito em todo semelhante à frente do SZ e RZ de 1989: Precisamente a que inspirou o frontal do recente modelo Tonale – um SUV de gama média – e o redesenho das actuais frentes dos modelos Giulia e Stelvio.
O coupé SZ e o convertível RZ foram os Alfa Romeo da carroçadora Zagato mais acessíveis de sempre a uma classe média relativa abastada mais aficcionada à coisa do automóvel. E em 35 anos, as duas versões deste modelo valorizaram entre 20 e 30%, em termos líquidos se considerarmos a evolução e a transferência para euros. Encontramos 12 exemplares à venda e com preços entre os 69.900 e 129.000 euros qualquer coisa como entre os 13 980 000 escudos (tal como pesetas) e 25 800 000 escudos ou pesetas.
Para os apaixonados pela coisa do automóvel o SZ – e a sua versão convertível RZ – é mais um daqueles poucos modelos com design geométrico e um superdesportivo de médias dimensões de sonho – 4.060 mm de comprimento; 1.730 mm de largura e uma altura de 1.310 mm –, profundamente colecionável, que nem precisou de ter um interior muito organizado e chamativo… Bastou ser espartano ‘qb’ como a maioria dos melhores Alfa Romeo. Naturalmente sem muitos plásticos, forrado a pele e com acessórios metálicos, particularmente alumínio, um volante Momo de três raios forrado a pele, rádio com boas colunas, ar condicionado automático, vidros eléctricos, uma boa alcatifa e pouco mais, porque não era nem é preciso mais nada para nos apaixonarmos pelo SZ à primeira vista.
Se o conduzirmos poderemos aspirar a sensações distintas, mas muito tiradas de um veículo de competição:
- Basta fixarmo-nos na distância entre eixos de 2.510 mm numa carroçaria de 4 metros; Na geometria das suspensões, tiradas do Alfa Romeo 75, do então Grupo A, e modificada por Giorgio Pianta, engenheiro e chefe das equipas de rally da Fiat e da Lancia, e também um sistema de amortecedores hidráulicos desenvolvido especificamente pela Koni;
- Na genialidade do motor V6 ‘Busso’ atmosférico – código AR 61501 -, com 210 cavalos de potência e um binário de 245 Nm obtidos às 4.500 rpm.
- E tudo sob uma carroçaria de ‘plástico’, quero dizer painéis construídos com compósito termoplástico moldado por injecção produzidos pela corporação italiana Carplast e pela francesa Stratime.
O Alfa Romeo SZ – Sprint Zagato – ou também conhecido como ES-30 – Experimental Sportscar 3.0 litre – é um veículo desportivo de alto desempenho de produção limitada realizado pelo estúdio de Carrozzeria Zagato entre 1989 e 1991. Foi o resultado de uma parceria entre o Centro Stile Zagato, o Centro Stile Alfa Romeo e o Centro Stile Fiat. Inicialmente foi designado como ES-30, e revelado no Salão de Genebra de 1989, precisamente sob essa denominação, enquanto um protótipo com assinatura Zagato. Foi posto à venda como Alfa Romeo, embora o carro tenha sido principalmente construído pela Zagato, com excepção das componentes mecânicas. Robert Opron, do estúdio de design da Fiat, foi responsável pelos esboços iniciais enquanto Antonio Castellana foi o maior responsável pelo que se subentende como detalhes de estilo finais e pelo interior. Apenas o logo “Z” da Zagato foi mantido no carro.
A produção foi feita pela Zagato em Rho, perto da fábrica da Alfa Romeo de Arese. Este desportivo de dois lugares, projectado com tejadilho rígido acabou por ter uma versão descapotável, o RZ (de Roadster Zagato), produzido entre 1992 a 1994. Actualmente podemos encontrar à venda 10 exemplares da versão SZ , com preços que oscilam entre os 69.900 e 129.000 euros e dois RZ com preços entre os 99.500 e 125.000 euros. Este último é anunciado como novo pela Silvauto S.p.a. em Itália, com apenas 18 km e de cor amarela.
Mas centremo-nos nas características:
- Motor: 3.0 V6 (2959 cc), 210 cv @ 6200 rpm, 245 Nm @ 4500 rpm
- Da versão SZ – o coupé – foram construídas 1036 unidades mais 36 que o prognosticado. Já a versão convertível – designada por RZ – apenas se produziram 284 dos 350 exemplares previstos.
- Apenas um esquema de cores oficial estava disponível para versão SZ: Vermelho com tecto cinzento escuro, com interior de cabedal cor de bronze era a única opção disponível. Mas nestas coisas dos automóveis exclusivos há sempre uma excepção: foi realizado uma unidade em preto para o ‘patrão’ Andrea Zagato.
- Já o descapotável RZ podia ser adquirido em três variantes: vermelho com interior em cabedal preto, amarelo e pele negra e preto com interior em pele encarnada. No entanto, fabricaram-se 3 exemplares prateados e um outro pintado em branco pérola.
- O SZ foi originalmente equipado com pneus Pirelli P Zero – dianteiros 205/55 ZR 16; traseiros 225/50 ZR 16 – e é capaz de suster 1.1 Gs nas curvas, embora alguns condutores tenha registado 1.4 Gs, que continua a ser um desempenho notável para um veículo destas características.
Versão “Sprint Zagato Trofeo” só uma à venda
Mas Carrozzeria Zagato criou uma versão ‘Troféu’ do SZ – “Sprint Zagato Trofeo – de que apenas se produziram 13 unidades. Aliás, um destes exemplares encontra-se à venda na alemã Messina Classics (https://www.messinaclassics.de), sem preço anunciado. Os SZT foram construídos para corridas monomarca. Caracterizam-se por uma pintura exclusiva, por manter o painel dos instrumentos do modelo padrão, mas incluem rol-bar e uma espécie de “caixa anti-choque”.
Já o descapotável RZ podia ser adquirido em três variantes: vermelho com interior em cabedal preto, amarelo e pele negra e preto com interior em pele encarnada. No entanto, fabricaram-se 3 exemplares prateados e um outro pintado em branco pérola – Fotos de L’Essence de L’Automobile
A vendedora anuncia o SZT como único exemplar disponível e com algumas especificações como: “Factory-original works”, ou seja, apto enquanto carro de corrida; exemplar construído para a corrida VIP do Grande Prémio de Fórmula 1 do Mônaco de 1993; que apenas teve dois proprietários, o primeiro foi o construtor Alfa Romeo SpA e o segundo Andrea de Adamich, antigo piloto de Fórmula 1, actualmente com 83 anos; que se encontra original e com Certificado Zagato. Este exemplar foi testado por outros três pilotos veteranos bem conhecidos: Walter Röhrl, Karl Wendlinger e Joachim Winkelhock. A Messina Classics informa ainda que este SZT inclui rodas e peças sobressalentes, capa de carro original, saco de roda original e documentação Road & Race. O preço só poderá ser conhecido por quem faça prova de interesse efectiva.
Outra das particularidades deste modelo de série é o sistema de altura variável da suspensão instalado, embora no início da década de 90’ as ruas e avenidas das cidades ainda não estivessem repletas de bandas sonoras ou passagens de peões elevadas no asfalto. Para activar o dispositivo basta pressionar o botão com o ícone do amortecedor vermelho e em 8 segundos o Alfa Romeo SZ sobe alguns centímetros para poder sair das rampas das garagens e ultrapassar os mais recentes obstáculos que encontramos nos pavimentos. Em simultâneo acende-se uma luz vermelha de maiores dimensões – colocada entre o velocímetro e o conta-rotações – para avisar que devemos circular moderadamente.
Da singularidade do design ao motor extraordinário de Giuseppe Busso
O motor eleito foi um V6, desenhado com disposição de 60 graus e de 2.959 C.C., da autoria de Giuseppe Busso, tornando-se famoso como “Alfa Romeo V6 Busso“. Foi produzido durante 26 anos, entre 1979 e 2005.
Tratou-se de um propulsor concebido em 1970 que originalmente era um motor SOHC de 12 válvulas, para trabalhar com válvulas de descarga em um design semelhante aos anteriores motores da BMW e da Bristol. Este propulsor foi introduzido com 2.492 cm3, o 2,5 litro. Em 1993, fabricou-se a primeira versão deste motor DOHC que equipou o Alfa Romeo 164. A bancada encontra-se numa disposição de 60°, que foi produzido entre 1979 e 2005. Durante No início fez parte do projecto Alfa Romeo Alfetta, estreou-se no modelo Alfa 6 de 1979, para ser montado a partir do ano seguinte também no Alfetta GT/GTV 2.5 da segunda série.
Motor ‘Busso’ foi introduzido inicialmente com 2492 cm3 (2,5 litros), a produção era a longo prazo de 1997 a 3179 cm3 (2,0 a 3,2 litros). Com as modificações foi possível aumentar a cilindrada para 3.8 L. Desenvolvido em 1970 por Giuseppe Busso, o original era um motor SOHC de 12 válvulas, um conceito para funcionar com válvulas de descarga num design semelhante aos anteriores motores que se conheceram na BMW e na extinta Bristol Cars. A primeira versão deste motor DOHC foi integrada em 1993 no modelo Alfa Romeo 164.
Posteriormente, e por causa de uma peculiar legislação italiana, a cilindrada foi reduzida para 1997 cm3 (2,0 litros) no Alfa Romeo 90. O motor com 2.959 cm3 – designado como 3.0 – acabou por ser integrado primeiramente no Alfa Romeo 75, bem como nos modelos Zagato SZ e RZ.
Depois da aquisição da Alfa Romeo pelo Grupo Fiat, o motor “Busso” é adaptado para ser montado transversalmente – recordar que os modelos do grupo passaram todos a ter tracção às rodas dianteiras, salvo as excepções dos tracção às quatro rodas – nas gamas de produtos da Alfa Romeo, Fiat e Lancia, então já com 4 válvulas por cilindro.
O motor V6 de 3,0 litros – cuja produção terminou em 2005 na fábrica de Arese – foi substituído no modelo 159 e Brera por outro novo V6 com 3.195 cm3 (3,2 litros) de origem na estadunidense General Motors com as cabeças e sistema de alimentação redesenhadas pela Alfa Romeo.
Zagato: 105 anos de boas ideias
Carrozzeria Zagato. talvez a marca de design de carro mais ousada na história da indústria automotiva, talvez a mais aventureira. Ugo Zagato abriu sua própria empresa de carroceria em Milão em 1919 e especializou-se na construção de automóveis com metal leve, usando muitas das técnicas que haviam aprendido durante o trabalho na indústria aeronáutica.
Hoje, é liderada por Andrea Zagato, neto do fundador que fez ressurgir a empresa dividindo trabalho em duas áreas: Oficina propriamente dita dedicada aos modelos automóveis próprios e por medida de que saem entre 7 e 9 exemplares de cada; e o Estúdio onde se desenvolvem projectos de automação em diferentes perspectivas da mobilidade como os veículos para cidade, tractores e comboios. A Zagato começou na área dos transportes públicos em 1994 com o desenho frontal e dinâmica para a locomotora E142 da ABB destinado à linha ferroviária Verona – Munique. Também foi responsável pelo desenvolvimento do comboio de alta velocidade Bombardier Zefiro 250 destinado à chinesa CHR. Já nos veículos agrícolas destaca-se por modelos para a New Holland – a gigante produtora das máquinas agrícolas que nasceu em 1895 na Pensilvânia e faz parte do universo da Stellantis por fusão dos Tractores Ford e Fiatagri – particularmente uma das colheitadeiras mais sofisticadas do Mundo e que recebeu o título de ‘Máquina do Ano de 2008’.
– Texto por José Maria Pignatelli (Texto não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico) ▪ fotografias de José Maria Pignatelli, de Carrozzeria Zagato, da vendedora Messina Classics ecompilações de webs de vendas